Esta não é uma loira vulgar, mas uma dama a ser tratada com a nobreza que merece. Complexa, sutil, equilibradíssima e sobretudo perfumada, com frutas e flores deliciosamente em destaque. O líquido dourado claro, radioso, forma um ótimo creme branco e duradouro. O aroma e o sabor são inacreditavelmente perfumados, inebriantes. A levedura fala pelos cotovelos. É notável o equilíbrio entre frutas (laranjas maduras, damascos secos, creme de papaya com cassis, uvas verdes, abacaxis em calda, tutti-frutti) e um verdadeiro bouquet de flores frescas e vigorosas. Além disso, nota-se o fermento, alguma erva adocicada - talvez alecrim -, uma nota levíssima que lembra borracha (é agradável). Inacreditável, continuou me impressionando até o último gole. Finalização refrescante, perfumada, com sensação sugerindo champanha e final longo, com flores em destaque e frutas. Paladar equilibrado e delicado, com um belo amargor perfumado sem excessos que dá o tom e é contrabalanceado por uma boa doçura frutada, por uma acidez cítrica exata e pela leve picância dos 8,5% de álcool; tudo sem uma intensidade demasiada. Corpo leve, suavemente frisante devido à carbonatação na medida, refresca e desce bem, com alta drinkability.
Beira a perfeição; não tem absolutamente nada fora do lugar, nada em excesso; mas mesmo assim é bastante marcante e única. O malte fica em segundo plano; se estivesse mais evidente, possivelmente tornaria a cerveja mais intensa e saborosa; mas alteraria seu equilíbrio geométrico e sua delicadeza. Merecidamente, uma belga clássica. O preço é salgado, mas ela vale cada centavo.