Generosa barley wine genuinamente yankee, ostentando orgulhosa o peso envolvente de suas sensações carameladas, frutadas e de especiarias lembrando alguma torta ou sobremesa de almoço de família, ao lado de um farto aquecimento alcoólico para esquentar o coração nas noites frias. Bela no copo, com uma cor rubi profunda e escura, quase marrom, e um bom creme. Os aromas e sabores vêm em camadas de complexidade e potência como sucessivas ondas de cavalaria numa batalha: primeiro se impõe o malte com caramelo e açúcar mascavo (mais fiel ao perfil maltado das barley wines inglesas do que outras interpretações americanas francamente mais claras). Os frutados trazem muita maçã-do-amor, licor de cereja e uvas passas, complementadas por especiarias doces como noz-moscada, canela e anis-estrelado. Mas o lúpulo, da variedade arquiamericana Cascade, mostra seu frescor com notas de casca de laranja, hortelã e lavanda. Uma sensação de borracha e gim dão uma pegada mais "química", não de todo agradável. Se bebida fresca, não exibe o perfil de oxidação lembrando madeira, xerez ou vinho do Porto de barley wines envelhecidas. No paladar é a doçura do malte que impera, muito intensa, com um corpo grosso e viscoso lembrando calda, equilibrada por uma forte picância de álcool e especiarias e um amargor que aparece no final. Cerveja muito gostosa, com promessa de boa evolução na adega, cujo preço infelizmente não colabora muito para que seja consumida com a frequência que mereceria.
