Funhouse Belgian Blond

Inspirados na escola americana, a Season's apresenta cervejas criativas, que fogem do lugar comum. Estae é um bom exemplo, permitindo ao "bebinte" descubra diferentes sabores sem muito esforço. Seu perfil cítrico a torna deliciosa no calor, refrescante como uma boa belga mais leve. Já as especiarias notadas, como coentro, a torna um ótimo desafio para harmonizações.
Merece ser bebida!

COR: cobre-claro, límpida.
ESPUMA: branca, baixa formação e sustentação, restando uma fina película.
AROMA: laranja, malte intenso, mamão, cinzas, lúpulo, herbal, especiarias.
SABOR: laranja, malte, caramelo, mel, amargor intenso, picante, baixo corpo. Fim lupulado.

Depois da fantástica Green Cow, todos os futuros lançamentos da cervejaria Seasons sempre chamarão atenção em suprir não a curiosidade da criação de algo superior, mas na manutenção da qualidade conquistada através de seu primeiro lançamento nacional. Não precisam criar uma cerveja melhor que a “vaquinha verde”, mas uma constância em toda sua linha faz-se necessário, a fim de, paralelamente a bandas de música, não virarem um sucesso de um hit só. O segundo lançamento engarrafado deles que degusto mantém a lúdica ilustração da (olha ela aí novamente) vaquinha no rótulo, vivenciando essa brincadeira toda no dito copo, como se fazer cerveja fosse a coisa mais fácil do mundo, ao menos todos concordamos ser uma das mais prazerosas. Apresentando dessa vez uma receita belga, ela apresentou uma cor que se mostrou uma mescla de dourado a âmbar, mais puxado para o cobre-claro, totalmente transparente na taça. Infelizmente sua espuma formou-se de forma sofrível, forçosamente criada, esvaindo-se logo, deixando uma fina película branca. Pouca criação e baixíssima retenção. Talvez seja uma avaria por culpa do transporte até o Rio, já que requer todo cuidado e deve manter-se sempre refrigerada até seu destino. Já as notas de aroma e sabor não apresentaram problemas aparentes. O aroma que se desprende com mais intensidade inicial e permanente é o cítrico de laranja, com sua casca, mas com a intensidade de polpa também. Boa presença maltada também marcou pela boa presença, em específico o caramelo, melaço, bala de leite, um pouco de doce-de-leite e os leves mel e miolo de pão. Senti no fundinho um pouco de frutado e de semente de mamão e uma pitada de cinzas, mas as cargas mais proeminentes dissuadiam e encobriam esses elementos, tornando mais como uma sugestão. A presença do lúpulo herbal trouxe uma carga um pouco indefinida de ervas, lembrando boldo e de ligeira refrescância remetendo a eucalipto. Um conjunto de especiarias rodeava o cheiro com cargas de cravo, noz moscada e pimenta do reino. Seu sabor mantinha esta forte citricidade da laranja, porém de forma inicial mais precavida, como de mãos apertadas com a carga maltada, que logo dá as caras, seguindo com seu caramelo e mel mais presentes, para dar continuidade com amargor mais forte, picante e cítrico, onde tem pleno domínio, mostrando serviço exagerado e destoante, tornando a cerveja mais lupulada que de início. Toda a elegância inicial dá vazão a uma rusticidade mais agressiva e insistentemente amarga do lúpulo, inclusive na finalização, terminando bem lupulada/paulada. Seu corpo tem uma textura baixa e um pouco aguada, com carbonatação nada presente, como se esquecida em algum lugar qualquer. Uma excelente cerveja que parece não ter intuito em ser fiel, mas uma releitura do gênero, continuando com sua brincadeira lúdica até na transformação do clássico estilo proposto e o desvirtuando, não com atrevimento, mas com inocência descompromissada.