Fuller's Vintage Ale

Safra 2008, bebida em 2011 numa “pequena degustação vertical” junto com a safra 2009. O interesse das degustações verticais é sempre comparativo, mas eu começo relatando as características desta excelente old ale independentemente. No copo, mostrou uma bonita cor acobreada-alaranjada, com uma certa opacidade, principalmente a temperaturas mais baixas. O creme formou-se com bom volume e manteve-se bem (melhor até do que a safra mais jovem, contrariando as expectativas). Há um bom equilíbrio entre características de malte (caramelo, castanhas-do-Pará e castanhas glaçadas) e aromas fermentativos e oxidativos. Notas de remédio ou xarope são marcante e lhe emprestam sobriedade. Percebi também características de uvas passas e um bom condimentado remetendo a pimenta-do-reino e canela. Traços agradáveis de oxidação se mostram presentes com notas de vinho do Porto e amêndoas doces, sutis, bem integrados. Também pensei perceber traços de mofo. Existe, por fim, um mentolado meio “ardido”, interessante, possivelmente um aroma de lúpulo que ainda resistiu aos três anos de garrafa. O paladar é robusto mas equilibrado, com forte doçura de entrada conduzindo a um final solidamente amargo com retrogosto de xarope/remédio e caramelo e uma sensação meio “fechada” ou “chapada” que lhe tirou um pouco do brilho. O corpo é médio para alto, já mostrando sinais de afinamento pela guarda, e a textura é licorosa. O álcool é muito bem ocultado e a carbonatação baixa ressalta sua maciez.

Há duas formas de encarar esta cerveja comparativamente. Primeiro, em relação à mesma safra, bebida mais jovem. Depois de três anos de garrafa, ela me pareceu ter perdido boa parte do frescor de lúpulo e alguma maciez, tornando-a talvez um pouco mais chapada, mas está desenvolvendo características bem integradas de oxidação. Valeria a pena aguardar mais um pouco para que a complexidade de características de guarda compense pela perda de frescor. Também pode ser comparada com a safra 2009, em relação à qual se mostrou mais equilibrada, mas menos macia e de sabor mais fechado e menos vívido. Mas não tem jeito: trata-se de uma cerveja extraordinária qualquer que seja o contexto em que é degustada!

Fuller’s finest, absolutely. A cada ano, a cervejaria apresenta uma receita diferente para o mais elaborado dos seus produtos, uma old ale de intensidade respeitável (8,5% de álcool e complexidade mais do que correspondente), quase extrapolando os limites do estilo e batendo às portas das vetustas barley wines. A receita de 2009, bebida em 2011 (em torno de dois anos de guarda, portanto), mostrou a presença sólida do malte amparando uma grande complexidade de características frutadas, condimentadas e de oxidação (o que condiz com o estilo), e se destacou pela especial maciez e vividez de sabores. No copo, mostrou um belíssima cobre alaranjado e começou com uma razoável turbidez a frio que se desfez com o aquecimento, deixando-a límpida. O creme formou-se com volume e persistência medianos. O perfil aromático é uma festa, denso, licoroso e adocicado. É o malte quem dá o tom, com notas intensas de mel, forte caramelado, castanhas-do-Pará e algo de marrom-glacê, com invejável profundidade. Há toques frutados de uvas passas e bananas, além de notas de vinho do Porto em boa intensidade indicando um agradável grau de oxidação. Sente-se um condimentado com características de pimenta-do-reino intensa (advindo provavelmente de uma combinação de lúpulo inglês e fenóis fermentativos) e canela, e também uma pegada de xarope ou remédio ao final. Por fim, notei características de DMS do malte remetendo a molho de tomate, bem integradas. É um caminhão de complexidade que se desenvolve num paladar intenso e assertivamente doce, quase melado, com amargor mediano para equilibrar e uma certa acidez licorosa. A entrada é bem doce e conduz a um final que começa doce e depois seca e deixa um amargor perene. O destaque é o retrogosto, impressionantemente vívido para uma cerveja refermentada na garrafa dessa intensidade e complexidade, com sensações muito macias e acolhedoras de malte (mel, caramelo, castanhas) convivendo com canela e xarope. Ela é muito encorpada, com textura licorosa e levemente cremosa, e tem percepção alcoólica razoável mas bem inserida e amparada pelo malte.

Uma verdadeira obra-prima da Fuller’s: complexa, intensa, harmônica e pecaminosamente lânguida, convidando a uma gostosa preguiça. Beba numa noite fria e indulgente, antes de dormir. Se fosse para lhe fazer alguma reserva, seria quanto à doçura intensa, um pouco pegajosa talvez, mas que funciona bem no final maltado e macio que é seu maior destaque diante do estilo. Em comparação com a versão 2008 que bebi fresca, esta pareceu um pouco mais doce e/ou menos amarga, mas com perfil aromático semelhante. Esta garrafa foi bebida antes de uma 2008 com três anos de guarda, para comprara, e seu perfil macio me agradou mais do que o da irmã mais velha, talvez já modificado pelo tempo. Aliás, numa sessão de degustação de cervejas de guarda com o Sangion e o Sérgio Curti, esta foi a que mais se destacou para mim.

Uma cerveja única. Safra de 2009. Nº 146315. Já no copo uma aparência incrível. Cor avermelhada, densa, creme bege, pouco persistente, característico de estilo. Aromas diversos e bem elaborados, maltes e madeiras, entre outros. No sabor sensações únicas. Sabor alcoólico bem pronunciado, pelos seus 8,5%, mas muito bem equilibrado. Atende muito bem o seu propósito de ser uma cerveja envelhecida. Gostaria de tomá-la mais alguma vez. Vale o preço pago.

Old Ale de aroma intenso de licor e madeira, creme denso, forma pouco creme. Cor caramelo escuro, sabor que vai de licor, frutas, madeira e é também bastante doce. Álcool perceptível, mas bem inserido, retrogosto adocicado e malte. Excelente cerveja, um primor.
Safra 2008 - Nº 21088. Aconselhada tomar até final de 2011.
Recomendo experimentar, excelente.

Safra 2008 #76575.Cerveja que impressiona.Bela apresentação em tom vermehoescurotranslucido com creme clao bem formado de media duração.Sua complexidade ja se percebe no aroma onde notas amadeiradas e de especiarias são notados.Sabor bastante interessante, mantendo a complexidade em que a madeira esta sempre presente,mastmabem sensações picantes conferida pelas especiarias.Ha que se ressaltar que nortas adocixcadas bastante complexas tambem são percebidas.Retrogosto duradouro com notas perceptiveis de amargo e verde.Excelente conjunto.UMA TOP