A Weissbier da Petra apresenta acidez destacada, baixa tipicidade de aromas e uma estranha combinação de sabores que, acreditem, me remeteu a torta de cerejas. A aparência é boa, com um líquido alaranjado e opaco encimado por um creme bem denso e volumoso, com persistência mediana. O aroma não se desprende com facilidade e tampouco traz as características esperadas pelo estilo: inicialmente, notei ovo e mercaptano (ralo de banheiro), que se atenuaram com o tempo, dando espaço a um estranho aroma de cerejas em calda e um fundo quase ausente de banana. O sabor é mais pronunciado, e traz notas bem claras de cereja em calda (até parecendo artificial) que se combinam com o malte de trigo para dar a impressão de torta de cerejas. Com o passar do tempo, surgem notas secundárias de laranjas, ésteres sutis de banana e, no retrogosto de média duração, uma sugestão de cravo convive com o malte e a inusitada cereja. Tudo muito menos pronunciado do que se espera de uma Weiss de boa intensidade. O paladar é dominado pela acidez destacada, com leve doçura de entrada e um leve amargor na finalização (até maior do que a média do estilo), que se prolonga no retrogosto junto com uma acidez residual. Ela é encorpada, densa considerando-se o estilo, e traz alta carbonatação. No conjunto, uma cerveja de trigo peculiar, mas num mal sentido: falta o que deveria estar lá (ésteres de banana/tutti-frutti e fenóis de cravo) e sobra o que não deveria. Você fica se perguntando para onde vai este mundo quando você abre uma Weissbier e sente gosto de torta de cereja. O custo-benefício, como ocorre com outras Petras, é deveras duvidoso - pelo mesmo preço (e frequentemente nos mesmos lugares) compra-se uma boa Weissbier alemã. Se quiser provar, sugiro esperar a promoção na gôndola do supermercado.