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Viagem às grandes cervejarias da Bélgica – Rochefort

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Visita à abadia proibida

O autor deste artigo esteve na Bélgica a convite da Buena Beer Importadora.

Desde que me entendo por cervejeiro, sempre ouvi que na Abadia de Notre-Dame de St. Remy ninguém entrava, exceto se quisesse ingressar para a vida monástica cisterciense e abdicar dos bens e da farra carnal. A caravana brasileira que perambulava pelas cervejarias da Bélgica (veja aqui como entrei nessa trip) já tinha visitado — e sido muito bem recebida — no mosteiro onde se produz a Westmalle, mas jamais imaginávamos que teríamos a mesma recepção na encastelada abadia onde são produzidas as maravilhosas cervejas Rochefort, reconhecidas como umas das melhores do mundo.

Onde nenhum cervejeiro (brasileiro) jamais esteve…

Ocorre que, como comprovávamos pela segunda vez, nossa viagem estava fadada a experimentar doces exceções às regras, de modo que novamente adentrávamos em solo sagrado de uma cervejaria trapista. Como já disse noutro artigo, as visitações de turistas são terminantemente proibidas, já que os religiosos se orgulham em dizer que não são cervejeiros, e sim monges — e que estão cervejeiros unicamente para continuarem a ser monges.

Antiga adega de refermentação.

Mais uma vez, como é praticamente uma regra entre as cervejarias clássicas europeias, víamos salas de cozimento quase seculares em contraste com adegas de fermentação e linhas de envase de última geração (confira nas fotos no final deste artigo).

Entrada da acanhada igreja do monastério. À esquerda, portão que dá acesso ao claustro.

Na visita à área monástica, foi interessante notar a pobreza da igreja, desprovida de obras de arte que tanto caracterizam a maioria dos templos católicos da Europa. A explicação é simples e singela: A Ordem Cisterciense observa o voto de probreza. Não há ostentação de riqueza, nem mesmo em seus templos.

Ao final da visita, fomos conduzidos em silêncio pra dentro da abadia, quando então veio a surpresa: O abade Pierre veio erguer um brinde conosco, e tivemos o divino prazer de ter, por alguns momentos, um monge trapista autêntico pra chamar de nosso. “O melhor da cerveja é compartilhá-la”, foi a sua mensagem. Amém, um milhão de vezes amém!

A taça do monge é nossa: “O melhor da cerveja é compartilhá-la!”

Visite a cervejaria (e o mosteiro) comigo!

Chega de conversa! Hora das fotos! Clique nas imagens para vê-las em tamanho maior e confira um raro vislumbre do interior da cervejaria e da Abadia de Notre-Dame de St. Remy:

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Viagem às grandes cervejarias da Bélgica – St. Feuillien

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Quatro gerações de cervejeiros

O autor deste artigo esteve na Bélgica a convite da Buena Beer Importadora.

A comitiva cervejeira brasileira que esteve na Bélgica em setembro (veja aqui o começo dessa história) acordou com o canto do galo e partiu para a pequena e encantadora cidade de Le Roeulx, já na Valônia (porção sul do país, cujo idioma é o francês). Era dia de conhecer a cervejaria St. Feuillien.

Lá, a surpresa: Quem nos recebeu foi Madame Dominique Friart em pessoa, quarta geração da lendária família cervejeira belga que comanda a St. Feuillien desde 1873 e a simpatia em pessoa.

Madame Dominique Friart nos servindo pessoalmente umas brejas…

O passeio às entranhas seculares da St. Feuillien foi ciceroneado pelo mestre cervejeiro Alexis Briol, que há vários anos comanda a cozinha da cervejaria. Como já havíamos reparado na visita do dia anterior à Westmalle, os equipamentos na sala de brassagem foram mantidos como estavam há décadas, enquanto o restante da fábrica — áreas de fermentação, maturação, envase e expedição — conta com equipamentos de ponta, tudo criando um interessantíssimo contraste (veja nas fotos ao final deste artigo).

Velha tina de cozimento dos maltes.

Ao final da visita nos foi oferecido um delicioso almoço e, em seguida, fomos conhecer a famosa loja-armazém L´Entrepot local, na qual alguns integrantes da comitiva brasileira experimentaram uma epifania cervejeira…

Diego Baião (dono do carioca Boteco Colarinho) e Leonardo Botto (cervejeiro caseiro) em flagrante de alegria profunda. Porque será? 😉

Visite a cervejaria comigo!

Acompanhe nossa visita à St. Feuillien clicando nas imagens abaixo para vê-las em tamanho maior:

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Viagem às grandes cervejarias da Bélgica – Westmalle

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Cervejas sagradas

O autor deste artigo esteve na Bélgica a convite da Buena Beer Importadora.

Depois de visitarmos as cervejarias St. Bernard e Het Anker, as quais são, digamos, “comerciais”, chegava a hora da caravana brasileira na Bélgica chegar onde poucos cervejeiros jamais estiveram: Dentro de uma cervejaria trapista, as quais são geridas por monges cistercienses que normalmente repelem visitantes. A Onze-Lieve-Vrouw van het Heilig Hart van Westmalle — para os íntimos, Westmalle — não era diferente. Só que, pra gente, exceção (santa exceção!) foi aberta e lá estivemos a xeretar.

Silêncio e devoção

Nossa turba ruidosa foi recebida pela gerente da cervejaria, a qual logo tratou de dar-nos um pito: Estávamos em local sagrado. O mosteiro de Westmalle é, em última análise, um mosteiro, e, como tal, um local de recolhimento e oração. Os religiosos se orgulham em dizer que não são cervejeiros, e sim monges — e que estão cervejeiros unicamente para continuarem a ser monges.

Foi-nos permitido ter um vislumbre do monastério — exceto tirar fotos — onde vivem pouco mais de cem religiosos, apenas alguns deles ligados à produção de cerveja, a qual é confiada a profissionais da área — embora sempre supervisionada pelos monges. A cervejaria fica dentro dos muros do monastério, porém em um anexo que faz com que o barulho das máquinas não interfira na meditação dos religiosos.

A sala de cozimento (foto no alto do artigo) é de sonhos, com tinas revestidas de cobre e ainda funcionando. Dá-se a impressão de, na próxima sala, topar com adegas de pedra e tanques de madeira.

Mas eis que…

Linha de envase das cervejas Westmalle: Alta tecnologia.

A abadia de Westmalle foi fundada em 1794, e a primeira cerveja produzida artesanalmente por lá foi servida aos monges em 1836. Acontece que, de lá pra cá, a fim de fazer frente à demanda (os religiosos decidiram vender as cervejas em 1856) a cervejaria do mosteiro veio sendo continuamente renovada.

“Olha lá, é tudo Krones!”

O resultado é que, em absoluto contraste com o silêncio lá da abadia, a linha de envase, rotulagem e expedição da Westmalle impressiona. “Olha lá, é tudo Krones!”, cutucava-me um maravilhado Cássio Piccolo (sócio do bar paulistano FrangÓ), ao identificar a marca alemã de equipamentos cervejeiros, famosa entre os técnicos por sua excelência.

No final da visita, mais uma surpresa exclusiva nos aguardava: A degustação da breja Westmalle Extra, a qual é produzida apenas duas vezes por ano e servida somente aos próprios monges (nos almoços!) e a alguns sortudos visitantes.

Westmalle Extra: Só para os monges e seus convidados.

Visite a cervejaria comigo!

Eu sei, nessa altura da leitura você já está babando, tanto de vontade quanto de inveja branca. Sossegue! Se possível, abra uma Westmalle Tripel ou Dubbel e viaje comigo nas fotos abaixo, clicando nas imagens para vê-las em tamanho grande:

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