Como é bom falar de bons produtos da nossa terra (país e Estado)! A Double Vienna, na expressão criada pelo compositor João Lopes, é "Bicho do Paraná" assim como este simplório apreciador. É uma cerveja de baixa fermentação do estilo Specialty-Beer que caracteriza cervejas artesanais com algo que a torna especial, como por exemplo um tempero único. Pode incluir maltes e cereais pouco comuns, blend de cervejas, combinações de estilos enfim algo que que lhe confira distinção. A coloração é variável, podendo ser clara ou escura, e a formação da espuma poderá ser influenciada pelo adjunto/processo dito especial; o aroma é harmonioso, mas a ideia do estilo é de que sobressaia, de que seja saliente, o que torna a cerveja especial; o sabor via de regra segue o aroma e repete tais percepções, podendo proporcionar um corpo de leve a pesado.
É produzida pela Cervejaria Junkabeer (Morada Companhia Etílica, de André Luís Junqueira Santos e Fernanda Noemberg Lazzari), instalada na cidade de Curitiba, cuja história remonta ao ano de 2010 ocasião em que uma variação da receita da Double Vienna ganhou medalha de ouro na categoria Oktoberfest/Märzen no 5º Concurso Nacional de Cervejas Artesanais, realizado em Porto Alegre no mês de junho. No portfólio figura também a Morada Kolsch e uma série de destilados artesanais.
A cerveja vem numa garrafa de 355ml e ostenta um belo rótulo de cor amarela que se apresenta, curioso, interessante e bem bolado. O desenho do rótulo foi inspirado nos ambigramas, que são uma representação gráfica de uma ou mais palavras que quando rotacionada pode ser vista com a mesma fonética e representação visual (lembra dos signos dos Illuminati?). As informações adicionais (tipo, volume etc) estão de cabeça pra baixo no rótulo, pelo que o consumidor se obriga a virar a embalagem para notar o ambigrama. O estúdio de design responsável é o D-Lab, e a ilustração foi feita pelo Beto Janz.
Vertida na taça revelou um líquido de coloração castanho avermelhado (próprio do malte Vienna), boa translucidez, espuma bege cremosa de bela formação e consistência, densa e de destacada manutenção. Perlage (bolhas) perceptível.
O aroma da breja se apresenta bastante aromático e convidativo, com notas maltadas, caramelo, frutado sutil de maracujá e laranja, bela presença de lúpulo (cítrico, herbal), notas licorosas e um leve álcool.
No paladar o líquido apresenta-se aveludado e encorpado, com notas de malte, caramelo, licor e lúpulo com as características notas herbais e cítricas do amarillo gold. O final se mostra seco e amargo e o retrogosto é maltado e amargo. A carbonatação e o corpo são médios. O álcool de 7,6% ABV não é pronunciado (diria agradável), mas está em harmonia com o conjunto. A drinkability é ótima!
Trata-se de um primor de cerveja! Com bom equilíbrio a dupla carga de maltes aliada aos lúpulos americanos reflete bem o estilo de especialidade nesse encontro entre o clássico austríaco Vienna Lager e o moderno American Amber Lager. Belíssimo conjunto!
