Talvez a cerveja mais difamada e subestimada do Brasil. Antes de cair na contra-propaganda, deguste-a com atenção e verá uma pilsen leve no sabor, adocicada e com um toque frutado que lhe dá personalidade diante de todas as demais concorrentes. Aparência típica, creme razoável, mas nada de novo sob o sol. Aroma que começou a me surpreender assim que ela esquentou um pouco: notas de maçãs vermelhas bastante intensas para uma lager, um leve floral de lúpulo e uma nota curiosa que me sugeriu leite com groselha. Ainda não acredita nas maçãs vermelhas? Ponha na boca, espere 1, 2, 3 segundos, e - voilà! - lá estão elas de novo no sabor, suaves mas claras. No mais, sabor é mais suave que o aroma, a não ser pelas notas de papelão, estas mas intensas. Amargor irrelevante, o que a torna uma cerveja mais delicada e adocicada, que mostrou acidez destacada na boca e doçura final no retrogosto que traz notas de maçãs vermelhas e biscoito, bem leves, e deixa um residual sutil de mel. Corpo leve e aguado, que me deu uma sensação leve de estufamento. O chope mostrou características semelhantes, mas achei os lúpulos mais discretos na pressão do que na garrafa, com características mais cítricas. Não sei a que atribuir isso; provavelmente a uma variação no meu paladar mesmo.
No conjunto, ela é leve, adocicada e delicada, com mais presença da levedura do que dos maltes e lúpulos, mas não me desagrada e tem alguma personalidade diante das concorrentes devido a suas notas frutadas e leve toque floral. Personalidade o suficiente para poder ser identificada num teste cego, imagino - e não estou falando em degustadores profissionais, mas em bebedores comuns como eu ou outros daqui. Malte e lúpulo mais intensos a colocariam num outro patamar: seria interessante ver uma versão "premium" da Kaiser (já que a Kaiser Gold tem outro perfil). Deixe de lado os preconceitos arraigados e prove de novo.