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A cerveja de Darwin

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Charles_Darwin

A ação da seleção natural sobre a diversidade de cervejas

A vida é o que separa um ser vivo da matéria inanimada. Mas o que torna seres inanimados em seres vivos? A manutenção da vida requer uma sincronia de muitos fenômenos, entre eles a regência do funcionamento do organismo, o metabolismo e a manutenção deste sincronismo, conhecido como homeostase. Como resultado destes eventos, à capacidade de desenvolvimento e reprodução. O ponto é que o ambiente muda a todo instante e, as espécies que anteriormente tinham sucesso adaptativo, muitas vezes são selecionadas por estas próprias modificações. Este mecanismo é o que impulsiona a evolução, que não se vincula necessariamente à melhorias, e sim a capacidade de adaptação de uma espécie às novas exigências. E assim, todas espécies sobreviventes até este instante são genética e fisicamente o resultado de inúmeras adaptações selecionadas ao longo da sua própria história evolutiva.
Tratemos a cerveja como um ser vivo. Assim como qualquer espécie, uma cerveja só se mantém viva se alguns destes fenômenos estão ativos: se o conjunto de reações químicas entre os ingredientes, o metabolismo, a sustente como cerveja independente de seu estilo; e a propriedade que a mantém regulada, estável e reprodutível, a homeostase, para que possa se desenvolver e reproduzir. A reprodução e a manutenção da vida de uma cerveja é uma ação que depende essencialmente da sua habilidade de ser aceita por determinados tipos de consumidores e assim, serem produzidas por cervejarias. O cervejeiro e a cervejaria são entidades que dão manutenção à vida de uma cerveja. Para se manter viva, uma cerveja tem que estar adaptada às necessidades externas, ou então será selecionada à extinção ou a existência.
Na história evolutiva da cerveja, algumas espécies permaneceram vivas, outras morreram e algumas ressurgiram. A seleção natural foi indutora da evolução e da diversidade das cervejas. O fato de evoluírem não implica dizer que melhoraram, mas sim que foram capazes de manterem-­?se vivas. O período de vida de uma nova espécie de cerveja depende de sua aceitação e consequentemente de sua reprodução. Se assim não o forem, só estarão presentes em arquivos de referência, assim como nos inúmeros livros sobre a diversidade dos dinossauros.  Neste sentido, no que se refere à história da evolução das cervejas, temos a “Pilsen” como a de maior sucesso adaptativo. Este estilo e seus variantes, as light lager no geral, se adaptaram às exigências mercadológicas. Sua capacidade de dispersão foi de tal forma a ponto de se tornarem verdadeiras “pragas” de reprodução incontrolada. Mas isso só foi possível uma vez que o mercado aceitou esta cerveja pois, caso não o tivesse, essas variantes teriam sido extintas. Vindas de uma época
em que a refrigeração mecânica era inexistente, as cervejas lager eram cervejas microbiologicamente mais estáveis -­? uma vez que a fermentação em baixas temperaturas reduziam o risco de contaminações por outros microorganismos. Por serem um produto de maior durabilidade, estas cervejas foram a oportunidade de expansão e dispersão das cervejarias. Devido a esse poder de dispersão diferencial, aliado à conquista de consumidores por sua aparência límpida, seus consumidores davam-­?na vida. A prova que estas espécies de cerveja tiveram o maior sucesso adaptativo é que até hoje é o estilo mais consumido no mundo. Mas isso não implica dizer que seja o melhor estilo de cerveja e sim, historicamente o estilo que foi selecionado mais rapidamente pelas necessidades ambientais: aumentou suas chances de sobrevivência e, ainda hoje, é o estilo mais vivo de cerveja.
Dessa forma, as cervejas podem ser classificadas como “vivas” e, como descrevera Darwin, estão sujeitas a transformações e seleções. Não fosse assim, jamais teríamos a maravilhosa diversidade de estilos de cerveja, mais ou menos adaptados a certos ambientes, funções e modos de consumo. Embora atualmente estejamos sendo expectadores do ressurgimento das Ales no Brasil, estas cervejas só permanecerão vivas se forem aceitas pelo público.
Aos cervejeiros cabe a manutenção das espécies de cerveja em extinção. Novos mercados são capazes de reviverem espécies extintas, cujo sucesso será medido por sua taxa de reprodução. Compete a todos a conservação do novo consumo, para que o público que não compreende uma cerveja, não seja capaz de extingui-­la.
por Gabriela Montandon e Paulo Patrus*
A vida é o que separa um ser vivo da matéria inanimada. Mas o que torna seres inanimados em seres vivos?
A manutenção da vida requer uma sincronia de muitos fenômenos, entre eles a regência do funcionamento do organismo, o metabolismo e a manutenção deste sincronismo, conhecido como homeostase. Como resultado destes eventos, há capacidade de desenvolvimento e reprodução. O ponto é que o ambiente muda a todo instante e, as espécies que anteriormente tinham sucesso adaptativo, muitas vezes são selecionadas por estas próprias modificações. Este mecanismo é o que impulsiona a evolução, que não se vincula necessariamente a melhorias, e sim à capacidade de adaptação de uma espécie às novas exigências. E assim, todas espécies sobreviventes até este instante são genética e fisicamente o resultado de inúmeras adaptações selecionadas ao longo da sua própria história evolutiva.

Estilos marcados pra viver ou morrer

Tratemos a cerveja como um ser vivo. Assim como qualquer espécie, uma cerveja só se mantém viva se alguns destes fenômenos estão ativos: se o conjunto de reações químicas entre os ingredientes, o metabolismo, a sustente como cerveja independente de seu estilo; e a propriedade que a mantém regulada, estável e reprodutível, a homeostase, para que possa se desenvolver e reproduzir.
A reprodução e a manutenção da vida de uma cerveja é uma ação que depende essencialmente da sua habilidade de ser aceita por determinados tipos de consumidores e assim, ser produzida por cervejarias. O cervejeiro e a cervejaria são entidades que dão manutenção à vida de uma cerveja. Para se manter viva, uma cerveja tem que estar adaptada às necessidades externas, ou então será selecionada à extinção ou a existência.

Cervejas vivas, mortas e “ressucitadas”

Na história evolutiva da cerveja, algumas espécies permaneceram vivas, outras morreram e algumas ressurgiram. A seleção natural foi indutora da evolução e da diversidade das cervejas. O fato de evoluírem não implica dizer que melhoraram, mas sim que foram capazes de manterem-­se vivas.
O período de vida de uma nova espécie de cerveja depende de sua aceitação e consequentemente de sua reprodução. Se assim não o forem, só estarão presentes em arquivos de referência, assim como nos inúmeros livros sobre a diversidade dos dinossauros.
Neste sentido, no que se refere à história da evolução das cervejas, temos a “Pilsen” como a de maior sucesso adaptativo. Este estilo e seus variantes, as light lager no geral, se adaptaram às exigências mercadológicas. Sua capacidade de dispersão foi de tal forma a ponto de se tornarem verdadeiras “pragas” de reprodução incontrolada. Mas isso só foi possível uma vez que o mercado aceitou esta cerveja pois, caso não o tivesse, essas variantes teriam sido extintas.

Família Lager, um sucesso adaptativo

Vindas de uma época em que a refrigeração mecânica era inexistente, as cervejas lager eram cervejas microbiologicamente mais estáveis, uma vez que a fermentação em baixas temperaturas reduziam o risco de contaminações por outros microorganismos. Por serem um produto de maior durabilidade, estas cervejas foram a oportunidade de expansão e dispersão das cervejarias. Devido a esse poder de dispersão diferencial, aliado à conquista de consumidores por sua aparência límpida, seus consumidores davam-­na vida.
A prova que estas espécies de cerveja tiveram o maior sucesso adaptativo é que até hoje é o estilo mais consumido no mundo. Mas isso não implica dizer que seja o melhor estilo de cerveja e sim, historicamente o estilo que foi selecionado mais rapidamente pelas necessidades ambientais: aumentou suas chances de sobrevivência e, ainda hoje, é o estilo mais vivo de cerveja.
Dessa forma, as cervejas podem ser classificadas como “vivas” e, como descrevera Darwin, estão sujeitas a transformações e seleções. Não fosse assim, jamais teríamos a maravilhosa diversidade de estilos de cerveja, mais ou menos adaptada a certos ambientes, funções e modos de consumo. Embora atualmente estejamos sendo espectadores do ressurgimento das Ales no Brasil, estas cervejas só permanecerão vivas se forem aceitas pelo público.
Aos cervejeiros cabe a manutenção das espécies de cerveja em extinção. Novos mercados são capazes de reviverem espécies extintas, cujo sucesso será medido por sua taxa de reprodução. Compete a todos a conservação do novo consumo, para que o público que não compreende uma cerveja, não seja capaz de extingui-­la.

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Patrus

*Gabriela MontandonPaulo Patrus são biólogos, cervejeiros caseiros e integrantes do grupo NEC – Núcleo de Estudos da Cerveja, sediado em Belo Horizonte (MG).

Cerveja na madeira

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barrels

por José Felipe Pedras Carneiro*

No Brasil, pouco ou quase nada se diz a respeito da maturação de cerveja com a madeira. A Cervejaria Wäls tem o orgulho em dizer que foi uma das pioneiras — senão a primeira — ao lançar a Wäls Quadruppel, que é maturada com chips de carvalho frânces. Mas e daí? O que essa história de colocar a cerveja em contato com a madeira faz de diferença no produto final?

O assunto é muito complexo e cheio de relatividades, mas a conclusão final é tirada na maravilhosa mudança ao experimentar o líquido precioso. Vamos primeiro entender o que é a madeira!

Os principais elementos químicos de formação da madeira se diferem muito pouco em relação quantitativa. Ela é constuída basicamente por Caborno (C) -49-50% -, Hidrogêneo (H) -6%-, Oxigênio (O) -44-45% e Nitrogênio (N) – 0,1-1%. Além disso, é possível encontrar em pequenas quantidades, Cálcio (Ca), Potássio (K), Magnésio (Mg) e outros minerais.

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Nas substâncias chamadas macromoléculas (polímeros) dividimos a existência de Celulose, hemicelulose (ambas polissacarídeos) e ligninas. A celulose abrange quase metade da composição dos polímeros da madeira, sendo o principal componente da parede celular.

Que bichos são esses?

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Cerveja foi inventada ou descoberta?

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babylon-beer1

por Daniel Ramiro*

Vocês sabem como “inventaram” a cerveja? Pois bem, acima de tudo, foi inventada ou descoberta? Sempre que nos deparamos com essa história da cerveja encontramos a ideia de um acaso operando para a obtenção do líquido do qual tanto gostamos.

Antes, quero retomar algumas divisões de períodos para compreender o problema: até 4000 a.C. (marco classicamente estabelecido para a invenção da escrita) temos a Pré-História; a partir daí, começou-se, então, a História. O primeiro período é a Antiguidade, a qual se encerrou com a tomada de Roma pelos hérulos em 476 d.C.  Porém, esse período possui alguns entroncamentos historiográficos. A saber, certa carência de documentação aliada a dificuldades nas traduções. É a partir do ano 2000 a.C., mais ou menos, que as documentações tornam o ofício do historiador menos obscuro.

Tábua suméria (cerca de 3000 a.C.) com ensinamentos sobre a arte de fazer cerveja

Tábua suméria (cerca de 3000 a.C.) com ensinamentos sobre a arte de fazer cerveja

Agora, imaginem a dificuldade de pesquisa para o período anterior, a Pré-história. Sim, pois a cerveja certamente surgiu neste período, em algum momento posterior à Revolução Agrícola (pontuada classicamente em 10.000 a.C. para o Oriente Próximo).

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