Rio de Colônia

A "2Cabeças" é uma cervejaria carioca fundada em 2012 pelos então 'homebrewers' Bernardo Couto (editor do blog Homni Lúpulo) e Salo Maldonado (publicitário e ex-proprietário do extinto bar botafoguense, "BeerJack Hideout").

Tudo começou numa brassagem coletiva, ocorrida no Beerjack, quando a dupla produziu o que viria a ser o primeiro rótulo oficial da 2Cabeças: "Hi-5 Black IPA". Pouco tempo depois, a publicitária e mestre-cervejeira Maíra Kimura passou a integrar o time (aliás, hoje ela também faz parte do projeto "Japas Cervejaria").

*Em 2014 Salo Maldonado abandonou o grupo para fundar, na capital carioca, a cervejaria "Motim".

Por não ter fábrica própria, a 2Cabeças firmou parceria com a cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto (SP), a fim de produzir suas receitas autorais.

RIO DE COLÔNIA: ENTRE O BRASIL E A ALEMANHA

Imagine uma cerveja de estilo inglês feita com fruta brasileira, lúpulos da Alemanha e um punhado de sal. Esta é a "Rio de Colônia" - uma 'Stout' de 62 IBU com suco de pitanga e "flor-de-sal".

Pode parecer estranho ter sal como ingrediente, porém ele tem sido usado há séculos na produção de cerveja 'Gose', um estilo pouco conhecido tradicional da região de Leipzig. Entretanto, se for parar pra pensar, não é tão incomum assim no Brasil associar cerveja e sal. Quem nunca sentou num boteco e pediu o famoso "cu de burro" (salmoura com limão) para acompanhar aquela loira gelada?

A ideia nasceu da colaboração entre a 2Cabeças e a Freigeist Bierkultur - cervejaria alemã sediada na cidade de Colônia. Para isso, Sebastian Sauer, mestre-cervejeiro da Freigeist, esteve no Brasil onde ajudou a desenvolver a receita. Estampado no rótulo, a figura estilizada de um Karneval Prinz (príncipe do Carnaval de Colônia) faz referência aos dois maiores carnavais do mundo, no Rio e em Colônia. Lançada em maio último, ela sai em tiragem sazonal.

À título de curiosidade, vale lembrar que os brasileiros também viajaram até a cervejaria alemã onde desenvolveram em conjunto uma 'Gose' com adição de manga, sementes de coentro e abeto. Batizada de "Eau de Janeiro", a receita foi produzida na Freigeist, sem exportação para o Brasil.

Líquido marrom escuro, com mínima passagem de luz. Na taça forma exuberante espuma marrom clara de longa permanência.

O aroma traz equilibrada mistura de torrefação e lúpulo, desfilando nuances que passam por pão queimado, eucalipto, até notas terrosas lembrando xaxim. Leve toque de maracujá se desprende no início, mas some rapidamente.

De corpo médio e carbonatação contida, ao paladar revela curiosa interação de malte torrado, lúpulo, adstringência da fruta e sal. Com efeito, reminiscências de pão queimado acompanham um amargor firme, ao passo que significativo traço alcalino, bem como leve salgado, perfazem o contraponto. Interessante sugestão de azeitona preta projeta-se no palato. O final segue seco, amargo - ao mesmo tempo tânico, lupulado e torrado - com agradável adstringência em meio a pitadas de sal. Suave sensação de "boca amarrada" se estende ao retrogosto.

Sem dúvida uma cerveja única. A influência da fruta cria um terceiro sabor que não é de pitanga e o sal se posiciona como elemento de contraste. Acredito que temos aqui muito potencial para harmonizações diversas. Iniciados em stouts secas e amargas vão adorar. Muito boa.

Stout com alto drinkability. Percebi mais o sal que a pitanga no sabor, mas a adição da fruta tirou o peso da cerveja, sem prejudicar, apenas tornando-a mais agradável. Grande parceria entre a Invicta e a 2 Cabeças, ficou mais fácil de encontrá-las aqui em Ribeirão Preto!

stout com PITANGA - eis que me veio à mente o trágico dia em que me arrependi fervorosamente de ter experimentado a meantime cramberry stout. Pensei comigo: vai ser a mesma coisa!

A encarei durante uma semana, dia após dia... até que voltei a usar calças e resolvi degusta-la. Para a minha surpresa (e alegria), em nada lembra a outrora mencionada. Uma stout suave, agradável de se beber, muito bem equilibrada.
O corpo, mais próximo a uma dry stout do que a uma tradicional, negro, espuma duradoura, aroma de café, torrado, um certo toque adocicado/frutado. Cerveja fácil de beber, nada assustadora. Os toques diferenciados aparecem mais ao fim do gole. Sente-se o torrado virando salgado, o salgado trazendo um azedo, nada em demasia, nada fora do lugar.

Cerveja feita com carinho, com capricho. Cerveja bem feita, cerveja boa! E cá estou eu, de calças novamente.

RIO DE COLÔNIA

STOUT de pitanga e flor de sal, produzida de forma colaborativa entre a carioca Duas Cabeças e a alemã Freigeis Bierkultur (da cidade de Colônia), essa é uma stout nos moldes ingleses que além dos dois itens citados anteriormente, leva ainda em sua composição uma variedade de lúpulos alemães...

O resultado? Uma cerveja levemente alcoólica (6%), negra, com bonita espuma bege que persiste mesmo depois de finalizada a degustação, por um bom tempo.

O aroma vai do malte tostado/caramelo até algo parecido com amora e o sabor brinca entre o levemente amargo e o tostado...

Como preconiza o rótulo "...CERVEJA ISENTA DE CONSERVADORES..."

Acompanha MUITO BEM um "churras" e na minha opinião se viesse numa garrafinha de 300/330ml seria a quantidade exata para melhor aproveitar a experiência.

Um dia qualquer destes, valerá outro "test-drive".