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Detalhe da Avaliação

4.2 15
Brasil
Mauricio Beltramelli
Mauricio Beltramelli
22 de Setembro de 2010 12343
(Atualizado: 10 de Maio de 2013)
Avaliação Geral
 
4.3
Aroma
 
9/10
Aparência
 
5/5
Sabor
 
16/20
Sensação
 
4/5
Conjunto
 
9/10
A imperial milk stout da Bodebrown é uma oportuna questão lançada à indústria microcervejeira nacional: qual é a próxima fronteira? Isso porque ela envereda pelo ramo das cervejas extremas, não só pelo altíssimo teor alcoólico, mas pela intensidade das sensações que oferece, trazendo uma forte “pegada norte-americana” ao nosso cenário cervejeiro. No copo, mostra-se um líquido preto opaco, de viscosidade visível e excelente creme marrom escuro. Inicialmente, o “milk” se revela de forma bem clara: a primeira impressão que se tem é a de lactose fermentada, um aroma que lembra Yakult, que logo perde força e é atropelado pela porrada de lúpulos cítricos e frutados que vem na sequência (o americano Simcoe é usado na receita), trazendo sensações intensas de geleia de frutas com remissão a maracujá, tangerina e framboesas, além de um floral suave. O torrado aparece apenas em segundo plano com chocolate e café suaves, pois é o lúpulo quem brilha no aroma. Há ainda uma certa licorosidade, como de licor de ameixas, e notas de leite de coco envolvendo o conjunto (creio que advindas da maturação em carvalho norte-americano). O sabor confirma essas percepções: inicialmente ela é bem doce com sabor de geleia de frutas e pouco tostado, com uma finalização picante e alcoólica conduzindo a um final amargo, em que o torrado ganha mais espaço, mostrando chocolate, café e um queimado macio e limpo. Doçura e amargor não chegam a se fundir harmoniosamente, antes mantendo sua brutal disputa do primeiro ao último gole. O corpo é extremamente grosso, licoroso e oleoso: quase dá para mastigar. A sensação alcoólica é bem perceptível, e nem poderia deixar de ser com este teor cavalar (14,5%), mas ela não agride e é bem equilibrada pela doçura. Ao final do copo, você quase cai nocauteado pelo extremismo das sensações: extremo doce, extremo aroma, extremo álcool. Um delicioso nocaute, entenda-se, mas talvez um pouco agressivo para quem quer aconchego e conforto, pois ela tem um toque de irreverência, de atitude, de combatividade. Não é a cerveja que eu degustaria no conforto de um pé-de-lareira. Um rótulo de muita ousadia da Bodebrown, que está sendo produzido agora numa versão ainda mais alcoólica. Resta esperar para ver a pedrada que sairá desse experimento.

3 anos de guarda: depois de 3 anos dentro da garrafinha, a cerveja parece ter perdido toda aquela força, impacto e frescor que caracterizavam a versão jovem, sem ganhar nada muito relevante. O lúpulo cítrico e frutado ainda estava lá, mas mais apagado, e um aroma apimentado se desenvolveu com o tempo no seu lugar. O amargor decaiu, mas a doçura também, sendo que ela ficou mais seca e elegante e perdeu aquela sensação melada e xaroposa. De modo geral, eu não aconselho a guarda dessa cerveja, pois o resultado não me agradou.

Detalhes

Degustada em
12/Julho/2011
Envasamento
Volume em ml
300 ml
Onde comprou
Empório Alto dos Pinheiros
Preço
R$ 15
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