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Detalhe da Avaliação

4.2 189
Bélgica
Mauricio Beltramelli
Mauricio Beltramelli
18 de Agosto de 2008 31135
(Atualizado: 26 de Janeiro de 2015)
Avaliação Geral
 
4.7
Aroma
 
8/10
Aparência
 
5/5
Sabor
 
20/20
Sensação
 
5/5
Conjunto
 
9/10
Esta Trappistes Rochefort 8 é uma cerveja de alta fermentação do estilo Belgian Strong Ale, sub-estilo Belgian Dark Strong Ale, este caracterizado por apresentar cervejas mais escuras (que suas primas de estilo), mas em regra igualmente fortes, bastante complexas, encorpadas e saborosas, com um ABV que pode chegar aos 12%. Com destacada formação de espuma as BDSA apresentam aroma e sabor dominados por dulçor de maltes, com toda a riqueza de sensações deles advindas, leveduras, especiarias e frutado, notadamente de frutas secas. O lúpulo é sutil, o corpo é variável e a carbonatação é elevada.

É produzida pela cervejaria Rochefort, sediada no município belga homônimo, e instalada no interior do Mosteiro Notre Dame de Saint Remy. A história da Abadia remonta ao ano de 1230 com a fundação dum Convento. Em 1464 um Mosteiro foi instalado no local. Foi invadido e destruído por Exércitos Protestantes em 1568. Reconstruído, foi novamente demolido durante a Revolução Francesa. Reerguido em 1887 e transformado em Abadia em 1912 passou por novos declínios por ocasião da Primeira e de Segunda Guerra Mundial. Em 2010 um incêndio quase comprometeu novamente a cervejaria. Apesar de tudo a fabricação de cervejas remonta ao longínquo ano de 1595. Além dos maltes de variedades Pilsener e Munique, água da fonte de Tridaine (próxima à Abadia) são usados lúpulos de variedades Hallertau alemão e Styrian Goldings (Styrian é uma localidade na Eslovênia), bem como duas cepas de leveduras, sendo a segunda para refermentação na garrafa. No portfólio há mais dois rótulos: Trappistes 10 e Trappistes 6, esta por degustar.

Os números postos nos rótulos das cervejas Rochefort (6, 8 e 10) se referem à gravidade, ou seja, a um antigo sistema de graus belgas que se permitia inferir a graduação alcoólica por meio da diferença entre as gravidades inicial e final do mosto, haja vista que a densidade específica possibilita calcular a quantidade de açúcar presente no mosto. No caso das Rochefort as gravidades iniciais são, respectivamente, 1,060, 1,080 e 1,100.

A Ordem Trapista (oficialmente, Ordem dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância) foi fundada em 1662 pelo Mosteiro Nôtre-Dame de la Trappe (França), vindo a mesma a influenciar outros países europeus o que culminou no surgimento de novos mosteiros que seguiam as restritas regras desta ordem religiosa. Posteriormente, no ano de 1997, oito abadias trapistas - 6 da Bélgica (Orval, Chimay, Westvleteren, Rochefort, Westmalle e Achel), 1 da Holanda (Tilburg Koningshoeven) e 1 da Alemanha (Mariawald) - fundaram a ITA (International Trappist Association) com o objetivo de estabelecer as regras do estilo e proteger o nome do uso abusivo por parte de outras marcas. Para isso, esta associação criou um selo que só pode ser utilizado pelos produtos que seguem os critérios estabelecidos e que sejam elaborados por monges trappistas, sejam esses produtos geleias, queijos, cervejas, vinhos etc. A abadia alemã de Mariawald não está produzindo cerveja (o logotipo da ATP é usado para outros produtos no mosteiro, por exemplo, o licor). Os monges, que repartem seu tempo entre oração, estudo e trabalho utilizam parte do que é arrecadado com a venda dos produtos na manutenção das Abadias e o restante dedicam à caridade. Outras abadias trappistas obtiveram o selo recentemente: - Holanda: Abdij Maria Toevlucht/cerveja Zundert; Áustria: Engelszell e EUA: St. Joseph’s Abbey/cerveja Spencer.

Lote 16:16. Vintage 2011, validade 02/02/2016. A garrafa é de cor marrom, tampa que mescla o verde e branco e que contém as inscrições ‘Biere Trappistes Rochefort’ ao redor do numero ‘8’. O rótulo é simplório, de cor bege e traz em letras negras o nome ‘Trappistes Rochefort’, logo acima do numeral ‘8’; vislumbra-se ainda o selo trappista, a graduação alcoólica (ABV 9,2%), taça ideal (trappista) e menção aos ingredientes (água, malte de cevada, cereais não maltados, lúpulo, levedura e açúcar). O rótulo não menciona, mas ao que parece também leva na receita coentro, além dos mencionados lúpulos de variedades Stryan Goldings e Hallertau.

Vertido na taça o líquido revelou uma coloração marrom, opaco, com alguns tons avermelhados ao ser posta contra a luz; a turbidez é mediana e há muitos sedimentos no fundo da garrafa (os quais foram bebidos juntos aos últimos goles); a espuma de cor bege é de bela formação, consistente, densa e de longa persistência, com bolhas médias e que manteve algumas rendas nas laterais da taça e uma fina tampa residual sobre o líquido ao longo da degustação. Perlage (bolhas) perceptível.

O aroma se mostrou agradável, medianamente volátil, mas com a inconfundível complexidade própria das cervejas belgas. Apresentou perfil maltado com nuances de torrefação (café e chocolate), bem como caramelo, baunilha, madeira, castanhas, fermento/pão, condimentos (pimenta), açúcar cândi, frutado de ameixas e uvas passas (cortesia das leveduras), discreto lúpulo com nuances cítrica e herbal e álcool que volatiza bem e lembra vinho do porto.

No paladar o líquido se apresenta aveludado e deixa a boca agradavelmente cheia. Seu cartão de visitas é uma vincada base maltada e o inconfundível frutado/condimentado próprio das receitas belgas. As impressões olfativas reverberam com mais intensidade e assomam-se notas de torrefação (café e chocolate), caramelo, toffee, baunilha, leveduras/pão, madeira, castanhas, açúcar cândi, especiarias (pimenta sim, mas cadê o coentro?), frutado de ameixas, figo e uvas passas e vinho do porto. O lúpulo (IBU 22) é discreto, com sensação cítrica e herbal, mas o amargor da torrefação ajuda no equilíbrio frente aos maltes. O final é seco, frutado e traz fenóis picantes; o retrogosto é agridoce e condimentado. O corpo é médio-alto, assim como a carbonatação. O álcool de ABV 9,2% é potente e provoca agradável aquecimento. A palatabilidade (drinkability) é excepcional!

A degustação beirou a perfeição, proporcionada por um conjunto robusto, riquíssimo, e equilibradíssimo. Fazendo um comparativo talvez a Rochefort 8 seja sutilmente mais equilibrada que a Rochefort 10, ainda que um pouco menos aromática e menos marcante. Com um tantinho de álcool a menos a Rochefort 8 possibilitou uma maior apreensão de todas as nuances e sensações da breja e talvez aí resida o seu charme.

Imperdível!

Detalhes

Degustada em
25/Janeiro/2015
Envasamento
Volume em ml
330 ml
Onde comprou
http://www.speciaalbierpakket.nl/
Preço
€ 2,15
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Comentários

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23 de Setembro de 2016
Deu aula!
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