Strong Ale inglesa virtuosa, esbanja potênica, mas vem com o desequilíbrio em sua personalidade. Para mim não possui a mesma elegância e sedução das outras Fuller's, justamente pelo perfil menos equilibrado.
Em sua aparência, seu desempenho é fantástico. Uma coloração âmbar avermelhada, com alta translucidez e um belo creme bege de formação abundante e uma duração mediana.
No olfato não vem tanta força, mas uma bela gama de aromas, trazendo principalmente notas frutadas de damascos, frutas cristalizadas e um toquinho de maçã. O malte traz grande riqueza, principalmente a forte presença de mel e um pouco de cachaça. Os lúpulos finos são discretos, tipicamente ingleses, brindam com um delicado floral. Há ainda algo químico de esmalte, provavelmente pelo seu teor alcoólico proibitívo.
Na boca o frutado continua dominando com o maltado, sugerindo vividamente licor de laranja e maçã, acompanhado de um intenso melado. Ao fundo um leve caramelado e um toque de nozes. Ao final, picância, um condimentado de cravo e o discreto amargor, que não consegue balancear com o dulçor robusto. O álcool também não faz questão de ficar apagado, vem rasgando e inebria o audacioso degustador que pretende acabar com meio litro sozinho. Seu corpo não é dos mais robustos e sua carbonatação é média.
Não é das minhas preferidas da Fuller's, mas também não deixa de ser uma boa cerveja, mesmo pecando pelos seu excessos. Confesso que é difícil terminar uma garrafa sozinho, justamente pelo desequilíbrio acabar com o drinkabillity, mas se tomada em pequenas doses, pode trazer uma experiência mais agradável. Para Michael Jackson, o conhaque das cervejas. Para mim está mais para um licor.
