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O meio cervejeiro é "machista"?

Respondido por Fernando Malheiros Dal Berto no tópico O meio cervejeiro é "machista"?

Alexandre Almeida Marcussi escreveu:

Mauricio Beltramelli escreveu: Diante de tudo isso, te pergunto: Você não acha que há exageros em alguns casos? Eu acho que tem gente procurando machismo e sexismo em absolutamente tudo que vê. É como procurar defeito em cerveja, chega uma hora e você acaba encontrando.


A questão é que você acaba vendo porque eles estão aí mesmo, né? ;) (tanto os defeitos quanto o machismo!)


Pois é, pra pensar...
Mauricio, você reclama tanto dos qualquercoisachatos, repete isso com frequência, fez lista esse ano e acho que errou um ou dois tiros, que esse também parece uma espécie de pensamento radical. Já há um coro com esse pensamento, alardeado por muita gente sem noção e com preguiça de pensar. Ou seja, nem todo mundo reflete sobre o que quem pensa escreve e, nesse embalo, questões como o machismo são minimizadas. Mas vejamos, só porque num meio comercial de pouco mais de uma década (as cervejarias de pequena escala) as mulheres começaram a conquistar espaço, não dá pra dizer que um paradigma social tão encalacrado agora é leve. Somos um país hipócrita, olha a ministra dizendo que não temos latifúndios... Estamos aprendendo a lidar com isso, não temos boa medida e prática, talvez daí também a estridência das vozes engajadas que defendem direitos de minorias e que nesse exercício difícil ultrapassem direitos. De qualquer forma há violência maior contra mulheres do que a violência dos tratamentos das radicais contra os homens. Eu não gosto de gritos ao léu, mas isso não é um argumento para o tópico que pergunta se nosso meio 'é machista'. O problema é que, quem estuda, encontra nas sutilezas uma forte raiz para a manutenção da cultura violenta do machismo. A relação que o Marcussi faz com a imagem sexual do Brasil no exterior ilustra bem isso, a sutileza mantém uma imagem ruim pois esconde o explícito, mas continua sendo uma forma pouco escrupulosa de marketing.

O meio cervejeiro, me parece, tem uma mania bem feia, que é a de parecer um monte de descolado, gente boa quando o assunto é chato, panos quentes não alimentam discussão em busca de conhecimento, só mascaram defeitos. Verdade que é um meio diferente e que isso talvez seja maioria, isso me agrada e alegra, mas basta soprar as folhas e os defeitos aparecem. Lendo os comentários dessa discussão vê-se claramente que há machismo, arraigado, escondido, não percebido, aprendido como natural... vou ao espelho e vejo o machismo ali, então ele está nos meus meios sociais.

Para avançar mesmo em questões difíceis como essa, precisamos continuar procurando defeitos, não creio que cerveja seja apenas diversão, conheço muita gente 'chata' bebendo cerveja. Se pra isso alguns precisam vestir a camisa de qualquercoisachatos destestável para os qualquercoisalegais, se para isso ainda haja um cá e outro acolá gritando estridente o que de fato há, que seja, a luta vale mais que o homem.

Tópico bom! Abraço a todos, grato pelo espaço Maurício!
Fernando MDB
Os seguintes usuário(s) disseram Obrigado: Gustavo Guedes, Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu
9 anos 3 meses atrás #58789

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Respondido por Mauricio Beltramelli no tópico O meio cervejeiro é "machista"?

Alexandre Almeida Marcussi escreveu:

Mauricio Beltramelli escreveu: Diante de tudo isso, te pergunto: Você não acha que há exageros em alguns casos? Eu acho que tem gente procurando machismo e sexismo em absolutamente tudo que vê. É como procurar defeito em cerveja, chega uma hora e você acaba encontrando.


A questão é que você acaba vendo porque eles estão aí mesmo, né? ;) (tanto os defeitos quanto o machismo!)


Nem sempre, caro Marcussi! Essa não é uma verdade absoluta. Muita gente jura que vê fantasmas, mas até hoje ninguém provou que eles existem! :cheer: :cheer:

Bom, minha resposta -- pontual, como propôs você -- acho que também serve pro Fernando Malheiros (e Fernando, se não se sentir satisfeito é só falar que esmiuçaremos mais).

Estamos falando desse rótulo:



Não, desculpe, não consigo achar esse aviltamento à figura feminina, esse desrespeito à mulher brasileira. Isso, se há, não é explícito, não vejo como um incitamento à violência ou ao turismo sexual.

Mas essa é a MINHA opinião, respeitando a sua. E, como todo mundo aqui concorda, TODOS têm o direito de manifestar opiniões.

Infelizmente, nesse caso pontual, o que os ativistas radicais quiseram (e conseguiram) não foi uma discussão, mas sim uma censura. O radicalismo não admite contraditório.

Semana passada eu li uma entrevista do Gregório Duvivier. Conheci-o pessoalmente quando estava editorando a revista Last Call for Beer e, apesar de termos divergências ideológicas pontuais, encontrei um cara absolutamente inteligente, bacanérrimo e totalmente aberto ao diálogo. Ele dizia que tinha sido capa de uma revista numa matéria na qual se dicutia o aborto. As feministas radicais, ao invés de exaltarem a iniciativa, acusaram-no de "roubar o protagonismo" da discussão. Pra essa ala do movimento, ninguém pode debater machismo ou feminismo senão elas próprias. E defendem a tese segundo a qual, como são as vítimas e nós, homens (qualquer homem, diga-se), somos os opressores.

Respeito quem comunga com a tese, mas não consigo concordar com ela nem um pouco. Tenho mulher, mãe, sobrinha e várias outras mulheres mega importantes na minha vida. Nesse pensar, tenho absoluta empatia por todos os assuntos que lhes dizem respeito -- incluindo aí eventuais opressões. Me sinto sim com todo o direito de opinar, não de protagonizar. Como disse o próprio Duvivier, apoiar uma causa não quer dizer protagonizá-la mas investi-la de protagonismo. A protagonista é a própria causa.

Ótimo que o debate tenha chegado a esse bom nível. pessoal! Infelizmente, porém, faltam as maiores interessadas nele: as mulheres. Se há alguma lendo tudo isso, por favor se manifeste!
Os seguintes usuário(s) disseram Obrigado: Ricardo Loureiro
9 anos 3 meses atrás #58790
Anexos:

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Respondido por Alexandre Almeida Marcussi no tópico O meio cervejeiro é "machista"?

Mauricio Beltramelli escreveu: Infelizmente, nesse caso pontual, o que os ativistas radicais quiseram (e conseguiram) não foi uma discussão, mas sim uma censura.


Maurício, como você sabe, a rigor não existiu censura nesse caso. A cervejaria não foi obrigada a mudar o rótulo. Ela decidiu livremente fazê-lo depois de ouvir e considerar as críticas recebidas. E, como eu expus, acho que as críticas eram pertinentes. Não ouvi, até agora, ninguém argumentando algo que invalidasse a crítica que eu expus aqui ao rótulo. Adoraria ouvir, mas tudo o que os opositores argumentaram é que "não tem nada disso" e ponto, sem mais demonstrações.

Quanto ao que você comenta sobre o caso do Duvivier, estou ciente de que existe uma corrente teórica, dentro do movimento feminista, que defende a tese de que os homens não têm legitimidade para falar a respeito das violências sofridas pelas mulheres, porque seriam portadores de privilégios que os tornariam interlocutores inadequados para vocalizar demandas femininas. Existe a ideia de que, se as mulheres são representadas por um homem (mesmo um que simpatize com sua causa), isso só reforça a noção de tutela que é própria do machismo, ou seja, reforça a ideia de que as mulheres não devem ter voz ativa e precisam de uma figura masculina para representá-las. Você pode discordar ou concordar com essa tese (eu, particularmente, discordo), mas é preciso reconhecer que isso é uma corrente dentro do feminismo, e que muitas e muitos feministas têm outras posturas, então não devemos generalizar.
ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
9 anos 3 meses atrás #58791

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Respondido por Fernando Pires no tópico O meio cervejeiro é "machista"?

Jota Fanchin Queiroz escreveu: E mais, o exemplo mostra que houve uma reação daqueles que julgaram-se ofendidos (liberdade de expressão das mulheres e dos homens também) e a ET voltou atrás.
Vamos parar de inventar vítimas e algozes.


E aí Jota, bom dia.
Na minha opinião, ele voltaram atrás não por terem reconhecido alguma ofensa moral, mas sim por não ser positivo comercialmente ter ativistas protestando contra seus produtos, isso acontece em vários setores. Qual a empresa que quer ter um produto seu taxado de preconceituoso, machista ou homofóbico?
Esse é uma outra questão, a questão de ser politicamente correto, o que pode ser bom comercialmente, mas ideologicamente é prejudicial, porque dá força a essa minoria radical que passou a "caçar" tudo com radicalismo e hoje em dia coisas simples passaram a ser preconceito.

Vejo avanço em se ter liberdade de expressão, há décadas a mulher não podia se manifestar; trabalhar; nem votar, o que é um absurdo, pois a igualdade tem que existir e acho benéfico para a sociedade. Daí a terem grupos ou parte da sociedade que vê preconceito em coisas banais e subentendidas, pra mim é um retrocesso ao inverso do que era antigamente, como se fosse uma vingança da opressão que esses grupos tiveram no passado. Isso é demais pra mim!! :woohoo:

A ET poderia não ter alterado o rótulo, apenas lançando uma nota para informar o real teor da mensagem que eles quiseram passar e pronto. Mas poucos querem correr o risco de serem considerados politicamente incorretos nesse mundo tão globalizado, uma pena!

Abraços.
Last edit: 9 anos 3 meses atrás by Fernando Pires.
9 anos 3 meses atrás #58793

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Respondido por ana rüsche no tópico O meio cervejeiro é "machista"?

Olá!

Acho que sou a segunda mulher que se manifesta aqui. Queria agradecer o tópico.

Trabalho com cerveja e acho o meio machista. Sou escritora, fui advogada durante muitos anos e trabalho com eventos há bastante tempo - ou seja, circulo por meios diferentes, com pessoas de perfis distintos e, sem dúvida nenhuma, é muito mais complicado atuar sendo mulher no meio cervejeiro. Basicamente tua competência tem que ser provada a cada momento - o que, além de inútil, é cansativo.

Aspectos bastante evidentes de discriminação das mulheres (rótulos, propagandas, comportamentos) são taxados como "hábitos normais". A existência do machismo não é nenhum exagero, é uma a constatação. E sim, ocorre em outros segmentos da sociedade, como já falaram por aqui.

Acompanho outros mercados, principalmente o norte-americano, se modificando bastante neste aspecto. Ninguém burro quer perder o filão da outra metade, as consumidoras. Basta contar quantos rótulos babacas vc vê numa loja de 500 rótulos em Nova York e numa gôndola por aqui. Nas capitais, é normal mulheres beberem sozinhas. Na Europa, é bem mais tranquilo, mas a construção histórica é um pouco diferente, cerveja ainda era um assunto de mulher.

Creio que em uma situação na qual o machismo é apontado, aconselharia:
- Perguntar para 3 mulheres com perfil distinto o que elas acham. Mulheres podem ter ideologia machista (basta pensar na minha avó) e três é um bom número para dar a média.
- Tente sair da cena e observar novamente a situação.

No mais, acho que ódio pouco constrói.
Sou feminista, mas tou de boa. Adoro vários homens incríveis do meio cervejeiro. Meus bares prediletos em SP são os que posso beber sozinha sem ser importunada ou atendida de forma infantilizada, sem posters ridículos nas paredes - tipo a Brewdog.

Acredito que as coisas mudarão. A grande lição é tentar escutar, ouvir com sinceridade e repensar posições, sair da zona de conforto. O que vale pra todo mundo.
Os seguintes usuário(s) disseram Obrigado: Alexandre Almeida Marcussi, Milu Lessa, Fernando Malheiros Dal Berto, Maíra Kimura
9 anos 3 meses atrás #58794

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Respondido por Luan Ferre no tópico O meio cervejeiro é "machista"?

Se formos observar, só existe extremismo de um lado porque há extremismo do outro. Nunca haveria feminismo se não houvesse a estupidez masculina, que só fomenta o outro lado de forma negativa.

Um exemplo foi esse da Nacional. As mulheres e/ou negras reclamando de sexismo/racismo de uma cerveja que tem o rosto de uma mulher e se chama Branca Morena. Sinceramente, achar isso preconceito é muito maluco, é caçar pelo em ovo, pra mim não faz sentido algum, é só um nome em referência a cerveja que tem a cor escura, o que há de mal nisso? Aí alguém expressa uma opinião contraria a minha, o que é um direito absoluto garantido pela nossa constituição, e vem um troglodita e diz "É falta de rola". Qual a reação da pessoa "atacada"? Acreditar ainda mais que tem razão e não vai dar ouvidos para argumentação, mesmo que seja de forma educada e produtiva.

Eu acho que todos devem defender seus direitos e manifestar sua opinião, desde que seja de forma respeitosa e com ouvidos abertos.
9 anos 3 meses atrás #58796

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