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Brasil: terra de grandes oportunidades para cervejas que não impressionam, mas que também não ofendem

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Foto: captiontool.com

Sabe aquela cerveja com viés artesanal que você beberia a tarde toda em uma confraternização com amigos, num churrasco ou mesmo sozinho sem que pra isso você não precisasse abraçar o cheque especial? Daquelas que a qualidade não impressiona, mas que também não ofende? Pois é. Até alguns anos atrás eu diria que a única que enquadraria neste range era alguma Eisenbahn.

Entretanto, o mercado como um todo cresceu e a Eisenbhan não acompanhou as expectativas dos consumidores (principalmente depois de sua aquisição pela Schin e posteriormente pela Brasil Kirin). Ficando estagnada com o seu portfólio que já passa dos 10 anos de idade sem praticamente nenhum lançamento relevante. Ou seja, ao passo que mais pessoas começaram a desbravar o mundo das artesanais mais cobranças por cervejas acessíveis ($$$) e de qualidade aceitável  se tornaram praticamente uma unanimidade na cena cervejeira.

Contudo, por diferentes razões (investimentos tímidos, sistema tributário, atravessadores, margens questionáveis de cervejarias que produzem para ciganas e também de PDVs etc) esse vácuo teimava em existir. Porém tudo indica que tal cenário começou a passar por uma mudança. Recentemente chegaram ao mercado algumas cervejas artesanais que custam abaixo de R$ 10 e que entregam um conjunto sensorial bem honesto. Destaques para a brasileira Maniacs IPA (comercializada como Session IPA  mas que na verdade é uma APA) e a sueca Pistonhead Flat Tire.

photogrid_1477569234899Foto: Divulgação

E como a Maniacs vem conseguindo trabalhar sua cervejas de entrada com preços tão agressivos? Algumas das explicações passam pela escala de produção – enquanto a maioria das pequenas cervejarias (especialmente as ciganas) produzem bateladas de 2 mil litros, a Maniacs começou com 25 mil – e também pelo fato deles contarem como uma rede de distribuição própria.

Resumindo: se mantiverem a consistência e os preços, certamente essas cervejas terão espaço cativo nos copos de grande parte do mercado cervejeiro. E naturalmente abrirão caminho para outras cervejarias que adotarão estratégias parecidas. Além disso, é bom frisar que o mercado brasileiro tem espaço para quase todas as propostas. Para finalizar: ao menos que você seja o  Guilherme Tosi (o cara que toma mais Rizoma do que Omeprazol :o) ), ter algumas brejas mais em conta pra substituir a Heineken velha de guerra nos churras da vida, me parece algo animador, não é mesmo?


FiL CruX
Beer Sommelier ávido por cervejas *A+* . É também um apreciador de música extrema e colecionador de miniatura de carros da PSA.

As melhores IPA disponíveis no Brasil são nacionais, vem em latão, custam caro e são “sold out”

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Fazer IPA de qualidade no Brasil pode resultar em vários desfechos: sucesso e holofotes são alguns deles. Neste sentido, a cena nacional começou a experimentar uma considerável elevação da “nota de corte” para o estilo há alguns pares de meses com o lançamento da ovacionada Dogma Rizoma.

E a coisa não parou por aí. Felizmente. Mas antes de continuarmos, vamos só pincelar como era o mercado de IPAs no Brasil antes do fator Rizoma. Com exceção de um punhado de nacionais como as Seasons (Green Cow e Holy Cow #2 especialmente), Bodebrown Cacau IPA, Tupiniquim Polimango e outras Dogmas como Touro Sentado e Hop Lover, se você quisesse beber uma IPA mais interessante, obrigatoriamente teria que partir para uma importada (como Ballast Point Sculpin, Dieu Du Ciel Moralité, Amager Todd e algumas outras) e torcer para que esta estivesse em boas condições após  uma verdadeira cruzada que é o processo de importação de cervejas para o BR.

Voltemos então ao fator Rizoma. O que ela trouxe de novidade para ter representado um divisor de águas? Bem, basicamente ela apresentou aos brasileiros um pouco das características entregues pelas tão aclamadas NE IPA. Ou seja: frescor agressivo, lupulagem de aroma sem miséria, amargor limpo, no harsh at all, não pasteurizada, não filtrada e caramelo zero. Com esse conjunto e com a carência do nosso mercado, ela simplesmente roubou a cena.

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A Dogma continuou no caminho desbravado pela Rizoma e lançou em seguida duas receitas de DIPA single hop:  Citra e Mosaic Lover. E novamente não desapontaram. Mas aí você deve está se perguntando: só a Dogma que tem feito IPA com tal proposta? Felizmente não. Recentemente os cariocas da Hocus Pocus lançaram a primeira NE IPA de fato no Brasil: a Overdrive.  Ela foi a primeira a usar a levedura específica desse “estilo” que nasceu em Vermont, nos EUA. Mas ainda é muito pouco para um mercado em expansão como o nosso.

Além das explosões de aromas e sabores, o que mais esses latões têm em comum? Os seus altos preços. Infelizmente. Chegando facilmente a R$ 40,00 uma lata com 473ml. O preço talvez seja justificado pela qualidade e quantidade de insumos utilizados na receita (principalmente lúpulos de aroma) e outros fatores como nosso sistema tributário perverso e margens dos pontos de venda.

Para finalizar, provavelmente você questione: e custando tudo isso, essas brejas não encalham? Resposta: de forma alguma. Elas costumam esgotar assim que chegam às geladeiras dos PDVs. Demonstrando com isso que o Brasil tem sim um público sedento por IPA high end. Aí deixo mais uma pergunta: e qual será a próxima cervejaria nacional a se juntar à Dogma e Hocus Pocus neste exclusivo clube?

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FiL CruX
Beer Sommelier e consultor ávido por cervejas *A+* . É também um apreciador de música extrema e colecionador de miniatura de carros da PSA.

Saison: um estilo ainda a ser desbravado no Brasil

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Saison
Foto: beerandbrewing.com

Um dos estilos mais clássicos e versáteis que temos no mundo da cerveja é o chamado Saison (também comumente referenciado por muitas cervejarias como Farmhouse Ale). Na figura da lendária Saison Dupont, o estilo caiu nas graças da cena cervejeira mundial. A Dupont atualmente é uma das cervejas mais clonadas do mundo.

Contudo, temos acompanhado uma onda de repaginação do estilo promovida por cervejarias dos EUA. As melhores feitas por lá geralmente são extremamente secas (muitas terminam com FG 1000), complexas, de corpo baixo, entregam um funky delicioso, drinkability nas alturas e ainda trabalham de mãos dadas com a bretta. Ou seja: são cervejas que literalmente roubam a cena. E quais cervejarias na terra do Tio Sam entregam esta classe de saisons high end? Algumas. Tais como Hill Farmstead,  SARA, Jester King, Almanac, Crooked Stave, Funkworks e muitas outras.

E no Brasil? Aí complica (com exceção de algumas importadas como a própria Dupont, Fantome e Prairie). Infelizmente ainda não temos nenhuma saison nacional que entrega o perfil exposto acima. As nossas geralmente são “doces” (muito malte para a proposta), não atenuam o suficiente, corpo alto (novamente, para a proposta), abusam das frutas e pecam em complexidade. Ou seja: são equivalentes as IPAs caramelizadas  quando o assunto é lúpulo, podemos assim dizer. E olha que saison é um estilo presente nos portfólios de praticamente TODAS cervejarias nacionais.

Este panorama poderá mudar? Acredito que sim. Sei que há cervejeiros (não muitos) dispostos a abraçar o mundo “dry e complexo” das saisons A+. E sinceramente quem fizer isto primeiro será o grande responsável por introduzir o país no seleto grupo das saisons notáveis.

 

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FiL CruX
Beer Sommelier ávido por cervejas *A+* . É também um apreciador de música extrema e colecionador de miniatura de carros da PSA.



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