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Detalhe da Avaliação

4.5 221
Bélgica
Mauricio Beltramelli
Mauricio Beltramelli
18 de Agosto de 2008 63352
(Atualizado: 18 de Outubro de 2014)
Avaliação Geral
 
4.8
Aroma
 
9/10
Aparência
 
5/5
Sabor
 
20/20
Sensação
 
5/5
Conjunto
 
9/10
Esta Trappistes Rochefort 10 é uma cerveja de alta fermentação do estilo Belgian Strong Ale, sub-estilo Belgian Dark Strong Ale, este caracterizado por apresentar cervejas mais escuras (que suas primas de estilo), mas em regra igualmente fortes, bastante complexas, encorpadas e saborosas, com um ABV que pode chegar aos 12%. Com destacada formação de espuma as BDSA apresentam aroma e sabor dominados por dulçor de maltes, especiarias e frutado, notadamente de frutas secas. O lúpulo é sutil, o corpo é variável e a carbonatação é elevada. No BJCP é escalada como ABT/Quadrupel, estilo que de modo geral é caracterizado pela robustez oriunda da forte presença de malte (algo como 4 vezes a quantidade habitual numa receita básica, o que manterá as leveduras em ação por mais tempo), baixa lupulagem, teor alcoólico elevado (acima de ABV 10%), aromas frutados, condimentados, de cereais, especiarias etc.

É produzida pela cervejaria Rochefort, sediada no município belga homônimo, e instalada no interior do Mosteiro Notre Dame de Saint Remy. A história da Abadia remonta ao ano de 1230 com a fundação dum Convento. Em 1464 um Mosteiro foi instalado no local. Foi invadido e destruído por Exércitos Protestantes em 1568. Reconstruído, foi novamente demolido durante a Revolução Francesa. Reerguido em 1887 e transformado em Abadia em 1912 passou por novos declínios por ocasião da Primeira e de Segunda Guerra Mundial. Em 2010 um incêndio quase comprometeu novamente a cervejaria. Apesar de tudo a fabricação de cervejas remonta ao longínquo ano de 1595. Além dos maltes de variedades Pilsener e Munique, água da fonte de Tridaine (próxima à Abadia) são usados lúpulos de variedades Hallertau alemão e Styrian Goldings (Styrian é uma localidade na Eslovênia), bem como duas cepas de leveduras, sendo a segunda para refermentação na garrafa. No portfólio há mais dois rótulos: Trappistes 8 e Trappistes 6, a degustar.

Os números postos nos rótulos das cervejas Rochefort (6, 8 e 10) se referem à gravidade, ou seja, a um antigo sistema de graus belgas que se permitia inferir a graduação alcoólica por meio da diferença entre as gravidades inicial e final do mosto, haja vista que a densidade específica possibilita calcular a quantidade de açúcar presente no mosto. No caso das Rochefort as gravidades iniciais são, respectivamente, 1,060, 1,080 e 1,100.

A Ordem Trapista (oficialmente, Ordem dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância) foi fundada em 1662 pelo Mosteiro Nôtre-Dame de la Trappe (França), vindo a mesma a influenciar outros países europeus o que culminou no surgimento de novos mosteiros que seguiam as restritas regras desta ordem religiosa. Posteriormente, no ano de 1997, oito abadias trapistas - 6 da Bélgica (Orval, Chimay, Westvleteren, Rochefort, Westmalle e Achel), 1 da Holanda (Tilburg Koningshoeven) e 1 da Alemanha (Mariawald) - fundaram a ITA (International Trappist Association) com o objetivo de estabelecer as regras do estilo e proteger o nome do uso abusivo por parte de outras marcas. Para isso, esta associação criou um selo que só pode ser utilizado pelos produtos que seguem os critérios estabelecidos e que sejam elaborados por monges trappistas, sejam esses produtos geleias, queijos, cervejas, vinhos etc. A abadia alemã de Mariawald não está produzindo cerveja (o logotipo da ATP é usado para outros produtos no mosteiro, por exemplo, o licor). Os monges, que repartem seu tempo entre oração, estudo e trabalho utilizam parte do que é arrecadado com a venda dos produtos na manutenção das Abadias e o restante dedicam à caridade. Outras abadias trappistas obtiveram o selo recentemente: - Holanda: Abdij Maria Toevlucht/cerveja Zundert; Áustria: Engelszell e EUA: St. Joseph’s Abbey/cerveja Spencer.

Lote 13: 42. Vintage 2011, validade 29/12/2015. A garrafa é de cor marrom, tampa que mescla o azul e branco e que contém as inscrições ‘Biere Trappistes Rochefort’ ao redor do numero ‘10’. O rótulo é simplório, de cor bege e traz em letras negras o nome ‘Trappistes Rochefort’, logo acima do numeral 10. Vislumbra-se ainda a graduação alcoólica (ABV 11,3%), menção aos ingredientes, taça ideal (trappista) e temperatura de serviço (12 – 14ºC).

Vertida na taça revelou uma coloração marrom escuro, opaco, com alguns tons avermelhados ao ser posta contra a luz; a turbidez é mediana e há sedimentos no fundo da garrafa; a espuma de cor bege é de bela formação, consistente, densa e de longa persistência, com bolhas médias e que manteve algumas rendas nas laterais da taça e uma fina tampa residual sobre o líquido ao longo da degustação. Perlage (bolhas) perceptível.

O aroma se mostrou agradável, medianamente volátil, mas com a inconfundível complexidade própria das cervejas belgas. Apresentou perfil maltado com nuances de torrefação (chocolate), caramelo e tostado, bem como toffee, baunilha, nozes, fermento, especiarias (pimenta), açúcar mascavo, frutado de ameixas e uvas passas (damasco?) – cortesia das leveduras belgas, mediano lúpulo com nuances herbal e floral e álcool que volatiza bem e lembra vinho do porto.

No paladar o líquido se apresenta licoroso e deixa a boca agradavelmente cheia. Seu cartão de visitas é uma vincada base maltada e o inconfundível frutado/condimentado próprio das receitas belgas. As impressões olfativas reverberam com mais intensidade e assomam-se notas de torrefação (café e chocolate), caramelo, toffee, baunilha, pão, tostado, castanhas, açúcar mascavo, fermento, especiarias (pimenta e cravo mais sutil), frutado de ameixas e uvas passas, madeira, vinho do porto e discreto lúpulo herbal/floral (IBU 27). O final é seco e picante e o retrogosto é agridoce, frutado, tostado e alcoólico (a complexidade acompanha do início ao fim). O corpo é médio-alto e a carbonatação é média. O álcool de ABV 11,3% é saliente e provoca agradável aquecimento. A palatabilidade (drinkability) é excepcional!

A degustação beirou a perfeição, proporcionada por um conjunto robusto, riquíssimo, e equilibradíssimo. A Rochefort 10, a St. Bernardus 12 (degustada) e a mítica Westvleteren XII (na adega, mas não por muito mais tempo) formam, em minha opinião, o triunvirato das cervejas belgas. Com efeito, dentro do estilo são as top 3 e com justiça.

Imperdível!

Detalhes

Degustada em
18/Outubro/2014
Envasamento
Volume em ml
330 ml
Onde comprou
http://www.speciaalbierpakket.nl/
Preço
€ 2,75
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