Detalhe da Avaliação

Consolidada como um dos mais aclamados nomes do atual cenário nacional de cervejas artesanais, a Cervejaria Escola Bodebrown surgiu em 2009, na capital do Paraná, Curitiba. Sucesso absoluto de críticas tanto por parte de amadores quanto de especialistas, o reconhecimento pela qualidade e ousadia de suas cervejas é unânime. Tal reconhecimento tem inclusive vindo em forma de premiações e medalhas conquistadas em concursos internacionais de primeira importância, como o Troféu 'Gary Shepard' de revelação no "Australian International Beer Awards", na Austrália, e o "Mondial de La Biére", no Canadá, onde foi agraciada com medalhas de ouro em 2011 e 2012 - feito até então inédito para uma cervejaria sul-americana. Fruto dos esforços de Samuel Crhistophe Cavalcanti Cabral, um pernambucano, a cervejaria tem como símbolo o bode, animal que tradicionalmente habita o sertão nordestino. Muita ativa, a Bodebrown não só fabrica, mas também ministra cursos sobre produção cervejeira, harmonização e 'homebrewing', além de comandar eventos culturais/gastronômicos como o "Beer Ranch" e "Beer Train". Apesar dos excelentes atributos, nem tudo são flores para a Bodebrown que tem sido alvo de duras críticas devido aos preços estratosféricos cobrados por suas cervejas.

Elaborada em parceria com os cervejeiros caseiros Paulo Cavalcanti, Rafael David e Samuel Cavalcanti, a Bodebrown Perigosa" foi a primeira "Imperial IPA" produzida comercialmente por uma empresa brasileira. Lançada em 2010, seu nome original era "Venenosa", mas por causa da implicância do Ministério da Agricultura teve de alterá-lo para "não confundir o consumidor" (OK então).

Feita com lúpulos essencialmente americanos, possui amargor na casa dos 100 IBU.

Líquido translúcido de coloração âmbar alaranjada. A espuma bege clara é fofa e abundante, perdurando durante toda a degustação e deixando marcas ao redor da taça.

Bastante aromática, evidencia alta carga de malte e lúpulo que se desdobra em nuances tostadas, caramelizadas e frutadas. Notas de 'grapefruit', geleia de laranja e goiaba madura surgem em primeiro plano enquanto toques de mel e cacau pairam ao fundo. Maravilha!

É no palato, porém, que ela realmente mostra os seus encantos. De corpo médio-alto e carbonatação intermediária, impressiona logo de cara tanto pela cremosidade quanto pela incrível leveza. Apesar do elevado teor alcoólico é facinho bebê-la em poucos goles sem se dar conta. O sabor é significativamente adocicado com suave tosta, muito caramelo e suculentas notas de mel de laranjeira. Traços cítricos/frutados salpicam na língua a todo tempo trazendo ainda sugestões de gomos de laranja em compota, calda de maracujá, leve 'toffee' e uma pitada de baunilha. Consideravelmente melado, o final sufoca um pouco o amargor. Ecos cítricos e resinosos se prolongam até o retrogosto passando por casca de laranja e pinho.

Cerveja complexa e saborosa de conjunto praticamente impecável. Fosse menos açucarada, certamente deixaria espaço para um amargor mais assertivo. De qualquer maneira é evidente que se trata de uma 'Imperial IPA' de muita personalidade com a inconfundível assinatura da Bodebrown.