Essa eu não aguentei, tive que postar aqui.

Esse meme foi publicado no grupo "Memes de Cerveja".

Falando sério agora, também acho louvável que a revista dita como a "mais influente" no ramo da gastronomia tenha uma coluna fixa sobre cerveja. Isso, inegavelmente, é um avanço.

Sobre o teste cego.........

Há quase dez anos o BREJAS fez um teste-cego semelhante, que deu bastante repercussão:

www.brejas.com.br/blog/21-09-2007/pilsen...do-do-teste-cego-80/

Afora o fato de que éramos todos consumidores (ninguém tinha nenhuma formação, nenhum curso na bagagem), o teste foi bastante criticado por muitos cervejeiros, justamente por não levar em consideração os prazos de validade das cervejas, nem como elas foram estocadas ou chegaram até a nossa mesa. Outra crítica, bastante pertinente, era a de se colocar cervejas artesanais misturadas entre as industriais. E uma terceira crítica, essa ainda mais contundente, foi a de que estávamos misturando estilos diferentes, quais sejam, standard lagers com premium lagers, colocando-as todas no mesmo balaio rotulado "pilsen", sem informar claramente ao leitor do que se tratava e quais eram nossas intenções.

Pelo que pude perceber, esse teste da Prazeres da Mesa faz exatamente essas três práticas, e ainda agrega uma quarta: a de colocar cervejeiros profissionais entre os avaliadores (é claro que eles julgarão SEMPRE a favor das artesanais, as quais são super conhecidas por eles).

De forma alguma posso desmerecer qualquer jurado. Mas, como sugestões construtivas a entregar uma informação mais congruente ao leitor, eu tomaria as seguintes providências:

a) Já que não dá pra buscar as cervejas nas cervejarias, pelo menos informar o leitor a data de fabricação de cada amostra;

b) Excluiria as premium lagers artesanais do teste, OU

c) colocaria entre os degustadores apenas "leigos".

Eu entendi a intenção do pessoal. mas, do jeito que ficou, deu muita margem a críticas, e quase todas elas pertinentes, a meu ver.

Agora, a atitude amadora do gestor de Facebook da revista, quem quer que seja ele, foi realmente lamentável. Admiro muito a publicação, mas espezinhar e ironizar as críticas foi de uma arrogância dispensável.

Mauricio, concordo contigo.

Na minha opinião, o principal fato que faz um teste cego não servir de parâmetro é a questão de que cada cerveja vem de um local diferente, com transporte diferente e fabricação idem. Principalmente uma american lager, ou até mesmo pilsners, que são cervejas delicadas, acabam se deteriorando muito com o tempo, fazendo uma cerveja mais velha parecer ''ruim''.

E fazendo uma comparação com o teste cego do Brejas, esse ficou dentro do esperado. Entre todas aposto que 90% dos cervejeiros diriam que as melhores seriam a Backer e a Eisenbahn (não necessariamente nessa ordem).

Mauricio Beltramelli escreveu: Outra crítica, bastante pertinente, era a de se colocar cervejas artesanais misturadas entre as industriais.

Sou favorável a essa mistura em testes cegos, Mauricio. Nem sempre a artesanal (ou "especial", ou "premium") é melhor, e ajuda a desmitificar um pouco a ideia de que o industrial é sempre inferior. Citando alguns exemplos: Kaiser Bock X Petra Bock (a primeira deixou saudades, a segunda com "ares de artesanal" e bem mais cara, mas uma baita enganação) e um vídeo do Paulo Zanello colocando a Baden Baden Cristal (outra cara com "ares de artesanal") no mesmo patamar de neutralidade de outras american lagers baratas e populares.

Se tivessem trocado o "melhor pilsen" por "melhor american lager" ou "melhor pale lager" teriam evitado mais de noventa por certo das críticas...