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Detalhe da Avaliação

4.0 82
Bélgica
Mauricio Beltramelli
Mauricio Beltramelli
28 de Agosto de 2008 13359
(Atualizado: 05 de Junho de 2014)
Avaliação Geral
 
4.4
Aroma
 
8/10
Aparência
 
5/5
Sabor
 
18/20
Sensação
 
4/5
Conjunto
 
9/10
Tradicional cervejaria belga, é por muito pouco que a "St. Bernardus" não pode ser considerada uma "trapista" com raízes monásticas francesas. Devido à forte política anticlerical que assolava a França ao final do século XIX, os monges trapistas da Abadia de Mont des Cats, localizada em Godewaersvelde, foram obrigados a atravessar a fronteira e se refugiarem na vila de Watou, região de Flandres Ocidental belga, fundando assim o "Refuge Notre Dame de St.Bernard". Para se manterem ali dedicaram-se a produção de queijos de abadia - atividade que perdurou até 1934. Graças a retomada das relações com a França, foi neste ano que os monges decidiram retornar ao país de origem deixando para traz o anexo belga e a fábrica de queijos que acabou assumida por um senhor chamado Evarist Deconinck (quem a expandiria nos anos subsequentes).

Após o fim da Segunda Guerra em 1945, a "vizinha" Abadia de St. Sixtus (hoje famosa por suas cervejas trapistas Westvleteren) decidiu que não queria mais produzir diretamente as próprias cervejas e por isso estava procurando alguém que se dispusesse a fabricá-las sob licença. Interessado, o senhor Deconinck converteu um dos prédios da fábrica de queijo numa cervejaria e assinou um contrato que o autorizou a produzir e comercializar as cervejas trapistas para a Abadia de St. Sixtus durante 46 anos. Com o fim da licença em 1992, um novo critério exigia que para ser considerada autêntica trapista a cerveja teria de ser produzida nas dependências de um monastério trapista, o que fez com que os monges da abadia de St. Sixtus tomassem de volta para si a produção e comercialização das cervejas Westvleteren. Com isso a cervejaria que durante décadas produziu para os monges foi obrigada a mudar o nome da cerveja, batizando-a de "St. Bernardus".

Por isso tudo, a "St. Bernardus" mantém hoje o mesmo padrão de qualidade de uma legítima cervejaria trapista.

Líquido de coloração amarelo ovo translúcido com significativa turbidez de sedimentos em suspensão. Na taça forma espesso colarinho branco e duradouro que mais se parece um creme de barbear. Coisa linda!

Bastante esterificada, traz aroma impregnado por notas frutadas remetendo à abacaxi, pêssego, lima da pérsia e ameixa fresca. Fenóis de cravo e pinceladas de coentro abraçam ainda reminiscências de levedura. Magnífico!

Na boca mostra corpo médio de textura aveludada e alta carbonatação. O sabor de intenso caráter cítrico remete à raspas de lima da pérsia e limão siciliano, passando inclusive por nuances que lembram suco de abacaxi com hortelã - um desbunde. Moderado floral surge meio a notas cítricas/frutadas, culminando num final surpreendentemente refrescante em face do elevado teor alcoólico. Discreto amargor pontua o retrogosto bem como ecos de coentro e levedura.

'Tripel' de qualidade invejável com inacreditável 'drinkability' - uma das melhores que já provei do estilo. Certeira para veteranos, tem potencial também de conquistar novatos neste incrível universo das cervejas de verdade. Um brinde!



Detalhes

Degustada em
04/Junho/2014
Envasamento
Volume em ml
330 ml
Onde comprou
Tauste, Marília - SP
Preço
R$ 15,90
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