Cor de cobre brilhante com uma espuma densa de decente duração.
Aroma delicioso com notas frescas de toronja e casca de laranja, um pouco de maltes tostados e um leve pinho. Bem balanceado, do tipo que você não cansa de ficar cheirando.
Sabor começa com um dulçor de maltes tostados e logo dá um tapa na tua cara com uma boca picante e amarga. Notas de toronja, levedura picante, algo de turfa, pinho, terra e “maple syrup”. Retrogosto seco com um amargor prolongado.
Corpo robusto com carbonatação média de bolhas diminutas. Sensação pegajosa. Álcool de 11.5% abv está incrívelmente escondido dada sua força, embora amorteça um pouco a gengiva.
Uma DIPA bem amarga, me fez espirrar um par de vezes (este é meu termômetro interno para IBU). Ela tem que ser fresca, é uma vergonha que a maioria das cervejarias americanas insiste em não fornecer tal informação tão importante. Cerveja bem assertiva, por isso não a classificaria como uma Barley Wine, embora pareça.
Esta cerveja te nocautea para uma boa noite de sono.
Ap.4,25 Ar.4,25 Sab.4 Sens.4,25 Cj.4
Essa Double Dog da Flying Dog se auto-define como uma Double Pale Ale ou, abusando da linguagem, uma Imperial Pale Ale. E sim, na degustação ela realmente confirma o perfil Imperial/Double que possui. Foi degustada após quase 2 anos de sua data de validade, para verificar como evoluía em guarda. Hoje já existe uma nova versão da Double Dog, classificada no rótulo mesmo como Imperial IPA.
Seu visual é robusto e sofisticado. Ela é uma cerveja marrom-escura, bem profunda, cor de brandy, um pouco avermelhada. Exibe uma faceta bem turva, mas sem efervescência ou sedimentos. Forma uma camada média/curta de creme bege claro, com minúsculas bolhas, que sumiu bem rapidamente do copo, até pela guarda e perda de carbonatação que teve. Lacing praticamente inexistente.
Aroma muito potente, muito rico e diversificado. Desde o início, volatiza muito álcool, o que confere um caráter vinoso e elegante. Traz muita sensação de frutas vermelhas e berries, com pitadas temperadas de açúcar mascavo, baunilha e canela. Malte e lúpulo também abundantes. Do malte vêm aquelas sensações de pão, caramelo, toffee, madeira/defumação, torra/chocolate, frutas escuras. Do lúpulo vêm sensações mais terrosas e cítricas, como grapefruit e laranja, sem muita definição. São tantas notas sensoriais que o conjunto fica pesado. Dá para passar muito tempo somente sentindo o aroma, e também cansando o nariz.
Na boca, o gole inicia doce e melado, com altíssima sensação de álcool e condimentos. Altíssimas picância e quentura. Lúpulo já não aparece muito evidente. Foco maior em malte tostado (café e chocolate amargo) e caramelizado, além de baunilha e canela. Final muito denso e meloso. Retrogosto quente, picante, seco e muito duradouro, remetendo a torrefação/defumação, rum, café/chocolate, baunilha, canela, passas e frutas escuras maduras. Cerveja de corpo bastante aveludado, macio, quase oleoso. Carbonatação baixa, com crocância mínima. Álcool muito potente e destoante, verdadeiramente exagerado. Drinkability bem limitada, pois a cerveja é muito pesada em álcool e dulçor, e funciona melhor se degustada bem lentamente, como uma Sipping Beer.
Pois bem, essa Double Dog é uma cerveja tão intensa, tão forte, que caberia melhor se classificada como uma Barley Wine lupulada, ao invés de Double Pale Ale ou até mesmo Double IPA. Trata-se de um verdadeiro atropelo de sensações bastante complexas, como baunilha, berries, defumação ou frutas escuras/frutas vermelhas. Sensações tais que escondem o lúpulo. É um rótulo extremamente elegante, mas com baixíssima drinkability. Seu maior pecado mesmo é o álcool descomunal. Excelente rótulo para quem lida bem com exageros.