Russian River Pliny the Elder
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Sergio Curti
Updated
04 de Junho de 2019
Avaliações dos usuários
21 avaliações
Avaliação Geral
4.5
Aroma
9/10(21)
Aparência
4/5(21)
Sabor
18/20(21)
Sensação
5/5(21)
Conjunto
9/10(21)
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(Atualizado: 11 de Novembro de 2010)
Avaliação Geral
4.6
Aroma
10/10
Aparência
3/5
Sabor
18/20
Sensação
5/5
Conjunto
10/10
Equilibrada e surpreendentemente fácil de beber apesar da sua lupulagem expressiva e do seu intenso amargor, esta lendária IPA imperial é uma verdadeira aula de como uma cerveja pode ser ao mesmo tempo extrema, agradável e balanceada. Vertida na taça, ela ostenta uma intensa coloração laranja clara, com baixa transparência e um creme branco sem volume ou permanência muito elevados. Como é de se esperar, aroma e sabor são abolutamente dominados pela combinação de lúpulos empregados na receita; outros elementos até aparecem, mas apenas na medida em que dão suporte e reforçam as sensações lupuladas, funcionando como uma espécie de "trampolim" ou "moldura" para os lúpulos. Estes apresentam um perfil complexo e balanceado, em que predominam perfumes herbais intensos - aquilo que os americanos normalmente denominam "pine" (pinho/pinheiro), mas que para mim remete muito vividamente a capim cidreira, até com alguns toques de erva-doce. Muito fresco e agradável. Características mais condimentadas sugerindo pimenta e ervas finas, e outras mais puxando ao cítrico (tangerina) complementam de forma harmônica seu complexo perfil de aromas. E o malte, você deve estar se prguntando? Aí entra o que é mais surpreendente nesta cerveja: sim, o malte está lá, claro, com uma gostosa doçura que fornece amparo ao amargor e o equilibra, mas trata-se de um malte limpo, leve, com um sabor levemente açucarado ou de mel suave, sem um sabor pronunciado de grãos e sem interferir com os aromas e sabores do lúpulo. Discreto e eficiente, cumpre perfeitamente sua função meio que "nos bastidores", garantindo o show exibicionista dos lúpulos que solam gloriosamente, tal qual um guitarrista numa banda de rock. Para um estilo que funciona como uma "vitrine de lúpulos", trata-se de uma execução perfeita da proposta. Ao fundo, ésteres frutados, remetendo a laranja ou abacaxi, reforçam as características mais frutadas e cítricas do lúpulo, menos evidentes aqui que em outras IPAs. No paladar, adivinhe? Claro que o intenso amargor é predominante (afinal, trata-se de um colosso de nada menos que 100 IBUs), mas não agressivo, pois é limpo e muito bem amparado por essa doçura discreta do malte, que comparece na entrada em intensidade razoável sem ser pegajosa ou marcante demais, apenas "preparando" a garganta para o amargor perene que persiste longamente no final, com um retrogosto lupulado remetendo a cidreira, pimenta e laranja. Impressiona a forma como ele consegue ser, ao mesmo tempo, muito amarga e muito leve e fácil de beber. Perigosa. O corpo é leve para médio, com textura cremosa e percepção alcoólica suave apesar dos 8%, reforçando ainda mais a drinkability. No conjunto, uma IPA imperial modelar. Intensamente amarga e equilibrada na justa medida para fazer com que o lúpulo brilhe sem incomodar, executa sua proposta de maneira virtuosa e impecável. De lambuja, traz uma ótima harmonia e complexidade de aromas de lúpulo, com herbais bem complementados por toques condimentados e cítricos. Porém, tal qual um herói da tragédia clássica, sua maior qualidade é também sua maior limitação, pois ela oferece pouco além de lúpulo. Mas, vamos e venhamos, será que às vezes a excelência pura dos lúpulos americanos não está suficiente? O herói merece os aplausos ao derradeiro gole, quando infelizmente se fecham as cortinas.