Não me canso de me deleitar com as Ola Dubh, linha de old ales maturadas à perfeição em barris de uísque. Nesta edição especial, uma versão mais alcoólica da cerveja-base (de 10.5% ABV) maturou por seis meses nos barris usados para a produção do uísque Highland Park 1991, que tinha como peculiaridade uma maior doçura abaunilhada advinda do uso de carvalho americano. Para casar com esses barris, a Harviestoun fez uma receita também levemente mais forte e adocicada, menos rústica que as demais da linha. A garrafa despeja um líquido marrom muito escuro, viscoso e brilhante, com creme de pouquíssimo volume, mas boa permanência. O aroma é intenso e gravita em torno do eixo "chocolate-ao-leite/baunilha", dando uma forte impressão de sorvete de chocolate que contrasta com a defumação turfada do uísque. Caramelo, celeiro de grãos, bolo inglês e queimado enriquecem a paleta maltada e, com o tempo, começa a aparecer um café expresso discreto. Frutas escuras marcam presença com figos ramy e uvas passas. Há um amplo abaunilhado do barril, junto com notas defumadas de turfa (marcantes, mas mais discretas que nas outras Ola Dubh) e toques minerais, mentolados e apimentados. Um certo aroma solvente denuncia a maior potência alcoólica e incomoda um pouco. Na boca, ela é menos contida e mais avassaladora do que as outras da linha: entra na boca bem doce, como sobremesa, e vai aos poucos aparecendo um amargor que conduz a um final equilibrado. O corpo é intenso, até um pouco melado, com carbonatação suave e aquecimento alcoólico evidente. No geral, mostra-se mais intensa e mais "espalhafatosa" do que as demais Ola Dubh (mais ao estilo americano), com doçura acentuada, bastante baunilha e corpo mais grosso se comparada com suas irmãs mais austeras e elegantes da linha regular. Enquanto as outras exibem normalmente algum grau de oxidação positiva e evolução (que eu adoro), esta fica isenta desses traços, talvez por seu maior teor alcoólico. De qualquer forma, ela ainda traz a "marca Ola Dubh" que se reconhece em todas as cervejas da linha. Boa para conhecer, mas não para repetir.