A Wäls conseguiu surpreender com uma double IPA diferente e equilibrada, em que o malte aparece gostoso e macio e os aromas lupulados aliam a elegância de variedades nobres (Polaris e Saaz) com a exuberância de variedades norte-americanas (Cascade) e australianas (Galaxy), gerando um resultado inesperado. O rótulo é feíssimo, talvez o mais feio da Wäls, com problemas evidentes de volumetria e proporção no desenho e cores que nada têm a ver com a identidade do produto. Mudem já! Na taça, a aparência melhora, com uma bonita cor avermelhada, quase ameixa e creme razoável. No aroma, o malte chama a atenção positivamente com caramelo e biscoito doce, mas sem roubar a cena do lúpulo. Polaris e Saaz aparecem o tempo todo em segundo plano, fornecendo uma elegante base com apimentado forte, alguma camomila e mentolado. O Cascade brilha primeiro, com maracujá, lavanda e framboesa, e depois o Galaxy imprime traços de compota de mamão e uvas verdes e roxas. Ótimo! Com o tempo, o aroma vai lentamente perdendo força, mas não chega a ficar desinteressante. Na boca, é equilibrada, com forte doçura inicial que conduz a um final bem amargo e oleoso, mas limpo e gostoso. Poderia ser um pouco mais seca, mas nada que realmente prejudique. O corpo é mediano para intenso, com textura em que os açúcares residuais são sentidos. O álcool está lá, aquecendo de forma interessante. No conjunto, receita interessante e acertada, que só perde pontos porque não consegue sustentar seu frescor e complexidade aromáticas até o último gole. Mas é um dos destaques nacionais no estilo, não tenha dúvida.