Tive a oportunidade de degustar a Blauw 2001 no Delirum Café e foi simplesmente a melhor cerveja da minha vida, sim, melhor até que a Westvleteren 12. Cerveja que já é sensacional quando fresca, envelhecida por longos 9 anos tornou-se nada menos que espetacular! Coloração muito bonita, mas difícil de descrever: âmbar escura, quase castanha, com reflexos avermelhados, translúcida. Boa formação de espuma bege, de curta persistência, mas que deixa camara perene, além de relevos na taça. O espetáculo já começa no aroma, delicioso e muito complexo, no qual consegui discernir: caramelo logo no início, depois mel, frutas passas (ameixa e uva), notas amadeiradas lembrando um porto e até um pouco de jabuticaba(!). O sabor segue o aroma, com todas as notas se repetindo e me pareceu uma mistura de vinho do porto com licor de jabuticada. Pensei que estivesse viajando, até que meu namorado disse ter tido exatamente a mesma impressão, não exatamente com as mesmas palavras, então acho que é isso mesmo. Textura licorosa, aveludada, ao ser vertida na taça parece mesmo um licor. Paladar adocicado de ponta a ponta, mas jamais enjoativo. Boa drinkability para uma cerveja desse porte, não se "sofre" para beber a garrafa (caso de muitas outras grandes cervejas, que cansam o paladar); muito pelo contrário, dá até dó de beber! Carbonatação baixíssima, como era de se esperar depois de tanto de guarda; a surpresa ficou por conta do corpo, que ao contrário do que era de se esperar, foi médio, e não encorpado como nas versões mais frescas, como também notou o confrade Mauro aí embaixo, que teve a honra de provar uma Blauw ainda mais envelhecida do que a minha. Álcool muito bem inserido, quase imperceptível, não incomoda nem agride em momento algum, apesar dos 10,5%. Cerveja equilibradíssima, nada está fora do lugar, mas nem por isso fica apagada, revelando-se de muita personalidade e soberbamente saborosa. Enfim, verdadeiro néctar dos deuses, valeu cada centavo! Espero um dia poder repetir essa inexcedível cerveja!