Arquivos para a Categoria 'Histórias do Brejas'Page 4 of 8

Carlsberg – Visita à cervejaria

Comentário
2.127 visitas

Carlsberg1

Em Copenhague, Dinamarca.

No ônibus urbano que liga o centro de Copenhague ao distrito de Valby, além dos moradores da cidade, estávamos nós e mais um casal de italianos. Como conversávamos noutra língua que não o incompreensível dinamarquês, atraímos o interesse do simpático motorista do coletivo o qual, ao chegar na cervejaria após 15 minutos de percurso,Carlsberg2 volta-se pra nós e, com sorriso meio cúmplice, anuncia: Carlsberg! Aproveitem a visita!

Por ali já passaram visitantes ilustres, como Winston Churchill e a rainha Elizabeth II. A visita ao prédio histórico onde outrora foi fundada a que é hoje a quarta maior cervejaria do mundo começa com uma exposição de fotos antigas que conta a história dos seus fundadores. E essa história começa em 1847, quando o industrial e filantropo Jacob Cristian Jacobsen, homenageando seu filho Carl, inaugurou a Carlsberg. 

Novo fermento revolucionário

Até então feita em pequenas cervejarias sem muito método, J. C. Jacobsen logo percebeu que uma “nova” cerveja deveria ser elaborada utilizando

Laboratório Carlsberg

Laboratório Carlsberg

métodos mais científicos em sua produção, minimizando problemas. Mesmo sem qualquer formação acadêmica em microbiologia, ele criou em 1875 o Laboratório Carlsberg, para pesquisas bioquímicas relacionadas à cerveja.

Foi aí que a revolução se deu, mudando totalmente a história da cerveja: A levedura Saccharomyces Carlsbergensis foi isolada, dando início a uma longa linhagem de fermentos da família Lager, os quais são utilizados universalmente até hoje por grandes e pequenas cervejarias.

A maior coleção de garrafas do mundo

A visão é chocante até para o mais empedernido colecionador. Contando com mais de 20 mil garrafas de cerveja de todo o planeta (veja nas fotos logo abaixo), a coleção abriga apenas exemplares produzidos em grande escala eCarlsberg4 obedecendo a padronizações — erratas, variações indesejadas de cor ou padrão e rótulos caseiros não são aceitos.

Em 2006, quando a coleção contava com mais de 16 mil exemplares, o Guinness Book of Records considerou-a a maior do mundo. Organizada por ordem geográfica, seguida por cervejarias e marcas, hoje faz parte integrante do centro de visitantes do museu.

Cervejaria e coleção de aromas

Percorrer as galerias do Carlsberg Museum é mergulhar na história da cerveja na Escandinávia. As mostras são interativas, geralmente Carlsberg6acompanhadas de filmes explicativos (em inglês) sobre o que rolava em cada ambiente da antiga cervejaria.

Ao final, após passar pelos estábulos — onde até hoje são criados cavalos da raça Jutland com os quais a cervejaria realiza mostras pela Dinamarca — chega-se no pub da Carlsberg. Ali, destaca-se a Sala dos Aromas, na qual o visitante é convidado a sentir os mais diversos aromas possíveis numa cerveja.

Confira abaixo mais imagens dessa inesquecível visita e viaje comigo:

Continuar lendo ‘Carlsberg – Visita à cervejaria’

Bares que amamos: KINGSTON MINES

Comentários
748 visitas

KingstonMines

2548 North Halsted, Chicago, IL (Estados Unidos).

Naquele setembro, eu chegava aos Estados Unidos para fazer meu curso de Mestre em Estilos de Cerveja e Avaliação no Siebel Institute, de Chicago. Logo no desembarque, ainda em Nova York, o oficial americano de imigração segue o protocolo e me pergunta o motivo da minha visita ao país. Já escolado com as eventuais idiossincrasias dos oficiais de imigração do mundo todo, evitei mencionar meu real objetivo por ali, temendo que ele me pedisse um visto de estudante — o qual, por sinal, eu não tinha. “Vou a Chicago relaxar e curtir um blues”, respondi, com cara de férias. Na mesma hora, a sisudez do oficial se transforma em interesse genuíno. Assim, como eu, ele era um entusiasta do blues de Chicago, no que a fila de viajantes atrás de mim permaneceu longos minutos parada até que conversássemos animadamente sobre as nossas preferências musicais. De fato, curtir o lendário “blues elétrico” da cidade era meu segundo objetivo, cumprido nos dois dias pós-curso que me dei de presente na capital do estado de Illinois, antes de voltar ao Brasil.

Já havia pesquisado na internet, e o Kingston Mines me pareceu mais apetecível dentre a infinidade de casas de blues na cidade, unindo a aura de “templo” do blues — por ali sempre ciscam deuses sagrados do gênero — com uma atmosfera cozy e, claro, também pela presença das cervejas especiais. E, já que tinha escolhido meu hotel naquela mesma área do Lincoln Park, o que me possibilitava ir e voltar a pé, lá fui eu ciscar também. Tanto não me decepcionei como lá voltei mais uma vez, dia seguinte.

O Kingston Mines não tem exatamente uma carta de cervejas. Porém, há ótimas opções de brejas artesanais americanas, e por ali me deixei varar madrugadas bebericando a corretíssima e deliciosa Goose Island India Pale Ale (cuja cervejaria fica a poucos quarteirões dali) e a inusitada e megarrefrescante Purple Haze, da Abita Brewing Co. (Louisiana), uma cerveja de trigo com adição de framboesa — combinação, aliás, que poderia ser melhor explorada pelos cervejeiros artesanais brasileiros, mesmo que o seja com outras frutas.

A configuração interna do pub é bastante curiosa. Há, virtualmente, dois Kingston Mines, ambientes separados e praticamente autônomos, ambos abrigando cada qual o seu bar, seus garçons e seu palco. O barato é que sempre há duas bandas na casa, e um curioso revezamento entre elas: uma das bandas se apresenta no palco principal e, no break, a outra toca fogo no ambiente ao lado. Blues de verdade e ao vivo a noite toda, até as 4 da manhã. Coisa linda.

Lá pelas três, decidi que minha noite chegava ao fim, embora lá dentro o ambiente ainda fervesse. Na saída, vivi experiência que parece mentira, mas aconteceu. Vance Kelly em pessoa estava lá fora com sua banda aproveitando o break e fumando algumas cigarrilhas encostados nos carros estacionados no meio-fio. Quase ninguém os acompanhava. Saí e dei de cara com a lenda, que me cumprimentou e me perguntou o motivo pelo qual eu ia embora tão cedo. Aproveitei a deixa e me apresentei como brasileiro aficionado em blues, o que despertou a curiosidade do blueseiro. O papo foi breve, mas, pra mim, inesquecível.

Tudo, tudinho, pela estarrecedora quantia de quinze dólares, que é o valor — ridículo! — do ingresso no Kingston Mines. Como já perguntava Robert Johnson o fundador do blues, lá pelo começo do século passado, honey don´t you want to go to my sweet home Chicago?

Veja abaixo mais imagens do Kingston Mines e um pequeno filme de Vance Kelly em ação. 

Continuar lendo ‘Bares que amamos: KINGSTON MINES’

Mondial de la Bière: A cerveja como pano de fundo da aventura

Comentários
987 visitas

MondialBiere

“Você quer vir pro Mondial de la Bière, aqui na França?”

Foi pra me persuadir com essa proposta altamente indecente que Marcelo Carneiro, comandante da Cervejaria Colorado, me ligava de Strasbourg, às 5 da tarde de uma quarta-feira. Detalhe importante: o voo sairia dentro de menos de 24 horas, e eu teria apenas poucos  minutos pra decidir pela viagem. No meu caso, amante inveterado de cervejas e viagens, não foi uma decisão particularmente difícil…

Depois de ter voltado com experiências incríveis e amizades idem na bagagem, decidi que a primeira postagem não falaria propriamente das cervejas e cervejarias que tive contato na França. Sobre isso farei ao longo dos próximos dias, tanto neste Blog quanto, pontualmente, no Ranking do BREJAS. Antes, quero falar sobre a viagem em si, uma verdadeira aventura, considerando o imediatismo da proposta e diversos outros aspectos. Todos divertidos e absolutamente memoráveis, a começar das “segundas intenções” de Marcelo em relação à minha ida.

Como foi amplamente noticiado na mídia internacional, semanas atrás a França enfrentava uma das maiores greves gerais de sua história. Isso aconteceu bem durante o Mondial, o que fez com que todo um carregamento das cervejas Colorado Cauim, Índica e Demoiselle não chegasse a tempo. A solução? Eu e Bia Amorim, responsável pelo marketing da cervejaria, faríamos o papel de “mulas”, contrabandeando nas malas as brejas para o festival. Aí começava a aventura.

Continuar lendo ‘Mondial de la Bière: A cerveja como pano de fundo da aventura’



Anuncie

Anuncie no Brejas e divulgue o seu negócio:

Baixe nosso Mídia Kit

Entre em contato: [email protected]