Detalhe da Avaliação

Dentre todos os experimentos com barris de madeira da De Struise que tive a oportunidade de provar, a Cuvée Delphine foi o que me pareceu mais bem-resolvido, atingindo um resultado ao mesmo tempo bem-acabado e superior à cerveja que lhe serve de base. Trata-se da imperial stout Black Albert maturada em barris do bourbon Four Roses. O potente perfil de torrefação se manteve (com caramelo intenso, chocolate e café), mas parece ter sido "amaciado" pelo estágio em barris, adquirindo ares de doce de leite e baunilha evidentes, além de uma tosta mais seca e assertiva e de toques de madeira, bourbon e defumado trazidos pelo barril. A doçura da madeira parece também ter trazido à tona os tons frutados da cerveja, com cerejas, figo seco e tâmaras. De resto, as notas florais e químicas (lembrando esmalte) da Black Albert se mantiveram. Consegue ganhar muita complexidade aromática do barril sem perder as características da cerveja de base. A oxidação, esperada de cervejas maturadas em madeira, não se revela de forma clara. O paladar tem uma sensação de doçura ainda mais acentuada que na Black Albert, talvez porque o amargor tenha se tornado mais gentil, mas ela ainda consegue ser bastante bem equilibrada pela sensação "quente" de álcool e destilado acentuada pelo barril. O corpo é intenso e licoroso, um pouco menos cremoso e agradável do que o da Black Albert. No geral, é uma cerveja intensa, acolhedora e aquecedora, que consegue preservar boa parte da torrefação e do corpo da receita original, enriquecendo-a com mais doçura, complexidade e licorosidade. Excelente resultado!