Veja Campinas – Comer & Beber

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Acabou de acontecer a cerimônia de lançamento da revista Veja Campinas – Comer & Beber — antes chamada de “O Melhor da Cidade”, a exemplo das edições de São Paulo e Rio de Janeiro, que também tiveram seus nomes alterados. Representando o BREJAS, este escriba esteve no evento realizado na Sociedade Hípica de Campinas.

Como de praxe, a revista premia o que considera os melhores estabelecimentos em cada uma das especialidades apresentadas: Restaurantes, bares e comidinhas.

Para este site, o interesse maior está na categoria “bares”, os quais são, por excelência, os palcos onde brilham nossas amadas brejas. E é sobre o resultado da subcategoria “melhor chope” na premiação desta noite que ouso tecer alguns comentários.

  • Ganhou o chope MAIS GELADO, e não o MELHOR

Pra início de conversa, sempre manifestei meu espanto pelo triste fato de, numa cidade com mais de milhão e duzentas mil almas, caberem apenas dois bares de cervejas (e chopes) especiais. São eles — e só eles — o Bar do Italiano e o Nosso Bar, os quais possuem, cada qual, várias opções artesanais e importadas em suas chopeiras. No Italiano, o pessoal se esbalda em vários estilos de chope artesanal Eisenbahn. No Nosso Bar, tem vez o chope alemão Hofbräu. Em ambas as casas os fãs da irlandesa Guinness encontram seu porto seguro. Variedade e indiscutível qualidade nos chopes é a tônica.

E qual dos dois bares o leitor acha que ganhou de Veja Campinas o título de melhor chope?

Nenhum. Segundo os jurados da revista, o melhor chope de Campinas está no Bar do Cação, uma choperia do bairro Taquaral. E qual a variedade de chopes do Bar do Cação? Nenhuma. O chope que jorra das suas torneiras é de uma só marca, aquela do jogador de futebol dado a aventuras sexuais pouco ortodoxas.

E qual seria a razão segundo a qual uma choperia monochope levaria o título de melhor chope? A temperatura do chope. Segundo a revista, a honraria foi conferida porque “cinquenta quilos de gelo são consumidos por dia para manter a temperatura ideal da chopeira”.

Não cabe aqui repisar pela enésima vez que cerveja ou chope “estupidamente gelados” são coisa de estúpidos, porque em temperaturas abaixo de 2 graus as papilas gustativas ficam amortecidas e não se sente o gosto de nada, e blá blá blá. O leitor de BREJAS já sabe de cor essa lição.

Todavia, infelizmente, a maioria dos jurados de Veja Campinas ainda não se interessou ao menos em se informar, minimamente que fosse, sobre cerveja. Estacionaram no vulgo popular. Consideram que boa, gostosa mesmo, é a mesma, preferentemente estalando de gelada. Um termômetro bem calibrado bastaria para julgar.

Uma pena, ainda mais levando-se em consideração o enorme alcance e prestígio da revista, que acaba se tornando um guia consultado o ano todo por milhares de consumidores. O resultado da premiação — e, pior, a sua discutível justificativa — acabam por transmitir a flagrante desinformação dos jurados a esses consumidores, que perpetuarão a ideia — errada — da melhor cerveja ser a mais gelada possível. E de que variedade e qualidade importam menos quando a tonelagem de gelo na chopeira parece ser suficiente.

Oportunidade perdida: Ganhou a cerveja ruim, que a propaganda manda servir “estupidamente gelada” para que se disfarcem seus defeitos. Perderam a cerveja de estirpe, os estabelecimentos que se propõem a oferecer aos consumidores mais opções de rótulos e a educação cervejeira sadia e responsável.

  • As premiações

A revista Veja Campinas – Comer & Beber sai apenas neste domingo, mas o leitor do BREJAS confere antes o resultado das demais subcategorias de “Bares”: Melhor boteco: Ponto 1; melhor cozinha: Facca Bar; melhor fim de noite: Astor; melhor happy hour: Zin´Bar; melhor música ao vivo: Casa São Jorge; melhor bar para ir a dois: Cafezal em Flor; melhor bar para paquerar: Casa São Jorge.

O Bar do Italiano, um dos patrocinadores do BREJAS, foi o campeão de indicações, lembrado em três categorias: melhor chope, melhor bar para ir a dois e melhor happy hour.

5 Respostas para “Veja Campinas – Comer & Beber”


  • Mauricio

    Parabéns pelo artigo, concordo com tudo o que vc disse, da pra perceber que o nosso trabalho é duro, vai demorar ainda pra termos variedades, são raros os restaurantes no Brasil com a mente aberta a trocar o “patrocinio” ou “parceria” das comerciais pela qualidade das artesanais. Mas não vamos desanimar pois o cenário vai mudar, mesmo que leve alguns anos.

    Abraço

  • Os jurados devem ser certamente um bando de figurinhas carimbadas da night e high society campineiras. Mas completos nós cegos em termos de cerveja. Como dizia aquele refrigerante: sabor não é nada, imagem é tudo…

  • infelizmente não me surpreendi. Surpreendente mesmo foi o chope do Giovanetti não ter sido eleito o melhor. Depois que eu passei a prestar mais atenção na cerveja ou chope que estava bebendo, nunca consegui entender como é que aquele chope do Giovanetti era eleito todo ano o melhor pelos jurados da VEJA. É mais ou menos o que já falaram antes: o júri é formado por ”celebridades” locais, cabeleireiros etc. etc., que não entende nada de cerveja e acaba votando, por conveniência ou sei lá o quê, em bares rotulados. É difícil mudar o ”status quo”.

  • Alexandre,
    Obrigado pelo elogios! E olhe que nem entrei na questão “patrocínio” e “parceria”, mesmo porque esse assunto é ainda mais espinhoso e resvala na questão criminal da coisa toda…

    Joaquim e André,
    Concordo com as opiniões de vocês. Não questiono as profissões dos jurados. Peço apenas mais instrução à maioria deles no tocante a cervejas. Pra maioria deles, só existe pilsen macro (Brahma e quetais) no mercado. O resto, ao que parece, não é cerveja.
    Como eu disse no texto, se for assim, nem precisa de júri. Basta alguém percorrer as choperias de Campinas com um termômetro na mão. O chope mais “estupidamente gelado” ganharia e pronto!
    Mas essa concepção está mudando, o povo não é bobo. Cada vez mais pessoas querem uma cerveja de mais qualidade, e rótulos mais variados. Ainda bem.

    Um abração a todos.

  • O mais engraçado eh que como melhor chop naum ganhou um chop, ganhou uma mistura de agua e milho. Um nome como VEJA deveria escolher melhor os avaliadores ou pelo menos intruir quanto aos pontos que estavam sendo avaliados. É de se espantar que uma revista do nivel dela, não saibam do velho ditado de que, cerveja estupidamente gelada eh para estupidos. Eh complicado mas espero que um dia a infomração chegue lá e mudemos essa mentalidade.

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