Nunca escondi minha paixão pela linha Gouden Carolus da Het Anker, mas a edição que comemora o aniversário do rei Carlos V, sempre achei um exagero de boa. Finalmente, tomei ela pra valer, com um pouco mais de atenção e dei uma baita sorte. Foi a minha melhor experiência com ela. A cerveja evoluiu muito bem em quase dois anos de guarda, e deu um pau na comparação feita com a versão do ano 2000 (mesmo que a receita seja bem diferente).
Na tacinha, apresentou uma coloração âmbar, com nuances avermelhadas, quase chegando ao rubi e uma translucidez razoável. Seu creme se formou razoavelmente bem, apresentando cor bege e uma duração também mediana.
Uma fantástica gama de aromas frutados desperta o olfato. As leveduras da casa trazem um perfil extremamente frutado e vinificado, trazendo sensações vividas de uvas maduras e uvas secas, cerejas, maçã e ameixa. O frutado é amparado por uma base sólida de maltes, levemente caramelados e achocolatados, ainda lembranco um pouco amêndoas torradas. Como se não bastasse, as leveduras ainda deixam o clima mais apimentado, com aromas de noz-moscada, anis e um delicado floral.
O paladar traz a doçura em destaque, lembrando muito um licor de frutas escuras ou até um vinho do porto. A doçura dominante, é elegantemente cortada por um amargor sutil, mas providencial. O álcool, mesmo diabolicamente perigoso, praticamente não se faz notar, conferindo uma leve picância que se confunde com os aromas condimentados. Tem corpo sedoso como veludo, extremamente denso e uma carbonatação potente.
Disparada a melhor cerveja da Het Anker que tomei. Uma das minhas favoritas do estilo Belgian Dark Strong Ale, junto com as trapistas Rochefort 10 e Westvleteren 12. Vale a pena ter uma guardadinha para ver como ela se sai depois de uns anos.