Colorado indignada com o cervejeiro da Guinness

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Abaixo, a íntegra do comunicado transmitido ao BREJAS pela Cervejaria Colorado:

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 COMUNICADO DE INDIGNAÇÃO

Movimento “Quem é você que não sabe o que diz”

A Cervejaria Colorado vem a público manifestar sua indignação ao comentário maldoso, pouco ético e sem fundamento emitido pelo mestre-cervejeiro da Guiness, Sr. Fergal Murrey, em relação à cerveja brasileira.

Agora que a Europa está em crise, parece que as grandes cervejarias estrangeiras começam a ter um grande interesse no nosso mercado. Semana passada esteve em São Paulo o cervejeiro da Guinness Sr. Fergal Murray “a convite” da multinacional DIAGEO, para ensinar brasileiro a beber cerveja, a deles.

Foi ao Anhanguera, que só vende cervejas artesanais brasileiras, e com uma careta qualificou a cerveja Demoiselle, da Cervejaria Colorado, como  “É café, gelo e álcool”. Oras bolas, Sr. Murrey! Gosto à parte, mas paladar é fundamental nesta nossa jornada de cervejeiro. Preferimos acreditar que fôlego lhe faltou neste maravilhoso tour beergastronômico pelo Brasil. Pior ainda foi que o comentário saiu publicado no Jornal da Tarde do último dia 21/10/2008, sob o título “Em busca da loira perfeita”.

 

Em resposta a este palpite infeliz do Sr. Fergal Murray, fazemos questão de manifestar nossa indignação e desrespeito à cerveja brasileira, que com muita luta vem criando sua própria escola, com muita garra, perseverança e dedicação das micro-cervejarias.

O referido palpite do Sr. Murrey não surtiria tanta indignação se viesse de uma observação isenta, mas o texto já desde o título dita idéias eugênicas (“Em busca da loira perfeita”, como se toda cerveja fosse loura e alguma delas perfeita), e segue num tom abertamente colonizador com o cervejeiro, pretendendo ensinar o repórter a beber, ser homem e assumir o controle. Rechaçamos com veemência esse tipo de postura.

Quem nos lê sabe que a Cervejaria Colorado é brasileira com muito orgulho, e utiliza os melhores ingredientes somados a toda criatividade de profissionais respeitados e premiados no segmento para elaborar seu portifolio. E a Colorado não faz só a Demoiselle, faz vários outros tipos de cerveja usando maltes e lúpulos, é claro, mas também ingredientes tipicamente regionais, como o mel de laranjeira, a mandioca, a rapadura e o café. Isso nos difere das estrangeiras, está fazendo com que nossas vendas aumentem a cada dia, e o mais importante, estamos agradando e construindo o paladar brasileiro para as cervejas premium. Será que é isso que aflige a produção massificada a ponto de ser recebermos comentários nada éticos como o do Sr. Murrey?

Então, como ninguém da Cervejaria Colorado vai à  Irlanda espinafrar por escrito as cervejas irlandesas, resolvemos dedicar um sambinha ao Sr. Murray:

PALPITE INFELIZ

(CANÇÃO ADAPTADA de Noel Rosa, em honra a Ricardo Rosa, autor da Demoiselle)

Quem é você que não sabe o que diz?

Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!

Salve Dado, Bamberg, Falke

Wals e o Schmitt

Que sempre souberam muito bem

Que a Colorado não quer abafar ninguém,

Só quer mostrar que faz cerveja também

Fazer cerveja  em Ribeirão é um brinquedo

Temos bons chopes sabe até o arvoredo

Eu já chamei você pra ver

Você não viu porque não quis

Quem é você que não sabe o que diz?

A Colorado é uma cervejaria independente

Que tira chope, mas não quer tirar patente

Pra que ligar a quem não sabe

Aonde tem o seu nariz?

Quem é você que não sabe o que diz?

Deixamos aqui registrado nosso pesar ao paladar vicioso do Sr. Murray, que ao experimentar o novo e inusitado produto tropicalizado brasileiro não soube apreciar o que tem sido aclamado pelo público nacional. A todos os outros desejamos um brinde!

Segue o link da matéria do JT para quem quiser conferir na íntegra:

Em busca da loira perfeita :: TXT JT  

15 Respostas para “Colorado indignada com o cervejeiro da Guinness”


  • Sinceramente, não vejo motivo para pânico. Entendo que o pessoal da Colorado esteja melindrado pela declaração do mestre-cervejeiro – que ao mesmo tempo tem autoridade para fundamentar e rabo preso para aumentar sua crítica. Mas creio que melhor que um texto panfletário, a resposta da cervejaria deve vir no seu produto. Não se fazer de vítima quando recebe uma crítica destas é tão importante quanto não achar que se é a oitava maravilha do mundo quando Michael Jackson veio e foi só elogios à Indica. Pessoalmente, vejo a opinião do Sr. Murray apenas como isso, uma opinião. Que merece ser respeitada. Na minha modesta percepção, inalterada pelas palavras do bretão, a Colorado continua entre as mais interessantes cervejarias deste país. Cerveja – graças a Deus – não é ideologia.

  • Vou expressar a MINHA opinião sobre isso…

    Gosto, cada um tem o seu. O Murray, a Rainha Elizabeth ou o Zé das Couves,
    qualquer um. Então, nesse compasso, o Murray tinha o direito de,
    eventualmente, não gostar da Demoiselle (ou de qualquer outra cerveja).

    O que eu acho que foi má-fé, coisa de espírito de porco, foi A REPORTAGEM
    ter publicado uma reação negativa dele. Com certeza, ele tomou várias
    brejas por aqui (na foto, inclusive, tem uma Wäls aberta). E, certamente,
    gostou mais de algumas do que de outras.Porquê a reportagem foi se referir
    APENAS à Demoiselle? Porque é da Colorado? Porque é do interior? Porque o
    sucesso da Colorado tá incomodando alguns grupos?

    Acho que A REPORTAGEM foi irresponsável, e não tanto o Murray, que emitiu uma
    opinião particular dele — embora o cara seja um formador de opinião. Ele fez careta quando tomou a cerveja? Não precisa publicar isso, sob pena de queimar a marca por causa de UMA opinião singular.

  • 3 Daniel C. (BREJAS)

    Concordo com vocês dois, Karl Loss e Mauricio.

  • 4 Luis Antonio Teixeira

    Sinceramente,acho que todo mundo tem o seu estilo de cerveja preferido,gosto não se discute,porém achei desagradável e desnecessária a atitude do Sr. Murrey,bastava apenas dizer que precisava melhorar e ficaria tudo bem para ambas as partes.
    Eu confesso que amo as cervejas da Colorado ,tanto é que minha cerveja preferida é a Colorado Indica,mas vou confessar uma coisa,a Demoiselle tem um gosto muito forte de café,acho que se ela fosse mais suave ,seria mais agradável, pois na minha opinião harmonizaria melhor,mas mesmo assim não é ruim ,só a acho exagerada,e acredito que muitos pensam assim como eu.
    Acho que a Colorado não deve se abater com esse tipo de coisa,só deve procurar sempre aprimorar suas cervejas até a excelência,pois qualquer coisa por melhor que seja pode ser melhorada ainda mais, portanto amigos da Colorado deixem isso pra lá e continuem no caminho em que estão, sendo sempre inovadores e pioneiros em diversos estilos os quais vocês ainda poderão nos brindar.
    Parabéns a Colorado por incomodar tanto.Sou mais vocês!!!!!

  • Discordo do comentário sobre a reportagem. Querer acusar a matéria é a mesma coisa que culpar um narrador esportivo que atuou no jogo em que seu time perdeu. O cara está lá relatando as impressões do cervejeiro, e acho, por mais que o mercado esteja crescendo – e muito -, que o texto passa beeem longe de coisas como “conspiração da Diageo contra a Colorado”. Ainda mais em um caderno de Variedades.
    O repórter tem, ainda, todo direito de ter incluído apenas a Demoiselle no texto – afinal, é a cerveja mais inovadora que o Murray deve ter provado em sua viagem. E isso, independente de gosto, é um grande mérito da Colorado. O que o jornalista deveria ter feito, isso sim motivo de discussão, é uma regra básica do jornalismo: ouvir a pessoa/grupo citado negativamente e colher sua resposta ao fato, para publicar junto com a matéria. Como, aliás, os sites estão fazendo, ao juntar, em anexo, a matéria.
    Achar que a informação não deveria ser divulgada é um precedente muito perigoso. Não custa lembrar que, não faz muito tempo, um conhecido degustador foi alvo de ação judicial de uma grande empresa por ter feito uma crítica técnica negativa de um produto divulgada em uma revista. Careta, crítica ou quetais podem e devem ser divulgados, até para suscitar o debate que começou em seguida. Mas sempre observando a regra de ouvir os dois lados. Mais que jornalismo, isso é visão crítica.
    PS: e eu gosto da Demoiselle.

  • Bob,

    Pensando bem, concordo contigo. E mudo a minha opinião. Afinal, o jornalista é você, e com certeza sabe o que diz.

    Mas reforço o que você disse: A postura do jornal seria a de ouvir a parte contrária.

    Um abração.

  • Desconfiar de jornalistas é mais que saudável. Eu mesmo, quando fui entrevistado para um jornal local sobre cervejas artesanais brasileiras, tive várias declarações distorcidas pelo cidadão que redigiu a matéria em sua versão final. Sem falar nas perguntas induzidas, no qual o repórter de força a falar obviedades somente para poder atribuir uma fonte a uma opinião que é dele. Mas separar o joio do trigo é mais fácil que parece, e pelo jeito algumas pessoas aqui sabem disso. De minha parte, farei um brinde duplo à essa história toda, com uma Guinness e uma Demoiselle. Cheers!

  • Galera,

    Não dá nem pra comentar a matéria. Ao lê-la, fica claro que o enfoque dado pelo jornalista não é a respeito da opinião que o Mr. Murray teve das cervejas brasileiras, e sim da noite animada que ele passou com o gringo bebendo na conta do jornal.

    É a opinião de um cara, provavelmente dada informalmente, que foi expressada de maneira exagerada pelo jornalista. Como o Karl falou, o pessoal escreve o que quer, não importa o que foi dito na realidade.

    Acho que uma das coisas mais saudáveis para qualquer produto é a crítica. Sem ela, não nos esforçaríamos para melhorar, não teríamos aumento da qualidade ou mesmo competição. Eu ficaria indignado se as cervejas da Colorado fossem tão irrelevantes que nem tivessem sido incluídas na degustação, isso sim.

  • Puxa… mas o Murrey tem razão 😉

  • Devagar com o andor (rs). Sobre problemas com jornalistas, e antes que alguém ressuscite o caso da escola “de base” (que na verdade se chamava Escola Base, não sei de onde tiram esse ‘de’, mas sempre o incluem), vale a manjadíssima máxima: maus profissionais há em todo lugar, o jornalismo não é exceção, assim como o meio cervejeiro. E a mídia especializada em cerveja ainda está em fase de formação, para ser bem bonzinho.
    Sobre a matéria, conheço o repórter e posso dizer com tranquilidade que o cara é bom no que faz e não distoreria o que disse Mr. Murray. Vale lembrar que a reportagem saiu no caderno de Variedades, ou seja, entretenimento. Basta ler o primeiro parágrafo da matéria para sacar que não é um texto especializado sorbe cervejas, e sim uma matéria bem-humorada com um mesre-cervejeiro irlandês que se meteu a tomar cerveja por aqui. O objetivo era justamente mostrar as impressões dele no “ambiente”. Se ele o fez de maneira inapropriada ou grosseira, problema dele. O cara sabia que estava ao lado de um repórter, sabia que o que dissesse ou fizesse poderia aparecer na matéria e mesmo assim deu nisso.
    Há um lado bom nessa polêmica toda: mostra que há um mundo de cervejas artesanais nacionais, e não apenas a manjada dupla “Erdinger e Guinness” como referências de produtos diferentes. Acho que o cervejeiro tem direito de dar sua opinião, assim como de se responsabilizar por ela.
    PS: Karl Loss, apesar do nome, deduzo conhecê-lo pelo texto…rs

  • Bueno, independente se houve leviandade ou não de qualquer parte, volto a meu ponto inicial, de que a reação da Colorado foi exacerbada. Na prática, vendo as reações neste e em outros blogs cervejeiros, a empresa deve até ter saldo positivo com a exposição gerada. Mas o principal é o seguinte: ninguém tem a ganhar com a criação de sub-versões da guerra de “torcedores de rótulos” inventando coisas do tipo “Artesanais Brasileiras x Importadas”, ou pior ainda “Artesanais independentes x Associadas a grupos cervejeiros”. Sem esse tipo de picuinhas, ganham consumidores e empresas, com o crescimento do mercado que irá gerar variedade e disponibilidade para os primeiros e receita para os últimos.
    PS: Bob, não faço a menor idéia de onde você possa me conhecer. Sds.

  • 12 Alexandre Bazzo

    Gostaria de dar meu apoio a Cervejaria Colorado. Em minha opinião a única pessoa que errou foi o cervejeiro Murrey, teria sido muito interessante para nós cervejeiros brasileiros se tivéssemos organizado uma degustação de cervejas artesanais com Murrey, uma degustação séria, em lugar apropriado, ele nos fornecendo opinião técnica, sobre off-flavors, contaminação e eventuais erros de processo, o que um mestre cervejeiro treinado é capaz de fazer facilmente, estas críticas teriam sido muito úteis para nós. O problema foi a cara feia ao tomar a cerveja e a frase infeliz sem embasamento técnico, o ambiente onde tudo ocorreu, daí a revolta de quem produziu a cerveja, e com razão. Acredito que é o mesmo pensamento da Colorado, críticas são bem-vindas, mas desde que tenham fundamentos técnicos, desde que seja para ajudar, nos orientar e não para desmerecer, ou desdenhar do produto e principalmente da marca. Nós sabemos o quanto nos dedicamos diariamente para fazer as nossas cervejas.
    Quanto ao jornalista e ao fotografo, estavam fazendo o trabalho deles, conseguiram uma foto polêmica e uma declaração infeliz.
    Onde o Murrey errou? Na falta de ética em falar sobre uma marca de cerveja de um país que estava recebendo-lhe e sem conhecer toda a história desta marca, sendo ele um profissional cervejeiro que deveria estar divulgando a marca que o pagou para estar aqui no Brasil sem falar das outras, focar no que lhe foi destinado.
    Por que decidi dar minha opinião? Porque como foi a Colorado, poderia ter sido a minha cerveja e minha indignação teria sido a mesma do Marcelo.

  • […] Movimento “Quem è Você Que Não Sabe O Que Diz“, deflagrado pela Cervejaria Colorado a partir de uma reportagem na qual o mestre-cervejeiro […]

  • Na minha opniao, pessoas publicas e ou que possui um conhecimento tao reconhecido acabam servindo de referencia … sao denominados Pessoas Formadoras de Opniao, que geralmente são sempre o centro de atencao da midia como um todo inclusive Reporters… bons… e maus… maus no sentido que nao podem negar que existem reporters serios e reporters senssacionalistas…. e nao podem negar… estudaram a mesma coisa… e as vezes ate com os mesmos mestres (literatura)….

    estando nesta posicao, qualquer pessoa assim denominada devem ter um profundo senso de policiamento para nao deflagar estado de postura que as vezes não foi o que queria passar…!!

    pode ser que o sr murray tenha descuidado em seu “policiamento” ou pode ter sido uma acao intencional… o fato eh que nunca vamos saber…!! e nem pretendo….!! a questao é que o reporter foi muito “paga-pau” e sendo assim qualquer coisa que ele falava ou fazia torna-se venerado para essa pessoa….!! nada a ver esse negocio de “tomar cerveja como macho…. eh assim que se toma cerveja… faca um olhar assim ou assado…” por ai da pra ver que esse reporter estava totalmente seduzido pela fama desta pessoa…!!

    errou sim o sr murray…!! por ter feito um comentario infeliz que nao expressa uma critica construtiva… de forma alguma…!! ou por ter descuidado dessa postura que uma pessoa como ele deve ter….!!

    se uma pessoa apresenta um programa infantil por exemplo… for vista ou retratada por um paparazzi fumando…. bebado(a)… drogado(a)…. seria igualmente irresponsavel…

    o paparazzi ta errado??? nao ele agiu como sua natureza…!! senssacionalista…. destrutiva….!! perturbadora…!!

    o jornalista é o canal entre os formadores de opniao e a massa… (mortais…) e sendo assim possuem uma responsabilidade ainda maior….!!!

  • […] que teria dito que a breja ribeirão-pretana era apenas “café, gelo e álcool” (veja AQUI a matéria, e a resposta de Murray AQUI). Será que, em razão do prêmio, teremos algum […]

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