Beer Evangelismo: O churrasco, Parte 2

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churrasco1Sábado de manhã, sol, calor, o dia se promete à preguiça. Só que você está no gás total, louco pra extravasar e botar pra fora de si mesmo os demônios e os sapos engolidos no trabalho durante a semana.

Eis que o seu telefone toca. É a boa do dia. Na ponta da linha você ouve seu amigo, aquele que tem uma chácara bem bacana. E ele te convida pra um churrasco com o pessoal todo. As despesas com as carnes serão rachadas depois pelos convivas. Quanto à cerveja, ele pede que cada um leve “uma caixinha”.

Ok, tudo muito legal, você precisava justamente disso pra relaxar e pôr em dia o papo com a rapaziada. Acontece que você é um beer-evangelizado e não está nem um pouco a fim de passar o dia tomando as brejas “de sempre”. Ainda mais porque você comprou uma caixa daquela weizenbier alemã que estava em promoção por que ia vencer a validade, a R$ 1,85 por unidade de 500ml. E você estava justamente esperando um sábado de sol e calor pra “matar” as danadinhas. E sábados de sol e calor sempre imploram por uma — ou várias — weizenbier.

Você então se pega avaliando uma situação que ainda é inusitada em terras patropis. Ou se resigna ao status quo e leva ao churrascão “uma caixinha” da standard lager de sempre, ou mostra sem medo nem pejo a suachurrasco2 personalidade, chegando em triunfo com meia dúzia das alemãzinhas que anseia degustar naquele dia. Se optar pela segunda hipótese, prepare-se pra ser olhado com um misto de estranheza, raiva e inveja. Tem gente que acha até falta de educação. Em alguns casos, registram-se a ocorrência de ataques verbais ou mesmo físicos, com consequências criminais. Você automaticamente passa a ser o “fresco”.

A boa notícia é que a cada dia mais frescos saem dos seus esconderijos fortuitos, nos quais entraram para fugir da boiada passando. São pessoas que subitamente descobriram que até mesmo no churrascão é possível manter certa qualidade em cervejas, e gastando praticamente o mesmo valor em dinheiro, bastando apenas algum conhecimento e uma rápida pesquisa de preços. Na geladeira dessa gente as “de sempre” há tempos já não figuram mais.

Apesar da resistência dos “torcedores de rótulos“, é muito bom que o torcedorderotulomovimento dos frescos esteja acontecendo. Pra quem, como eu, é um otimista congênito, trata-se de um franco amadurecimento progressivo dos hábitos de consumo do brasileiro. É o direito de escolha se manifestando. Por qual motivo eu tenho de beber “as mesmas”, se por acaso, naquele dia, quero beber “as minhas”?

Tá bom, eu confesso: Sou um desses frescos. Não é firula, nem desejo de “me mostrar”. Apenas quero desfrutar da companhia dos meus melhores amigos com a cerveja que considero ser a melhor, pra mim, praquele momento específico.  Não precisa, mandatoriamente, ser “a mesma”, certo?

Certo! É tudo questão de personalidade e de escolha. Pra esses amigos, quando me lançam olhares esquisitos, não antagonizo. Como não demonizo a cerveja de ninguém, as eventuais piadinhas logo se desvanescem. Sobra no lugar a curiosidade. Quem tem cabeça aberta geralmente quer experimentarchurrasco3 as brejas que eu levo.

Infelizmente, pra tudo na vida há um preço a ser pago. Esse preço, no meu caso e nessa situação, é beber em menor quantidade a “minha” cerveja, porque a galera acaba se encantando com a “novidade”…

Pois então deixe o pânico de lado, encha a sacolinha com as brejas que mais tiver vontade de tomar naquele dia, apareça no churrascão de cabeça erguida, respire fundo e junte-se a nós, os frescos!

11 Respostas para “Beer Evangelismo: O churrasco, Parte 2”


  • 1 Michael Cristian Godinho

    Grande Mauricio

    Muito pertinente a sua colocação, de fato hoje vejo o meu mundo assim também.
    Apesar de eu estar engatinhando no assunto de cerveja, tanto na parte de experimentar as brejas como fabricar artesanalmente estou notando uma grande diferença entre a industrial e a artesanal. No que se refere à cerveja com personalidade não posso negar que não temos como comparar uma com a outra, artesanal é show.

    Se pensar assim, ou agir da forma que estou a fazer significar ser um Fresco então meu amigo… To com tigo e não abro mão!!!

    Logo que minha cerveja estiver pronta lhe mando algumas garrafas para lhe confortar em um sábado ensolarado…

    Mais uma vez tenho que lhe dizer:
    P A R A B É N S pela ótima matéria.
    Nota 10!

  • Bem, eu estava tranquilão dentro do armário, quando Maurício e outros confrades do Brejas vieram me puxar. Pronto, não apenas me tornei “fresco”, como passei a me dedicar ao beer evangelismo, notadamente por meio do nosso já famoso projeto Pratos & Brejas. Sei não, mas como um eterno otimista, feito o Mau, tô achando que isso tudo vai acabar em um bocado de gente afrescalhada. Saúde aos frescos!

  • Em tempo: Michael, também quero degustar a breja da sua lavra, hein!

  • 4 Michael Cristian Godinho

    Claro meu amigo, vou separar para você…
    No proximo curso do Afonso eu estarei lá ai eu levo!

    Grande abraço!

  • É, somos todos ótimos frescos!

  • Não é fácil remover o manto de manipulação e publicidade que as grandes colocam no povo, mas uma vez retirado o manto, a pessoa de sorte passa a sentir o grande prazer que uma cerveja pode proporcionar.

  • Olha. Pra mim, fresco mesmo é quem toma aquela coisa aguada de sempre e não tem peito pra encarar uma cerveja mais encorpada ou álcoolica.
    Não vejo nada de também fresco gastar mais em cerveja que em roupas ou cosméticos…

  • Aqui em s.p. encontram-se em grandes mercados cervejas estrangeiras a preços bem interessantes, o que torna mais acessivel o conhecimento de outros SABORES.
    Bem diferente das aguadas e patéticas cervejas industrializadas nacionais, que atualmente existem várias marcas, pórem sem qualidade.
    Como degustei por volta de 40 cervejas importadas, bebo cerveja para sentir o gosto e não para saciar a sede como a maioria faz.
    E essa maioria mudaria de opinião quando experimentasse uma cerveja realmente saborosa e de nível.
    Aí deixariam de pensar que isso é frescura.

    Abraços !

  • Isso não é frescura, e sim ter um paladar refinado !

  • Olha já faz quase um ano que eu sou um desses frescos, e olha, eh muito bem ver suas crias crecendo e se aventurando por esse delicioso mundo das cervejas DE VERDADE =]=]=]

  • Eu já tenho uma opinião que diverge um pouco do pessoal acima.
    Penso que no caso de “levar” a própria cerveja a um evento que a maior parte será cervejas comuns, tudo bem, o gosto( e bolso) de cada um é que dirá se leva ou não a tal cerveja especial. Só penso que ir a algum evento (como casa de amigos e festas) que apenas tem as comuns, e se negar a tomar porque são comuns, é falta de respeito. Mesmo porque muitas vezes a comum é a melhor que o bolso da pessoa pode comprar, e com certeza essa pessoa comprou pensando na diversão de todos etc.
    Em casa, sozinho, só tomo as especiais, mas fora de casa em eventos que tem comuns, eu não ligo de toma-las.

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