Flying Dog Gonzo Imperial Porter

Realmente diferente para uma porter: o lúpulo em profusão com o amargor extremo produz uma sensação estranha na boca, no limite entre o agradável, o interessante e o desequilíbrio. Dentro da proposta cervejeira estadunidense, vale a degustação. Mas de baixa drinkabillity.

Já havia bebido antes, mas sem avaliar, pois não gostei e meu namorado que acabou bebendo. Bom, continuo não gostando.

Coloração preta, opaca. Boa formação de creme marrom, fofo, de média persistência, que deixa camada perene. Aroma com notas de torrefação evidentes e aquele fundo de lúpulo herbal que tanto me desagrada na escola americana. O sabor segue o aroma, com notas de café e chocolate amargo; final torrado, seco, bastante lupulado e amargo, não chega no amargor duma Double Dog, mas mesmo assim 85 IBU é demais pra mim. Corpo e carbonatação médios. Excessivamente lupulada, foi uma luta terminar a garrafinha. Na medida pra hopheads.

Um salve à ousadia da cervejaria americana em tentar reinventar um estilo clássico, mas a experiência de adicionar uma ultra-dosagem de lúpulo numa porter acabou por deixar a cerveja desequilibrada. Sua aparência é a default do estilo, com um creme pequeno e denso precedendo um líquido preto, calmo e opaco feito petróleo. Já no abrir da garrafa podemos sentir no aroma a marca registrada das novas cervejas americanas, o agradável e delicioso cheiro do lúpulo Cascade. Numa análise mais detalhada, podemos também sentir no background um pouco de malte torrado. Como esperado, o lúpulo é o protagonista, característica que segue no sabor, amargo e picante. Os 85 IBU declarados no rótulo acabam por esconder as outras notas maltadas que se espera de uma boa porter, apesar de não parecerem tão violentos na boca. Sua textura é oleosa, encorpada, deixando um retrogosto amargo, duradouro e levemente enjoativo.

Uma experiência interessante, mas um pouco desequilibrada. Vale pela ousadia, pelo rótulo bacana e pelo perfume do Cascade.