Preciso confessar: sou tarado por chipotle. Fiquei muito curioso quando esta Rogue chegou ao Brasil, mas o preço estava meio salgado; quando ela estava perto do vencimento e entrou em promoção, foi irresistível. Trata-se, em linhas gerais, de uma amber ale de perfil macio de maltes, com um toque de defumação do chipotle, que nada mais é do que a pimenta jalapeño defumada. No copo, mostrou boa espuma, mas turbidez a frio em excesso. No nariz e na boca, predominam os maltes, com nuances de castanhas, doce de leite e uma doçura de algodão-doce. O chipotle corta um pouco essa doçura toda com um toque defumado (lembrando lenha de lareira) e uma sensação salgada considerável. Além disso, nota-se a contribuição dos lúpulos com sugestões florais, apimentadas e de grapefruit. Um tiquinho de DMS sugeriu vegetais cozidos. No boca, a doçura inicial é equilibrada pelo amargor final predominante, com sensação bem salgada agradável. Contudo, minha garrafa exibiu uma acidez adstringente meio incômoda - já tive esse problema com algumas outras Rogue não pasteurizadas e com vários meses na garrafa. O corpo é leve e a textura é acetinada, mas essa adstringência prejudicou a drinkability. No geral, é uma cerveja interessante, uma amber ale de agradável sensação maltada com um "a mais" defumado do chipotle, lembrando de longe a sensação de uma Rauchbier, mas bem mais suave. Eu me imaginaria, com facilidade, bebendo uma cerveja dessas a tarde toda num churrasco - não fosse o preço!