Quem está por dentro das cervejas americanas e ainda mais quando se trata de Imperial Stout, sabe que a Great Divide faz uma das melhores e mais famosas cervejas do estilo na terra do Tio Sam. Muitos sabem também que a Great Divide faz muitos experimentos em cima da clássica Imperial Stout, como adição de chocolate, baunilha, maturação em carvalho, fermentação com Brettanomyces, etc. A versão que tive a honra de provar, na pressão, foi maturada com chips de carvalho e adicionado de café, duas técnicas já bem exploradas pelos americanos.
Como esperado para uma Imperial Stout, possui coloração bem escura, se aproximando da cor preta e com translucidez nula. Sobre o líquido, um creme marrom claro, muito denso e cremoso, com longa persistência, deixando as laterais da taça maradas durante a lenta queda.
Aproximando o nariz do líquido, a sensação de abrir um saco de café é vívida, do tipo que só a adição do próprio pode causar na cerveja e não graças aos maltes torrados. Ainda é possível sentir aromas de baunilha e madeira, acompanhados dos maltes que trazem tons de chocolate na linha de frente. Um pouco mais ao fundo, esteres frutados trazendo aromas de frutas escuras como ameixas e uvas-passas. Apesar do forte caráter torrado, os lúpulos aparecem de maneira bem evidente, trazendo notas cítricas de laranja e tangerina, além de algo meio "piney".
Os maltes trazem tanto um caráter mais adocicado que lembra chocolate ao leite, quanto um perfil amargo e torrado, fazem o contraste que adoro nas Imperial Stout. Possui as características frutadas (principalmente cerejas) vindas das leveduras e uma lupulagem bem pesada, trazendo muito amargor e até um tom "spicy". A picância também vem do álcool, perceptível, mas bem equilibrado. O corpo é extremamente licoroso, com acidez pronunciada e um amargor bem intenso de café no retrogosto, que permanece por alguns minutos.
A Great Divide conseguiu criar uma cerveja com adição de café que não se torna enjoativa, pelo forte aroma do próprio, ou por apenas ser possível sentir o mesmo, coisa que acontece com certa frequência em Coffee Stouts, ou Coffee Porters. Parabéns para a Great Divide que consegue criar uma boa interação entre maltes, lúpulos e aromas secundários.
Essa é a versão da Yeti que tem adição de café e é maturada com oak chips.
Aparência sensacional no calice! Cor totalmente negra e opaca com colarinho marrom-avermelhado abundante, com ótima persistencia e retenção. Perfeita.
O aroma é meio fraco e predominantemente de chocolate com notas de madeira, café e malte.
Sabor segue o aroma com chocolate e malte escuro com notas lupuladas. Depois percebo um pouco do café (deveria ser mais forte) assim como madeira e algumas notas levemente azedas. Aftertaste lupulado com herbal/terroso e bastante amargor.
Corpo pesado e carbonatação moderada. Mouthfeel cremoso mas ainda não chega perto da Yeti original. Drinkability também moderado.
No geral achei ela inferior a Yeti original, principalmente no drinkability/mouthfeel. As notas de espresso e carvalho deveriam ser mais aparentes, o que não aconteceu. Ainda assim é uma cerveja acima da media.
