Pagan Dragon's Blood Wine

Líquido translúcido de coloração vermelho acobreada. Um creme baixo foi formado e não persistiu mais que um minuto.
Aroma remete predominantemente a frutas vermelhas, particularmente morango, e notas lupuladas cítricas e resinosas, e algum destilado, lembrou-me muito single malt whisky de aroma suave. O sabor segue o mesmo padrão, no qual existe um dulçor frutado aparente, mas não chega a atrapalhar a degustação. O final é amargo intenso, chega a pegar na garganta, com toques frutados, e retrogosto de média duração. Algo amadeirado chamou-me atenção no final da degustação, assim como nuanças de whisky, confesso-lhes que foi o melhor momento da degustação.
Pagan Dragon's Blood Wine lembrou-me a American Barley Wine da Rogue (Old Crustacean), mas com drinkability maior. Como no rótulo americano, o nacional também carece de um "well-rounded finish", uma vez que o lúpulo pega na garganta, o que diminui o drinkability da breja. Esse rótulo, curiosamente, tornou-se mais interessante após "esquentar" na taça. No início, estava até monótona a degustação, mas a metade final da taça se tornou uma incrível experiência. Li as outras avaliações, e discordo do fato desse rótulo representar o subestilo inglês de Barley Wine, muito pelo contrário, traz à tona toda a "pegada" americana de Barley Wine.

Coloração vinho, com traços de translucidez vinho mais claros, contra a luz. Formou uma espuma média (boa para o estilo) de boa duração e deixando "lance". No aroma, um dos grandes ganhos dessa breja (muito, muito aromática) traz notas de frutas vermelhas (cerejas e framboesa), vinho do porto (presença leves de uvas), caramelo e tostado bem colocado e ainda um final de floral/resina de lúpulo, levíssimas percepções sugestivas de baunilha. Na boca o corpo é denso, licoroso, mas na medida certa. O sabor predominante é um frutado maravilhoso, lembrando novamente uma mistura de frutas vermelhas, no final do gole, traz um herbal de lúpulo e termina no leve caramelo para fechar a complexidade. A carbonatação é média/baixa (um pouco acima do que aparentava ao abrir a garrafa) ajudando ainda mais na sensação de refrescancia que gera um ótimo conjunto com o álcool que é bem inserido, mas nada agressivo. Belíssimo conjunto, belíssima cerveja, digna de nota.

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Coloração cobre-avermelhada, levemente turva, com espuma bege clara de boa formação e média persistência. O aroma é sobretudo maltado, com notas de caramelo, frutas vermelhas, brandy e leve amadeirado. O sabor acompanha o aroma, com dulçor moderado e sensação alcóolica. Encorpada, média carbonatação. O amargor é moderado. Aftertaste maltado, doce, alcoólico. Ótima representante de um estilo pouco difundido no Brasil.

Esta barley wine de estilo bem inglês é resultado de um blend em que metade maturou com carvalho francês (presumivelmente, em chips), aliando a maciez dos maltes característica do estilo com toques tostados e adocicados evidentes da madeira, mas sem sobrepujar. Belíssima no copo, com cor rubi profunda e uma espuma de volume mediano e alta persistência. O aroma começa um pouco tímido, mas ela vai lentamente se soltando à medida que esquenta e areja. Predomina o malte, macio e adocicado, com sólido caramelado doce e remissões a castanhas e doce de leite. A madeira acentua a maciez do malte com toques abaunilhados e de coco discretos, alguma canela e uma pegada tostada que lembra muito alguns vinhos tintos com passagem por madeira, com lembranças de chocolate e resina queimada. Esse toque de resina me incomodou um pouco depois de um tempo, mas não a ponto de tornar a experiência desagradável. Frutas e lúpulo são coadjuvantes mas estão lá: o lúpulo é bem inglês, apimentado e herbal, e as frutas trazem cereja, uvas passas e banana, com leve lembrança de licor de cereja. A doçura é predominante, talvez até um pouco demais, com amargor secundário. O corpo é intenso, cremoso e licoroso, com carbonatação mediana que não atrapalha as sensações do malte. O Brasil é carente de barley wines e wood-aged beers nacionais, e esta é uma ótima cerveja, muito agradável e com boa personalidade, motivo pelo qual este lançamento da Pagan é duplamente bem-vindo, apesar de o preço não estar muito atraente diante de algumas opções de perfil semelhante.