A Brewdog foi fundada em 2007 na Escócia e desde então vem trazendo ao mundo suas inusitadas elucubrações cervejeiras. Sua produção é artesanal com rótulos dos mais diversos estilos. Uma coisa que me agrada na Brewdog é a postura irreverente (por vezes até mesmo vulgar) que perpassa o conceito de suas cervejas. A Punk IPA, por exemplo, se define como uma bebida "anárquica" e manda o consumidor "dar o dedo do meio" para as outras IPA's. Mais "punk" do que isso, impossível. Em sua receita temos os maltes "Marris Otter" e "Extra Pale Malt", temperados com lúpulos "Chinook", "Simcoe", "Ahtanum" e "Nelson Sauvin" - além de outros que são segredos da casa.
Líquido de coloração dourada com sutil turbidez. O colarinho é farto e esbranquiçado, de longa duração.
Mas o espetáculo dessa cerveja começa mesmo no nariz. Extremamente aromática, ela cativa pelo perfil lupulado e frutado, desdobrando-se em nuances que remetem ao maracujá, kiwi e lichia. O malte surge levemente caramelizado em segundo plano, imiscuindo-se a notas cítricas e herbáceas com um toque de leveduras. Fantástico!
Ao primeiro gole é notável o impacto causado pelo intenso amargor (45 IBU's), não nos deixando esquecer que estamos diante uma IPA de respeito. Conforme se vai bebendo, esta sensação amarga unidimensional abre espaço para outras camadas de sabor , onde se encontra o malte bastante limpo e levemente adocicado. Mais uma vez o maracujá aparece, insinuando-se no centro de maneira camaleônica, ora mais adstringente, ora adocicado, porém sempre bem embalado em vigorosas ondas amargas. O final é praticamente seco, frutado e resinoso. Retrogosto amargo e herbáceo, com agradável "sensação verde" de grama e capim.
Tanta elegância e harmonia nos faz questionar o nome desta cerveja. Bem enquadrada no perfil contemporâneo do estilo, de punk ela não tem nada. Para quem não tem medo de lúpulo, certamente uma ótima pedida.
