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Pão e Cerveja: Programa 58 – Cervejarias Artesanais Argentinas, Parte I

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Buenos Aires é, segundo as agências de viagens, o destino turístico internacional mais barato e o mais visitado pelos brasileiros. Ao desembarcar no Aeroporto de Ezeiza, o turista logo se verá cercado por “agentes” que lhe ofertarão — até, por vezes, de forma inoportuna — os indefectíveis shows de tango e visitas às pantagruélicas churrascarias, como se a capital argentina se resumisse apenas a esses dois atrativos mais do que manjados. Ao apreciador de cervejas, porém, há uma outra visão da cidade.

O cenário cervejeiro artesanal na Argentina é bastante evoluído. Por sinal, a arte de fazer cerveja artesanalmente começou bem antes lá do que cá, já no raiar dos anos 70. Durante os 80, porém, sobreveio no país a grande crise econômica que fez estagnar essa atividade, em razão das altas dos preços dos insumos e equipamentos. A partir de meados dos anos 90 vem acontecendo, paulatinamente, uma retomada artesanal cervejeira que, se não é maior que a brasileira, não fica tanto assim a nos dever, e vale a pena ser explorada.

No programa que acabou de ir ao ar nesta manhã, o entrevistado da jornalista Fabiana Arreguy sou eu mesmo, Mauricio Beltramelli, já que fiz há algumas semanas uma incursão cervejeira por Buenos Aires. O tema do bate-papo é sobre a Cerveza Artesanal Antares, de Mar del Plata. A micro possui pubs em várias cidades argentinas, incluindo Buenos Aires. Na opinião deste escriba, um programa bem mais interessante do que assistir ao tango de sempre…

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Veja mais imagens do pub portenho da Antares na Galeria de Fotos.

A coluna Pão & Cerveja vai ao ar todas as sextas-feiras às 11:45 da manhã pela rádio CBN de Belo Horizonte (106,1 FM). Ouça ao vivo o programa ou curta os programas anteriores gravados e disponibilizados aqui no blog pelo BREJAS. Para a experiência ficar completa, acompanhe também o Blog Pão & Cerveja.

Cervejas americanas para brasileiros

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Paulo Zanello vem de família de nobilíssima estirpe. Tem como irmãos ninguém menos do que Patrick Zanello — o mestre cervejeiro da Cervejaria Colorado — e Phillip Zanello, homebrewer de altos costados e um dos diretores da ACervA Paulista.

Acontece que, numa dessas reinações do destino, Paulo decidiu-se pela carreira médica. É radiologista, recém-saído de sua residência em Ribeirão Preto. Acontece também que o Paulo, desde o final de 2009, está nos Estados Unidos, mais precisamente na capital Washington, fazendo especialização e pesquisa.

Só que, pra quem tem família tão nobremente cervejeira, é impossível ficar longe do nobre líquido. Em seus momentos livres, Paulo é um baita pesquisador e degustador in loco das brejas artesanais da Nova Escola Cevejeira Americana. Desde que chegou em solo americano, ele documenta em seu blog as preciosidades que vai degustando, daquela que é, na sua opinião — e, segundo Paulo, na de seus irmãos também — a escola “mais interessante e abrangente”.

Com o tempo, o blog Cervejas Americanas vem se tornando uma leitura indispensável pra quem quer ingressar mais intimamente no mundo das brejas do Tio Sam. São histórias deliciosas, e degustações idem. Uma bela fonte de conhecimento cervejeiro, à espera de uma maior abertura do mercado nacional para que venham cada vez mais essas delícias pra cá.

Ou, na pior das hipóteses, uma das melhores ferramentas de consulta para que o leitor detone seu cartão de crédito e vá até os Estados Unidos provar lá mesmo as belezinhas…

“Chamar sonrisal alcoólico de ‘cerveja tipo pilsen’ é muita cara de pau!”

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sonrisalA opinião é de Marcelo Moss, fundador e ex-sócio da Cervejaria Baden Baden, e foi publicada no Caderno Paladar do jornal O Estado de S. Paulo na última sexta-feira, 8/7. Como sempre, o espaço para os comentários dos leitores do BREJAS é livre!

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O cervejeiro alemão Josef Groll recebeu dos checos a missão de criar uma cerveja para competir com as pale ales. Aprendeu a fazer maltes claros com os ingleses, mas aprimorou a técnica e criou um ainda mais pálido. Ajudado por um monge, contrabandeou uma cepa de fermento lager de Munique, que facilita a produção de cervejas mais cristalinas. A água local, pobre em carbonatos, cálcio e magnésio, ajudou. Assim como os lúpulos de Zatec (ou Saaz), produzidos na região.

Assim Groll criou uma cerveja de cor cobre, mais clara, cristalina e leve que as concorrentes inglesas, com proeminente sabor de malte, algo adocicada, bem balanceada, marcante e aromática. Claro que ele não imaginava estar criando um estilo. Mas o sucesso foi grande, e sua cerveja foi rapidamente copiada. Todas essas cópias sofreram alterações em razão das matérias-primas, das condições técnicas e dos paladares locais.

Só que, aí, você olha para aquela cerveja ordinária, cor de palha mal alimentada, quase sem cheiro, um simples sonrisal alcoólico que, para ser bebido, precisa ser servido em temperaturas glaciais e nas quais as cervejarias têm a cara de pau de colocar no rótulo “cerveja tipo pilsen” e se pergunta: onde foi que a coisa desandou?

A Alemanha e a República Checa mantiveram-se mais próximas às tradições originais. Na Alemanha, a Lei da Pureza da Baviera impediu o uso de matérias-primas pouco nobres. Na Checoslováquia do pós-guerra, o comunismo inviabilizou a modernização. No resto do mundo, o progresso continuou. Entramos na fase das economias de escala. Nas Américas, principalmente, as cervejarias maiores compraram as menores.

Na década de 1970 poucas cervejarias gigantes, norteadas por baixo custo e muita venda, já dominavam o mercado. Baixo custo significa uso de matéria-prima mais barata (arroz, milho, extratos de lúpulo, açúcar) e de tecnologia para produzir rápido, e não para extrair mais sabores e aromas. Pelo contrário. Para vender muito, cervejas saborosas são verdadeiras dores de cabeça. O importante não é fazer uma cerveja boa, mas uma que não seja ruim. Para cervejas produzidas em escala, vale a regra do segundo turno na política: o importante é ter um baixo índice de rejeição e atrelar o sabor percebido à verba de marketing.



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