Detalhe da Avaliação

4.5 221
Bélgica
Mauricio Beltramelli
Mauricio Beltramelli
18 de Agosto de 2008 64380
(Atualizado: 18 de Maio de 2010)
Avaliação Geral
 
4.9
Aroma
 
9/10
Aparência
 
5/5
Sabor
 
20/20
Sensação
 
5/5
Conjunto
 
10/10
Uma obra-prima dos monges da abadia de St. Remy, esta espetacular Belgian dark strong ale apresenta uma espantosa harmonia e complexidade de características advindas das leveduras, dos maltes e dos lúpulos, sem que alguns de seus traços sobrepujem as surpresas reservadas pelos demais. Apesar de harmoniosa, ela se mostra ao mesmo tempo marcante e plena de personalidade, pelo que consegue ser uma cerveja ao mesmo tempo extravagante e precisa como uma boa sinfonia. Na taça, ela mostrou uma cor castanha escura e opaca, de aspecto quase aveludado, com ótimo creme marrom claro, denso, muito volumoso e persistente, deixando relevos e marcas no copo. No aroma como no sabor, um peculiar entrelaçamento de características de levedura, malte e lúpulo. As leveduras orquestram o conjunto, trazendo uma vertiginosa complexidade de aromas que remetem a mamão-papaya, pimenta do reino (com um toque adocicado e frutado sugerindo pimenta rosa), mel e ésteres de maçãs vermelhas, bananas passas e ameixas. O malte fornece um bom contraponto, evidenciando-se principalmente na boca com um sólido caramelado dominante que se faz acompanhar de chocolate ao leite a amargo e creme irlandês. O lúpulo é mais perceptível no aroma, com notas florais bem presentes (talvez lavanda, e sugestão mais adocicada de lírios) e toques condimentados de ervas em segundo plano. O álcool é assertivo e se evidencia de forma clara, mas é bem inserido no conjunto intenso e marcante, dando-lhe mais peso, calor e picância.

O paladar é comandado pela doçura do malte, como se espera pelo estilo, mas há um excelente equilíbrio devido a um sólido amargor de fundo e à picância do álcool e dos fenóis apimentados. Ela começa adocicada na boca, abre um amargor de fundo e termina num final doce-amargo que ressalta a riqueza do malte, trazendo notas de caramelo, pão com chocolate, mel, algo de banana passa e um residual terroso sutil. A carbonatação é alta e o corpo é denso e licoroso. No conjunto, trata-se de uma cerveja singular pela capacidade de aliar uma extrema harmonia de aromas e sabores a um perfil audacioso e marcante que a impede de ser correta demais. Eu destacaria a presença dos fenóis picantes, que dão suporte e equilibram de forma exemplar a doçura do conjunto. Talvez as notas de mamão-papaya apenas tenham se destacado um pouco mais do que eu esperava, mas é realmente muito difícil botar qualquer defeito nessa cerveja. Uma experiência quase mística, como apenas os monges saberiam produzir.

Detalhes

Degustada em
17/Janeiro/2009
Envasamento
Volume em ml
330 ml
Onde comprou
Empório Alto dos Pinheiros
Preço
R$ 32
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