Servida no pint nonic apresentou-se com cor âmbar com reflexos alaranjados, levemente turva e creme bege de média formação e ótima persistência. No aroma temos grama, herbal, caramelo, notas cítricas que remetem à laranja e nuances que oscilam entre menta e eucalipto (provavelmente devido ao uso do lúpulo Polaris na receita). O sabor acompanha o aroma, complementado por notas picantes. Interessante receita, ainda que fuja daquilo que estamos mais acostumados com as DIPAs inglesas ou norte americanas.
Essa Dortmund Hopfen (lúpulo em alemão) é do estilo India Pale Ale, sub-estilo Imperial IPA (ou Double IPA, DIPA, I2PA) que caracteriza uma versão "turbinada" duma IPA normal, com doses maiores de lúpulo e álcool. Sua origem remonta ao lançamento da Rogue IPA nos idos de 1996, para satisfazer os americanos apaixonados por lúpulo. É ligeiramente mais escura que uma IPA devido ao uso de malte em maiores quantidades pela necessidade de equilibrar a expressiva carga de lúpulo (variedades americanas e inglesas, em regra). Desta combinação resulta um perfil eminentemente amargo, mais alcoólico e ainda assim refrescante. Os exemplares costumam passar pelo método dry-hopping, a coloração varia do âmbar ao acobreado, podem ser límpidas ou turvas, e tem bela formação/retenção de espuma; o aroma e o sabor se apresentam dominados pelo lúpulo, este variável de saliente a intenso, com notas cítricas e resinosas; as notas maltadas se apresentam discretas ou medianas e tem algum caráter tostado e caramelado; o corpo não é alto, a carbonatação é mediana, o final é seco e o retrogosto é lupulado e persistente e a graduação alcoólica pode variar entre ABV 7,5% e 10%. No geral é um estilo fácil de beber, sobretudo para os amantes do lúpulo.
A Dortmund Hopfen é especial, pois, trata-se de uma Imperial German IPA feita apenas com insumos alemães, entre eles 4 tipos de lúpulo que proporcionam um potente amargor (BU 80). De perfil herbal difere das americanas (perfil cítrico) e inglesas (perfil floral/terroso).
É produzida pela Cervejaria Dortmund, de propriedade de Marcel Longo, localizada na cidade paulista de Serra Negra e fundada no ano de 2011. Com ótima presença no mercado nacional já tem planos de iniciar exportações para os Estados Unidos e Europa em 2015 e é a primeira micro cervejaria sustentável do Brasil na medida em que utiliza caldeira à lenha, madeira de reflorestamento, trata a água utilizada na produção e tem reserva de mata atlântica no terreno da fábrica (fonte: www.bebendobem.com.br). Do portfólio este é o terceiro rótulo que degusto (antes, Schloss e Linderhof).
Lote 02 – validade 24.10.2015. A garrafa é de 600 ml, cor marrom, e possui uma bonita tampa nas cores preta e amarela que contém o nome e o símbolo da cervejaria, este uma águia muito semelhante àquela contida no brasão da Alemanha; no gargalo uma ‘gravata’ na cor verde traz os dizeres ‘cerveja forte escura’ e uma flor de lúpulo no lugar usual do aludido símbolo. O rótulo é igualmente belo, constituído de retângulo na cor verde que traz em destaque as figuras de flores de lúpulo e da Catedral de Berlim. Apresenta ainda as inscrições ‘Hopfen’, ‘Imperial German IPA’ e que é produzida segundo a Lei de Pureza Alemã de 1516. Nas laterais do rótulo uma profusão de informações: - sobre a qualidade dos produtos da cervejaria, endereço e contatos, menção à utilização de insumos alemães, impressões sensoriais, copo recomendado (pint), temperatura de serviço (8 - 12ºC), ingredientes e modo de conservação.
Vertido na taça o líquido revelou uma coloração alaranjada de turbidez mediana e com sedimentos no fundo da garrafa/em suspensão. A espuma se revelou de matiz bege, com razoável formação e boa cremosidade; a persistência do creme foi mediana e foram desenhadas algumas rendas pelas laterais da taça. Por fim, uma camada tampão restou perene sobre o líquido. Perlage (bolhas) perceptível.
O aroma desprende bem e com boa intensidade, tendo revelado um potente amargor e uma base maltada menos robusta que aquela usualmente verificada em exemplares do estilo. Percebi notas de caramelo, tostado e nozes, aliado a um saliente lúpulo que lembra pinho, laranja e menta (impressão de bala de hortelã). O álcool é saliente e volatiza bem.
No paladar o líquido se apresenta aveludado e referenda a potência amarga sinalizada no olfato. Apenas o início tem algum dulçor, com notas maltadas de tostado, caramelo e nozes, mas que rapidamente jaz soterrado por uma carga possante de lúpulo com sensação de pinho, menta e cítrica de laranja. O final se apresenta amargo e seco e o retrogosto é picante. O corpo e a carbonatação são médios. O álcool de ABV 8,5% é potente, mas não agride e proporciona agradável aquecimento. A palatabilidade é ótima – breja fácil de beber, sobretudo para os que flertam com cervejas hiper lupuladas.
Degustação bastante prazerosa, proporcionada por um conjunto bem representativo do estilo e o que é melhor – ‘puro-sangue’ alemão.
Bela IPA, coloração acobrada, turva com espuma densa de boa formação e que permaneceu mais baixa. Incorpada e bastante amarga, álcool bem inserido. Aroma cítrico delicioso. Bebida na casa do Gui na cia do mesmo, Carol e Lorena. Mais uma Dortmund que agradou bastante.