Tuiuan Almeida Veloso escreveu: Um dos motivos de eu admirar a Bamberg é esse, a cervejaria não se rende a qualquer moda, tem identidade.

Concordo plenamente. E esse é um dos motivos de a Bamberg ter sido responsável, nos últimos dois anos, por lançamentos cheios de personalidade, que não seguem o modelo de nenhuma cerveja existente em país nenhum, como a Franconian Rhapsody ou a Thunderstruck. Eu, na minha insignificância, fico imaginando que uma "escola brasileira" de cerveja poderia tranquilamente surgir a partir da inovação e extrapolação a partir de estilos alemães (tradicionais no Brasil), do mesmo modo como os EUA fizeram com os estilos ingleses.

Penso que a questão chave no Brasil no curto/médio prazo estará relacionada a custos. Os custos de produção e de distribuição já estão tendo uma escalada forte (do dólar aos combustíveis passando pela tributação (quem estava fora da pauta)) e acredito que muitas cervejarias não suportarão.
Mesmo para as consolidadas vai ficar impeditivo produzir estilos mais elaborados ( como a sour por exemplo) e isso tende a matar a inovação (que já é artigo raro em nosso país). Na média a qualidade das artesanais brasileiras é baixíssima assim como é baixo o grau de inovação.
Nessas condições não vejo nem mais novidades chegando nem como se falar em escola brasileira. Em qualquer mercadinho da California por exemplo nós temos mais cervejas, com maior diversidade e com qualidade bem superior do que temos em todo o Brasil.
Peguemos as IPAs. Temos 200 no Brasil. Boas apenas algumas brassagens colaborativas com estrangeiros (Tupiniquim, Seasons, Bode ...). De resto, 195 delas mais parecem, como bem disse o Leonardo Sewald, pale caramels.

Valeu, Alexandre!
Obrigado!

Jota Fanchin Queiroz escreveu: Mesmo para as consolidadas vai ficar impeditivo produzir estilos mais elaborados ( como a sour por exemplo) e isso tende a matar a inovação (que já é artigo raro em nosso país). Na média a qualidade das artesanais brasileiras é baixíssima assim como é baixo o grau de inovação.

Não discordo da sua análise, Jota. Mas ressalto que a Bamberg produz cervejas muito inovadoras, como eu disse, com custo relativamente baixo, experimentando a partir de estilos que não estão "na moda". Outras cervejarias consolidadas têm feito um trabalho forte de aprimoramento de suas receitas (eu tenho ficado muito impressionado, por exemplo, com as melhorias recentes nos rótulos antigos da Colorado, como a Indica ou a Demoiselle). Há soluções para enfrentar o cenário sem apelar para cervejas de produção excessivamente elaborada. Acho que a maior parte das nossas micros está indo na direção errada, mesmo, investindo em cervejas de baixa qualidade e irrelevantes diante do mercado atual.

Tô quase dando um prêmio pra próxima cervejaria que se disser 'inovadora e revolucionária' e lançar uma witbier com casca de laranja e coentro.

Aproveitando o tópico, mas levantando uma questão mencionada pelo Jota:

Na questão das cervejarias que estavam fora da pauta e vão entrar agora, será que o plano de negócio delas estavam baseadas em estar fora da pauta? Não haviam calculado custos e preços levando a pauta em consideração? Muitas dessas praticavam preços bem acima de outras que estão na pauta ...