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Falando de cerveja - Brejas

A comunidade do Brejas falando abertamente sobre cerveja

Cervejando pela Itália

ViaCervejando pela Itália

No início de março fiz a minha primeira viagem para o exterior após me tornar um entusiasta por cervejas diferenciadas – na verdade me tornei justamente durante outra viagem pelo velho continente em agosto de 2013, sendo esta agora a primeira em que pude planejar visitas relacionadas ao assunto.

Eu e minha esposa escolhemos um percurso que incluiria três cidades italianas – Veneza, Florença e Roma – e poucos dias em cada, ou seja, não haveria tempo disponível para visitas a cervejarias, sair muito das rotas turísticas, etc. Portanto, tive que me contentar em pesquisar lugares onde poderia beber bem e outros onde poderia encontrar algumas preciosidades para trazer na mala.

Em minhas primeiras pesquisas, mapeei uma loja que me pareceu muito boa e perto do hotel onde ficaria em Roma – que, por sinal, é bem perto da estação principal Termini (trem, ônibus, metrô), ou seja, mesmo quem não estiver hospedado por perto certamente em algum momento da estada em Roma passará por essa estação (mais adiante indico outros locais interessantes na estação). Trata-se da Domus Birrae, e pelo site mesmo elaborei uma lista com alguns rótulos que pretendia trazer – alguns por indicação de resenhas do Brejas, outros no top 10 de vendas da loja –, planejando passar lá e buscar as cervejas antes de ir para o hotel: 

Birrificio Italiano Tipopils (330) - €4.20 / Pilsener
Brewfist Spaceman (330) - €4.50 / India Pale Ale (IPA)
Brewfist 2Late DIPA (330) - €5.50 / Imperial/Double IPA
Baladin Lune (500) - €24.00 / Barley Wine
Baladin Super (750) - €10.90 / Belgian Strong Ale
Baladin XYAUYU Oro (500) - €23.00 / Barley Wine
Ducato Machete (330) - €5.20 / Imperial/Double IPA
Ducato La Prima Luna (330) - €10.50 / Barley Wine
Borgo ReAle Extra (330) - €3.60 / India Pale Ale (IPA)
Borgo My Antonia (750) - €10.50 / Strong Pale Lager/Imperial Pils
Borgo 25 Dodici (750) - €11.00 / Belgian Strong Ale
Borgo Duchessic (750) - €17.50 / Saison

O fato de já saber o preço da loja me deu a vantagem de poder visitar outras lojas antes e, caso encontrasse algum achado, já garantiria. Também procurei focar apenas na produção local, não pensando em buscar rótulos europeus consagrados a preços módicos, afinal, o espaço na bagagem seria limitado.

Feito isso, usei o ratebeer.com para mapear locais interessantes que estivessem próximos aos pontos turísticos que visitaria, aos hotéis onde estaria hospedado e aos caminhos por onde circularia durante os sete dias de viagem.

VENEZA

Em Veneza pude constatar que a parada obrigatória seria no pub Il Santo Bevitore. Dito e feito: local bem interessante, apertado é verdade, mas com várias torneiras carregadas de artesanais – não apenas italianas, tinha Sierra Nevada Pale Ale on tap! Mas, diante das demais preciosidades, preferi partir para a primeira local.

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·    Punks Do it Bitter (versão chopp), da Birrificio Indipendente Elav (Bergamo, BG Italy). Boa pale ale com lúpulos herbais evidentes.

Em seguida, observando os rótulos na geladeira, não pude deixar de notar a presença de uma trapista ainda inédita para a mim, a Engelszell Gregorius Trappistenbier. Curioso foi observar que essa recente trapista estava disponível por um preço inferior a outras presentes, como a Rochefort e a Achel. Fiquei me perguntando por que ela chega aqui no Brasil a módicos R$30,00? Enfim, sem perder tempo, não pude deixar a oportunidade passar. Excelente escolha.

Para a saideira, fui seduzido pela Nigredo, que se intitulava “blacker than the blackest black".

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·    Nigredo (versão chopp), da Birrificio Italiano (Lurago Marinone,CO Italy). Lager lupulada com notas de malte tostado em um bom equilíbrio, lembrando uma Black IPA.

FLORENÇA

A cidade de Florença prometia mais surpresas, com alguns pubs bem próximos ao hotel. Mas posso afirmar que fui surpreendido mesmo por locais que menos esperava.

Um deles foi logo no tardio almoço, por volta das 15hr. O local escolhido foi a La Prosciutteria, badalado no Tripadvisor por seus panninis e tábuas de frios. Pedimos um vinho para acompanhar uma tábua e após terminarmos, uma garrafinha na pequena geladeira de cervejas tomada por rótulos de massa me chamou a atenção e, ao me aproximar, pude observar um pequeno papel pregado na porta da geladeira indicando 4 rótulos de uma microcervejaria. Porém apenas um estava disponível e não pude deixar a oportunidade passar.

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·    La 68, da Birrificio Math (Firenze, Italy). Um witbier refrescante e saborosa! Me chamou a atenção o lote e validade, escritos a caneta.

Chegada a noite, a escolha foi o Beer House Club (bem próximo a Piazza della Signoria, um dos principais pontos turísticos da cidade), local bem maior que o pub visitado em Veneza, com uma bela carta de garrafas e várias torneiras – tanto artesanais italianas como algumas consagradas.

·    PBC Ri’appala (versão chopp), da Piccolo Birrificio Clandestino (Livorno, LI Italy). IPA lupulada, bem inserida no estilo americano. 

·    Mikkeller Black Hole (versão chopp). Não pude deixar passar a oportunidade de provar minha primeira Mikkeller, ainda mais sendo uma RIS. E agradou bastante, indo para a minha lista de cervejas a provar novamente na versão em garrafa. 

·    Castigamatt (versão chopp), da Birrificio Rurale (Desio, Italy). Uma Black IPA bem lupulada, que também  agradou muito.

Em Florença os mercados também estavam recheados com algumas artesanais, seguidas por várias italianas e europeias de massa. Como eu já tinha a minha lista, preferi optar por adquirir uma para degustar no hotel:

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·    PBC Cinque e Cinque, da Piccolo Birrificio Clandestino (Livorno, LI Italy). Uma Belgian Blond Ale com pouca espuma, corpo médio, turva e perfumada. Bom dulçor do malte (sem exagero), sem amargor. Boa.

Ainda no segundo dia, passamos perto do mercado municipal da cidade, e havia a indicação de uma loja de vinhos bem próxima ao mercado que também comercializava alguns rótulos de cerveja.  Resolvi conferir então na La Divina Enoteca para ver se havia alguma da minha lista mais barata, e apesar de ter poucos rótulos na prateleira, me chamou a atenção um que levava o nome da loja, a Divina IPA. Não pude deixar passar a oportunidade de degustá-la naquele momento, e o atendente se orgulhou ao dizer que se tratava de uma cerveja feita por ele.

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·    Divina IPA, produzida pela Birrificio Artigianale Lilium em parceria com a loja La Divina Enoteca (Firenze, Italy). IPA com Lúpulos frutados, bem encorpada e saborosa. Excelente cerveja!

Confesso que esta foi a melhor IPA que tomei na viagem, talvez por fugir da carga de lúpulos que encontramos aos montes pro aí, aliada ao bom equilíbrio com o malte. E me espantei ainda mais ao constatar posteriormente pelo Untappd a obscuridade da cerveja, que possui apenas um registro! Bem, se alguém seguir a minha dica e se maravilhar com ela também, se puder traga uma para mim! :D

À noite optamos por outro pub próximo ao hotel, o King Grizzly Pub, inferior ao Beer House Club, mas que também oferecia algumas artesanais em torneiras.

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·    Area 51 (versão chopp), da Free Lions (Tuscania, VT Italy). Uma APA agradável e honesta.

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·    Riegele Augustus Weizen Doppelbock (versão chopp). Resolvi experimentar essa “double bock”, só depois constatei não se tratar de uma artesanal. Classificada como weizen doppelbock, apresentou bom dulçor e o álcool, apesar de alto, não foi sentido. Muito boa.

ROMA

Em se tratando da capital, as maiores expectativas ficaram mesmo para Roma. Ainda assim, havia a restrição citada no início do texto, de não sair muito do roteiro turístico. No primeiro dia em Roma, após visitarmos a Piazza del Popolo, fomos a um bar alemão bem próximo que eu já havia mapeado, o Lowenhaus. Poucas opções na carta de cerveja, mas a ideia aqui era dar uma variada nos estilos e nada melhor que um legítimo chopp alemão para isso, harmonizado com comidas do mesmo país. Ao chegarmos ao local, notei que eles trabalhavam com rótulos da Paulaner, ou seja, bem próximo do que temos no Brasil, mas ainda assim com algumas variações bem regionais.

·    Paulaner Original Münchner Urtyp (versão chopp), uma Munich Helles agradável e refrescante. Um pouco mais forte e encorpada que a lager mais comum da cervejaria, a Original Hell.

Mas uma das expectativas maiores da viagem era mesmo a Domus Birrae, e retornando ao hotel resolvi passar logo na loja para adquirir as cervejas que traria para o Brasil. A loja tem uma boa variedade de rótulos, com ênfase maior para a produção local. Como eu já estava com a minha lista pronta, foi mais fácil escolher. Infelizmente 3 rótulos não estavam disponíveis – Baladin Oro, Borgo My Antonia e a Borgo ReAle Extra – o que me deixou um pouco triste, principalmente pela Oro, amenizado um pouco apenas pela aquisição da Baladin Lune. Além disso, um dos rótulos só estava disponível já refrigerado, e optei então por experimentá-lo no próprio hotel.

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·    Spaceman, da Brewfist (Codogno, Italy). IPA bem lupulada e aromática (maracujá), frutada. Agradou.

No dia seguinte resolvemos ir à noite em um pub que estava bem avaliado no Tripadvisor (e que fica bem próximo ao Vaticano), mas preferimos lanchar antes em uma pizzaria bem próxima, a Pizzarium, ao lado da estação Cipro do metrô. Para a minha surpresa, ao adentrar no local, visualizei uma prateleira com alguns rótulos interessantes de artesanais italianas, entre elas a My Antonia – uma das que não estava disponível na Domus Birrae. Por €1.50 a mais do que pagaria na loja, não pude deixar passar essa oportunidade e peguei uma. Além disso, outros rótulos estavam disponíveis para acompanhar a pizza, entre eles a Borgo ReAle – não era exatamente a Extra, mas uma APA artesanal é sempre bem-vinda!

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·    Re Ale, da Birra del Borgo (Borgorose, RI Italy). Uma American Pale Ale que agradou bastante, fugindo do óbvio. Boa combinação de lúpulos e malte, equilibrada. Muito boa!

Em seguida fomos ao citado pub, o Derry Rock Pub. Escolhi esse mais pela boa avaliação que possui no Tripadvisor, apesar de não configurar entre os catalogados no ratebeer. E de fato se mostrou inferior aos demais pubs que havíamos ido até então – pouca quantidade de rótulos tanto nas torneiras quanto em garrafas. Ainda assim, encontrei algumas preciosidades:

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·    Kurt, da Bad Attitude Craft Beer (Stabio, Suíça). Uma American Pale Ale que estava mais para as Pale Ale inglesas, não sendo, portanto, lupulada da forma americana. Ainda assim, uma boa cerveja.

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·    Tripping Flowers, da Opperbacco (Notaresco, Italy). Uma Belgian Blond Ale que me lembrou a Affligem Tripel, mas com pouco aroma. Saborosa, mas o retrogosto não persistiu.

No dia seguinte pretendíamos visitar o bairro boêmio de Roma, o Trastevere. Já havíamos recebido algumas indicações de ir ao famoso Brasserie 4:20, porém fomos desencorajados pelo atendente do nosso hotel – jovem que falava um bom português, por sinal – que indagou se tratar de um lugar bastante turístico e caro. Recebemos dele a indicação de ir ao Beerland, que segundo ele ostentava a façanha de possuir 3000 rótulos (o que pude comprovar também estar informado no ratebeer). Apesar de aceitar a indicação, pude ver também que bem próximo a ele estava o pub Ma Che Siete Venuti A Fà, digno de nota 100 no beermap do ratebeer! Não poderia então deixar de ao menos conhecê-lo.

Chegamos ao local relativamente cedo, e como o Beerland ainda estava se preparando para abrir (pudemos constatar que se tratava de uma lanchonete com o diferencial das cervejas, o que pode ser confirmado pelo próprio site), aproveitamos para conhecer o Ma Che Siete Venuti A Fà (nome curioso, que em tradução literal o google me entregou “mas você veio atrás”). Constatei que o pub é do mesmo grupo da loja Domus Birrae, sendo o seu forte as torneiras, com algumas locais e outras europeias bem interessantes. O lugar é bem pequeno, com muitas pessoas preferindo beber na rua.

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·    Limoncello IPA, colaborativa da Siren (Finchampstead, England) com a Mikkeller e a Hill Farmstead Brewery (Greensboro, Vermont EUA). Como o nome entrega (limoncello é uma bebida de limão tradicional da Itália), uma IPA bem lupulada, com maracujá no aroma e sabor cítrico (leva raspas e suco de limão). Surpreendeu.

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·    Sound Wave, da Siren (Finchampstead, England). IPA bem no estilo americano, com lúpulos frutados e cítricos. Boa.

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·    Grassroots Neither, colaborativa também da Siren (Finchampstead, England) com a Cigar City (Tampa, Florida USA) e a Grassroots Brewing (Greensboro Bend, Vermont USA). Uma Double IPA carregada no maracujá, tanto no aroma quanto no sabor. Muito boa.

Fomos em seguida comer no Beerland. De fato o lugar tem uma parede recheada de garrafas, mas longe de possuir 3000 rótulos - número que, creio eu, seria bem difícil de administrar em se tratando de um produto de relativa baixa validade. O lugar também não possui rótulos locais, somente internacionais mais conhecidos, e os atendentes infelizmente não possuíam conhecimento adequado sobre as cervejas. Após escolher três rótulos que não estavam disponíveis para consumo imediato (Jack Hammer, da Brewdog, foi um deles), acabei optando pela Chica Americana IPA, que me foi vendida como sendo americana... o.O

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·    Chica Americana IPA, da holandesa Rooie Dop. Coloração mais escura que o de costume para uma IPA, aroma frutado (leva vários lúpulos), saborosa.

Como só pretendia tomar uma no local, resolvi escolher outra para tomar no quarto do hotel.

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·    Rogue Hazelnut Brown Nectar, American Brown Ale da Rogue. Aroma de malte tostado, adocicado. Corpo médio, sabor parece ir para o café, mas suaviza com amêndoas. Boa.

Por fim, já que não havia conseguido todas as cervejas que pretendia trazer, resolvi incluir na leva a Jack Hammer que não pude tomar in loco.

No dia seguinte, enquanto aguardava o meu transfer para o aeroporto que sairia da estação Termini, pude dar uma vasculhada por lá e incluir mais duas dicas: no lado direito da estação (estando de frente para os trens) tem uma escada rolante que leva a algumas lojas no subsolo, entre elas um supermercado com diversos rótulos de boas cervejas europeias (vi lá uma Leffe que não conhecia, a Vieille Cuvée, infelizmente a mala já estava cheia). Outro mercado na própria estação fica na mesma direção, só que ao invés de descer a escada, segue em frente (até sair da estação) e vai para o lado direito, seguindo a avenida. O mercado fica na própria estação, com entrada virada para a rua, e lá além de rótulos europeus eu vi algumas artesanais italianas, como a garrafa grande da Borgo ReAle. Portanto, quem estiver só de passagem por esta estação já pode encontrar bons rótulos disponíveis.

Passando a régua na viagem, já no saguão de embarque do aeroporto Fiumicino nos deparamos com o Antica Focacceria San Francesco, um quiosque onde se via em destaque quatro rótulos da Birrificio Italiano (entre eles a Tipopils, que eu já levava na bagagem). Nada melhor do que fechar a viagem conhecendo mais três artesanais:

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·    B.I. Weizen, uma German Weizen da Birrificio Italiano (Lurago Marinone,CO Italy). Sabor agradável, dulçor leve, bastante equilibrada. Muito boa.

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·    B.I. Vùdù, uma German Dunkelweizen muito boa. Aroma remetendo a malte caramelo. Saborosa, com leve dulçor.

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·     Bibock, uma Maibock/Helles Bock. Mesma aparência das demais bocks, no aroma e no sabor o lúpulo apareceu (frutado). Surpreendeu.

E assim concluímos a nossa viagem pela Itália – quer dizer, é bem verdade que um pouco da experiência ainda se estenderá pelos próximos meses...

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