Comemore o Natal e o Réveillon com cerveja!

Por Mauricio Beltramelli*

As festas de final de ano estão chegando a galope, e os supermercados e empórios já estão fervilhando de gente ávida para garantir os ingredientes das ceias. Curiosamente, embora por estas plagas faça um calor dos diabos em dezembro, o brasileiro, em geral, segue tradições americanas e europeias quando o assunto é comemorar. Desde a árvore de Natal coberta de uma suspeita “neve” de algodão até a roupa de feltro grosso do Papai Noel, a impressão geral é de estarmos nas nevascas de inverno do Hemisfério Norte. Por fim, em matéria de bebidas comemorativas, pensa-se logo no champanhe e no vinho, também tradicionalmente bebidos para esquentar quando se está no clima enregelante da Lapônia, dada a sua destacada potência alcoólica.

Nada contra os fermentados de uva, mas… E a cerveja? A bebida, embora seja de longe a mais popular e querida entre os brasileiros, nas festas de final de ano quase sempre é relegada ao terceiro plano, frequentemente sorvida em grandes quantidades, despreocupadamente, com o objetivo único de embriagar-se. Para escoltar o peru e o pernil, só vinho e champanhe. Isso ocorre porque a maioria dos brasileiros ainda não se deu conta da imensa variedade de estilos e rótulos disponíveis nas gôndolas, a preços por vezes muito menores do que a bebida de Baco, e com um poder de harmonização surpreendente. Não acredita? Pois vejamos.

Para começar a festa, prefira as cervejas do estilo Premium Lager, exemplo das brejas Heineken, Stella Artois ou da brasileiríssima Colorado Cauim, artesanal de Ribeirão Preto (SP), feita com mandioca na receita. Estas, por sua leveza e refrescância, são ideais para harmonizar com petiscos também leves, como canapés, cornicciones ou mesmo os onipresentes salgadinhos de entrada. Emende com as cervejas de trigo para acompanhar pratos um pouco mais elaborados, como carpaccio de salmão, saladas, risotos e patês de aves. As refrescantes sugestões são inúmeras, exemplo das alemãs Erdinger, Paulaner e Baden Baden Weiss, essa última feita em Campos do Jordão (SP).

É hora de cair de boca nos pratos principais. A dica é harmonizá-los com cervejas mais encorpadas e cheias de sabores, como a Bamberg Rauchbier, artesanal paulista feita com maltes defumados, para acompanhar preparações também defumadas, como a carne de porco. Ou a Eisenbahn Dunkel, natural de Blumenau (SC), para escoltar o peru ou o presunto de Parma.

A cerveja, ainda mais do que o vinho, é a rainha das harmonizações com sobremesas. As do estilo Wit, caso da belga Hoegaarden, escoltam à perfeição doces com laranja.  Já as de trigo (de novo!) harmonizam com sobremesas com maçãs. Escolha as cervejas do estilo Tripel – caso da também belga Chimay Tripel – para acompanhar preparações com frutas cítricas. Já para os doces à base de chocolate, prefira as brejas mais escuras e com maltes tostados lembrando café e chocolate amargo. Um tiramisú combina maravilhosamente com a clássica cerveja irlandesa Guinness.

Chegou a hora do grande momento do brinde. De novo, o reino cervejeiro dá um show, com rótulos nobres que seguem à risca o método chamado de champegnoise, utilizado na região francesa de Champagne para os grandes vinhos espumantes. A exemplo deles, são brejas com lindas apresentações, garrafas lacradas com rolhas de cortiça e rótulos clássicos, como as belgas DeuS Brut des Flandres e Malheur, e a brasileira Lust. Todas são feitas para serem servidas em taças flûte e ostentam maravilhoso perlage, bem como personalíssimos aromas e sabores herbáceos, condimentados, florais, cítricos e frutados, perfeitos para uma comemoração para lá de elegante.

Cerveja é muito mais do que um líquido feito apenas para refrescar, e a prova está na imensa variedade à disposição do consumidor. Aventurar-se nessa bebida extremamente versátil pode ser uma experiência extremamente surpreendente e prazerosa. E a chegada do Ano Novo pode vir a ser também a virada nos seus hábitos e a sua relação com a cerveja!

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* Mauricio Beltramelli é Sommelier de Cervejas diplomado pela Doemens Akademie (Alemanha) e Mestre em Estilos de Cerveja e Avaliação formado pelo Siebel Institute de Chicago (EUA), além de editor do BREJAS, hoje o maior portal sobre cervejas na Internet brasileira.