A tripel não é o melhor dos rótulos da La Trappe. Adocicada em excesso, muitos ésteres e poucos fenóis, lúpulo pouco presente, essa trapista me deu uma sensação de pouco equilíbrio. Ainda assim, é uma cerveja de respeito. Vamos a ela:
No copo, apresentou um bonito alaranjado profundo, opaco, sob um creme branco médio, que logo se reduziu a uma fina camada perene. No aroma, nota-se o peso do frutado cítrico, que domina claramente a receita de cabo a rabo: damasco, maçãs, laranja e leve banana, além de uma doçura que lembrou mel e do álcool evidente. O sabor segue o aroma, trazendo uma sensação muito vívida de maçãs, laranja, damascos secos e uma sugestão de banana, adicionando ainda uma nota condimentada lembrando canela. O álcool se faz notar, mas está bem inserido e não chega a prejudicar, na minha opinião. A doçura é um pouco excessiva, prejudicando o equilíbrio e o conjunto. O final, que poderia ser mais caprichado, é médio e traz um leve frutado e álcool. A textura é encorpada (e melhora com o tempo), mas a alta carbonatação não ajuda. Conjunto de baixa complexidade e paladar marcante, doce um pouco além da conta para mim. É uma cerveja fácil de beber (como ressaltou o colega Michel), apesar de sua intensidade, mas diante do preço e dos demais bons rótulos da La Trappe, essa não seria a minha primeira indicação.