Voodoo Doughnut Maple Bacon Ale

Inicialmente, a coleção Rogue Voodoo Doughnut é uma série de cervejas que surgiram da fusão colaborativa entre a Cervejaria Rogue e a excêntrica loja de donuts Voodoo Doughnut (de Portland, Oregon, mesmo estado norte-americano da Rogue). Cada rótulo dessa série é inspirado em algum dos pouco convencionais sabores de donut oferecidos nas lojas da Voodoo. Neste caso, o sabor de donut que foi transformado em cerveja é o Bacon Maple, uma mistura extremamente curiosa entre doce e salgado, com extremo teor defumado, tanto do bacon em si quanto do xarope de maple (o famoso maple syrup).

OBS: Minha unidade foi adquirida em 2012 e deixada em guarda. Resolvi degustar ela cerca de 2 anos e meio após a validade indicada no selo de importação.

Servida em copo Pint/Nonic, seu visual é bem atrativo, transparecendo frescor. Trata-se de uma cerveja marrom/castanha, acobreada, bastante translúcida, muito efervescente e sem sedimentos aparentes. No final da garrafa, apresenta líquido já turvo e opaco. Forma uma camada média de espuma bege clara, cremosa e consistente, com minúsculas bolhas e com duradoura permanência sobre o líquido. Deixa um mínimo lacing retido.

Seu aroma é bem pesado e carregado desde o início. Muita sensação defumada e intensa, não somente de bacon/embutidos, mas também de dulçor de barbecue Smokehouse e principalmente de maple syrup. Toda essa carga é um pouco enjoativa e encobre sim as demais notas sensoriais. Forçando muito o olfato, dá para sentir algo de biscoito, toffee, queimado, madeira branca e amêndoas. Mas para por aí. Em termos de Smoked Beer, ela até que cumpre bem o estilo a que se propõe, mas é preciso ter em mente que ela é contundente, mas não equilibrada ou complexa. Sem off-flavors, ou eles também foram encobertos pelo bacon/maple. Com o aumento da temperatura, o caráter defumado definha e as notas mais triviais ficam mais nítidas.

Na boca, enfim, o gole exibe um caráter mais harmonioso (mas ainda não equilibrado). Base maltada, muito saborosa, de casca de pão, toffee, frutas secas e castanhas. Lúpulo ainda sem marcar presença. Defumação continua muito preponderante, mas sem chegar a cansar. De fato, o aroma é muito mais enjoativo do que o paladar. Retrogosto marcante, duradouro, seco e defumado, praticamente igual ao aroma, com foco em torra, cinzas, madeira, bacon e maple. Cerveja de corpo leve, mineral e sedoso, com textura macia. Carbonatação mediana, com uma crocância que favorece a refrescância. Álcool absolutamente discreto, sem se fazer notar. Drinkability surpreendentemente boa. Enjoa bem menos do que o previsto. Em um churrasco ou com outra harmonização adequada, ela casa muito bem e desce extremamente fácil, se tornando bastante Session.

Essa Bacon Maple Ale é uma excelente experiência sensorial. Muito saborosa e destacada, carregada em defumação. Uma das melhores Smoked Beer/Rauchbier que já pude degustar. Aroma pesado. Paladar extremamente easy going. Retrogosto notável. Esbanja bacon e funciona muito bem como showroom de maple syrup. Absolutamente recomendada, se a Rogue voltar a fabricá-la.

Líquido acobreado, anuviado. Creme claro de boas formação, consistência e persistência.
Aroma e sabor assustadoramente defumados, mas não simplesmente isso. Foi a primeira e única vez que abstrai o defumado como característico multidimensional, desde uma defuma leve, aromática, lembrando madeiras naturalmente cheirosas (o malte cherrywood é defumado com madeira de cerejeira, a lembrança foi imediata), um defumado remetendo embutidos defumados, bacon e charcuteria em geral, somado a um defumado lembrando fumaça e tabaco, esp. charuto. Além de tudo isso, ainda sobrou espaço para o xarope de maple, também presente e sem interferência de toda a complexidade defumada. Essa complexidade foi maior e mais agradável no nariz.
Ao longo da degustação, embora uma cerveja intensa em aroma e sabor, foi relativamente fácil de se beber, o álcool quase imperceptível. Retrogosto e retronasal pesadamente defumados, enfumaçados e amadeirados, infinitamente persistente. Só para constar, degustei esse rótulo Rogue em uma noite, na manhã seguinte ainda havia retronasal de Rogue Voodoo a cada expiração.
Acho que não preciso dizer quão única e valorosa é essa experiência, ainda assim vale a ressalva que será muito melhor aproveitada se compartilhada, uma garrafa inteira desse rótulo deve ser demais para quase qualquer um.

Reunimos alguns confrades e fizemos uma degustação que apelidaram de "degustação ostentação", pois reunimos 6 confrades com 6 cervejas de 750 ml acima de 80 reais cada uma. Corsendonk Tripel, Tripel Karmeliet, Wals Brut, Deus, Eisenbahn Lust e Rouge Voodoo.

- APARÊNCIA: dourada tendendo ao âmbar, translúcida levemente turva e com creme denso bege claro de 3 dedos com bastante retenção.
- AROMA: pingo de ouro, baconzitos, bacon, madeira.
- SABOR: acompanha o aroma com muito bacon, defumado, madeira, possui um leve cítrico ao fundo.
- SENSAÇÃO: média alta carbonatação, adstringência e cremosidade no corpo.
- CONJUNTO: melhor cerveja defumada de minha vida até então.

Rogue Voodoo Doughnut Bacon Maple Ale

Coloração cobre brilhante, com bastante bolhas e creme bege denso de longa persistência.

Aroma defumado combinado com maltes torrados e leve dulçor.

Na boca, lembra bastante uma Rauchbier, porem, com um pouco menos de intensidade no defumado. O dulçor, que remete a baunilha, é tímido mas bem inserido.

Na taça apresentou um líquido âmbar brilhante e com um creme bege de média formação, pequena persistência e que deixa um laço.
Aroma intenso e completamente insano: muito bacon com notas salgadas e notas claras de fumaça. Aos poucos notas adocicadas remetendo ao bordo vão equilibrando tudo.
Na boca tem uma base de malte doce que aos poucos é tomada pelas notas defumadas e salgadas do bacon. O final é adocicado com malte e com notas do xarope. Aftertaste esfumaçado e adocicado. O corpo é médio e a carbonatação até evidente.
No conjunto uma cerveja que não é tão agressiva quanto poderia se supor, equilibrando bem as notas defumadas e salgadas do bacon com as notas adocicadas do malte e do xarope de bordo. Vale a experiência.