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Detalhe da Avaliação

4.7 22
Estados Unidos
Brejas
Brejas
01 de Maio de 2010 31428
Avaliação Geral
 
4.9
Aroma
 
10/10
Aparência
 
4/5
Sabor
 
20/20
Sensação
 
5/5
Conjunto
 
10/10
Que pancada! Densa, sensual e absolutamente envolvente, esta extraordinária imperial stout apresenta um imenso perfil adocicado de maltes torrados incrivelmente amaciados pela maturação em barris de carvalho, anteriormente empregados na produção de bourbon. Não bastassem os já notáveis efeitos desse envelhecimento no barril, a garrafa que bebi, generosamente oferecida pelo confrade Jon, ainda tinha mais 2 aninhos de guarda para arredondá-la ainda mais. Sua cor é um bonito e hipnótico preto brilhante, sem nada de translucidez, com um creme marrom escuro de pouca persistência - pudera, com o teor alcoólico de 13%! É muito difícil exprimir em palavras a impressão causada pelo aroma e pelo sabor desta cerveja - ela serviu para me lembrar de que, por mais cervejas que já tenhamos bebido, sempre é possível ainda se impressionar com algo desse maravilhoso universo de maltes, lúpulos e leveduras. Confesso: deixei-me impressionar e seduzir por esta stout, da qual virei louco e sôfrego amante pelo tempo lamentavelmente curto em que ela durou em meu copo. Predomina a poderosa torrefação dos maltes, remetendo a sobremesas pecaminosamente doces e tostadas, com notas impressionantemente vívidas de cocada preta e coco queimado acompanhadas de uma presença de chocolates e café em lânguida harmonia. A maturação em carvalho lhe confere toques evidentes de baunilha que amparam e amaciam toda esta força torrada e lhe dão um toque acetinado. O casamento é perfeito; a torrefação e o abaunilhado interagem magicamente para criar um efeito muito vívido de cappuccino que persiste na boca. Um cappuccino ideal e platônico, "mais real do que o real", ainda mais vívido e persistente do que a sensação de beber um cappuccino de verdade, se isso é possível. Já está bom? Mas não acabou. A longa maturação e a guarda lhe deram expressivas notas de oxidação remetendo a vinho do porto, que se aliam a uma presença esterificada de uvas passas para complementar esta cerveja com características frutadas e vinificadas, sem brigar com os demais elementos nem desviar a atenção. O lúpulo aromático, coitado (Willamette), desapareceu em meio a tamanha potência de sabores e depois de tanto tempo de maturação. O paladar é intenso e marcante, com o predomínio da forte doçura dando-lhe ares de sobremesa, mas com amargor o bastante para equilibrá-la de forma eficiente e impedi-la de ser enjoativa. Esse amargor vai se desenvolvendo com o tempo na boca, e conduz o gole a um final doce-amargo longuíssimo e inacreditavelmente vívido, com um retrogosto de cappuccino, chocolate, baunilha e cocada preta que persiste na boca por longo tempo - ou será já a lembrança desta cerveja que, de tão forte a impressão que causou, parece ainda estar na boca mesmo depois de engolida? Extremamente encorpada, grossa mesmo, ela possui uma textura viscosa e oleosa bem marcante, e os 13% de álcool são perigosamente ocultados no conjunto. Como boa amante que é, mal deixa entrever os perigos de sua sedução. A carbonatação é suave para média, ressaltando sua maciez. No conjunto, ela não exibe uma complexidade tão absurda, mas oferece uma sensação poderosa, sensual e envolvente, e seus elementos não só se mostram de forma intensa sem ser desequilibrada, como interagem de uma maneira impressionante. Depois que ela terminou, deixou em mim uma sensação mista de deslumbramento e também de saudosa decepção, por saber que não voltarei a cruzar seu caminho tão cedo - como o estado de confusão mental e embriaguez deixado por uma amante intensa que se vai sem deixar rastros. Apaixone-se - prometo controlar meus ciúmes.

Detalhes

Degustada em
11/Outubro/2010
Envasamento
Volume em ml
355 ml
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