Em visita a Brugge, este bar deve ser incluído no roteiro de qualquer visitante, cervejeiro ou não. Apesar de escondido não foi difícil acha-lo, claro que depois de um belo mapa elaborado antes da viagem. O local em si já vale a pena, mas claro, a cerveja muito mais. O bar é concorrido, não sei se pelo fato de ser um sábado quando fui, mas só conseguimos mesa no piso superior...
Bom, mas e a cerveja? Que cerveja!!!! Coloração dourada e translucida. Na minha opinião o ponto alto é a espuma/creme, que é um caso a parte, não tenho comentários melhores do que "perfeita". Ela é densa, em grande quantidade e duradoura. Em resumo: da vontade de mergulhar nela. Se reparar bem percebe-se que o nome Garre grafado no copo ganha destaque. Até nisso é perfeita!
O aroma é bastante frutado e sente-se um pouco de especiarias. Na boca uma cerveja encorpada, e assim como o aroma, percebe-se frutas (mistura) e o álcool.
Uma cerveja imperdível para quem vai a Brugge. Recomendadíssima!
Uma mítica Tripel, cerveja da casa de um dos bares mais escondidos que já tive conhecimento. O Staminnee de Garre, em Bruges. Me conquistou pelo caráter virtuoso e complexo, que mesmo não primando pelos aromas condimentados que gosto no estilo, se tornou a minha Tripel Favorita.
A taça da casa nem me foi servida por completo, e o líquido mostrou coloração dourada, quase chegando ao alaranjado e com pouca translucidez. Seu creme me foi servido em abundância, , mostrando um perfil bem persistente e cremoso, deixando as laterais da taça completamente desenhadas.
Não impressiona apenas na apresentação na taça. Continua de maneira formidável no aroma, trazendo nuances frutadas de damasco, banana, abacaxi, tutti frutti, laranja e nectarina. Como se não fosse suficiente, para complementar os esteres frutados, os maltes ainda fazem um bom plano de fundo, remetendo a mel e aveia. As leveduras além de trazer os aromas frutados, trazem bastante de especiarias, como semente de coentro, cravo e algum tipo de pimenta que não consegui identificar exatamente qual. Os lúpulos, mesmo que sutilmente inseridos, trazem mais riqueza ao bouquet, lembrando aromas florais e terrosos.
Os maltes mostram muita força na boca, mas do que em boa parte das cervejas do estilo, e se unem bem aos aromas frutados, horas trazendo tons mais adocicados, horas vindo com frutas mais cítricas. Os lúpulos e fenóis também são perceptíveis, e trazem uma pegada mais apimentada (pimenta da jamaica), mas em equilíbrio, além da secura pedida para o estilo. O álcool contribui com a sensação de picância, mas mesmo sendo evidente, é até gostoso de sentir. Mesmo sendo uma cerveja bem pesada e potente, tem um drinkabillity relativamente alto, com textura cremosa e carbonatação até um pouco discreta se formos levar em consideração o estilo Tripel.
O mais interessante desta Tripel, é como a interação dos aromas frutados e condimentados foi perfeita. Geralmente as Tripel acaba puxando ou para um lado ou para o outro. Já a De Garre consegue unir tudo o que é bom numa Tripel (mesmo que ainda tenha a dominância dos aromas de frutas), trazer potência e complexidade aromática e mesmo assim um equilíbrio magistral.
Na minha primeira vez em Brugge não tive a oportunidade de achar o famoso beco. Você passa diversas vezes e nem sabe o que lá se esconde. Cheguei ao meio dia pra toma-la com pelo menos 1 hora antes de pegar estrada de volta a França. Que creme é aquele? Não existe nenhum outro creme com as qualidades desse. É uma cerveja bem complexa pra descrever, só tomando lá no beco.
Achar o beco de Brugge em que fica escondido o Staminee de Garre já foi uma alegria, degustar essa já célebre Tripel da casa ao som de música clássica, então, foi sensacional! Coloração âmbar, translúcida. A espuma é um capítulo à parte, com excelente formação de um creme branco, denso, consistente, muito cremoso, de longuíssima duração (abaixa, mas deixa generosa camada perene de 1 dedo, que acompanha até o último gole); como diria um amigo, coisa linda de Deus, o melhor creme que já vi até hoje, que deixa espessas marcas na taça inteira, formando um belgian lace de dar inveja! Aroma complexo: frutas cristalizadas, especiarias, álcool e provavelmente mais um monte de coisas que eu não consegui discernir. Carbonatação média e bem peculiar: a cerveja inteira é tomada por bolhas muito pequenas que sobem constantemente, conferindo um visual deveras bonito de se contemplar. O sabor, bastante forte, segue o aroma, com especiarias e frutas cristalizadas, sendo ao mesmo tempo amargo e doce, bem alcoólico e com amargor final maior que em boa parte das tripels. Beleza de cerveja encorpadíssima, potente, pesada, que esquenta, meu namorado amou. Baixa drinkability, foi feita para degustar calmamente, extasiado. Pena que não tinha mais pra trazer em garrafa. Quando em Brugge, degustação obrigatória!
Uma cerveja maravilhosa, complexa e equilibradíssima. Me traz ótimas lembranças, principalmente pelo ambiente onde é servida e por ter sido uma das primeiras tripels que eu provei.