Copa Sul-Americana de Cervejas: As partes e o todo

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José Felipe Carneiro "abocanhando" o prêmio de Cervejaria do Ano conferido à mineira Wäls

Foram anunciadas no último sábado, 25, as cervejas medalhistas da The Great South Beer Cup, campeonato sul-americano de cervejas acontecido em Blumenau (SC). O evento ocorreu paralelamente à quarta edição do Festival Brasileiro de Cerveja, festa que firmou-se definitivamente como o maior evento cervejeiro brasileiro. Fui jurado e palestrante dos eventos, e comento agora sobre o que vi e vivi nesses dias extraordinários.

Mais das outras

Os resultados da Copa surpreenderam muita gente do meio cervejeiro. Isso porque, ao lado das tradicionais cervejarias medalhistas, acabaram brilhando várias outras que até então viviam meio que apagadas no “bochicho” cervejeiro nacional. Foi o caso de empresas como Bierbaum, Bier Hoff, Mistura Clássica, Das Bier e Karavelle, as quais levaram medalhas ou menções em categorias importantes como Cervejas de Trigo, Red Ale, Pale Ale, Bock, Dunkel e outras.

Como sempre defendemos aqui no BREJAS, testes cegos de cervejas (como os feitos no julgamento da Copa) são destruidores de mitos e fazem justiça. Os resultados constatam a franca evolução técnica de cervejarias que até então não eram tão comentadas. Trata-se de um fato maravilhoso, apontando um caminho de amadurecimento do cenário cervejeiro artesanal nacional, cujo leque de opções se abre cada vez mais.

As medalhas dadas às cervejarias até agora menos faladas certamente causarão dois ótimos efeitos: estimularão as medalhistas a continuarem aperfeiçoando-se e também animarão outras cervejarias a concorrerem nas próximas edições. É assim que crescemos.

Cervejaria do Ano

Quando visitei pela primeira vez a Cervejaria Wäls, de Belo Horizonte (MG), encontrei pai e filhos — Miguel e os filhos José Felipe e Thiago, gestores da cervejaria — ainda aturdidos pela morte recente do cervejeiro Tácilo Coutinho, até então o gênio por trás das receitas. Naquela época, graças à ajuda de outros cervejeiros amigos (caso de Marco Falcone, da conterrânea Falke Bier), a empresa já vinha se aprumando do golpe. Na visita, nos idos de 2009, provei pela primeira vez, ainda do tanque, a maravilhosa Wäls Quadrupel, maturada com chips de madeira embebidos em cachaça mineira.

Alguns anos depois e muito estudo e dedicação, a micro mineira consegue sua justa consagração, sagrando-se a Cervejaria do Ano. Boa parte do título deve-se à bem-vinda parceria recente com os cervejeiros caseiros da paranaense DUM para elaborarem juntos a breja Imperial Stout Wäls Petroleum, medalhista de ouro na Copa e uma das cervejas mais comentadas dos últimos tempos. A cervejaria mineira ainda levou ouro em outra categoria-chave, eleita a campeã no estilo Pilsen a respeito da qual sempre defendi ser a melhor breja no estilo produzida no Brasil. Mestre Tácilo Coutinho, esteja onde estiver, nesse momento esfrega as mãos e brinda de alegria com o sucesso dos seus pupilos.

Chegando ao Olimpo cervejeiro

Ao lado de Eisenbahn, Baden Baden, Wäls, Colorado, Bamberg e Falke, antigas ganhadoras de prêmios aqui e lá fora, outras cervejarias começam a despontar como bichas-paponas de medalhas, caso de Bodebrown, Seasons, Way, Bierland, Klein e Backer. Dá pra sentir, degustando as produções dessas empresas, que trabalho e estudo obstinados estão sendo bem-feitos, com alguns rótulos beirando a perfeição em seus estilos. Com os prêmios ganhos, essas cervejarias entram de vez no panteão das melhores micros nacionais, com absoluta justiça.

Alô, importadoras!!!

Após a premiação de sábado, jurados e competidores foram convidados a participar, nos bastidores do Festival, de uma espécie de recepção, na qual foram servidas as demais brejas sul-americanas medalhistas da South Beer Cup. A estupefação ante a excelência dessas cervejas era o comentário geral entre os presentes. Os brasileiros aprenderam que também se fazem ótimas cervejas do lado de lá de nossas fronteiras. Mais uma ótima lição que a Copa nos ofertou.

Mas, pergunta-se: Onde estão as brejas de cervejarias como Berlina, Otro Mundo, Davok, Antares, Die Eisenbrücke e outras? Já que por aqui nos chegam cervejas muito mais distantes da Europa e dos Estados Unidos, cadê as cervejas dos nossos vizinhos??? Mais uma vez canto o meu mantra: Alô importadoras!!!

As fotos

Confira a seguir algumas imagens que fiz no Festival. Mal posso esperar o ano que vem…

 

 

 

 

 

6 Respostas para “Copa Sul-Americana de Cervejas: As partes e o todo”


  • faltou falar da WENSKY BEER e sua premiada DREWNA PIWA com a medalha de prata da melhor OLD ALE brasileira.

  • Excelente o post, turma do Brejas!

  • Oi Maurício,

    Parabéns pelo post!
    Muito bem escrito e abrangente.
    Só para para complementar o post, gostaria de dizer que a Cervejaria Antares já está sendo importada ao Brasil pela Via Gourmet, importadora do nosso grupo. Já encontram-se disponíveis os estilos Kolsch, Porter, Scotch Ale, Barley Wine e Imperial Stout. E os rótulos já estão à venda no PR, no RS, em SP e no RJ, ok? A novidade desse embarque são as garrafas 660ml. abs Douglas

  • fui pra argentina e só tomei bira ruim… minha opiniao… as melhores eram do bullers.
    abraço beltramelli

  • Boa noite amigo,
    Somos um jovem importadora e buscamos sempre brejas de destaque e novidades. Hoje trabalhamos com a Austral (Chilena) e a Abbaye des Rocs (Belga). Seguindo suas dicas, vamos buscar as brejas que ainda não são importadas e estudar a viabilidade de te-las no Brasil através e nossa importadora!
    Abraços
    Pedro Paulo
    Solex Brasil

  • Olá Pedro,
    Que ótima notícia! Fico orgulhoso de tê-lo inspirado a trazer as “meninas” pra cá”!
    Boa sorte e ficamos no aguardo de boas novidades!

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