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PARA ESPECULAR: futuro das cervejas de alto valor

Criado por Filipe Nascimento no tópico PARA ESPECULAR: futuro das cervejas de alto valor

Vendo as últimas discussões do fórum, fiquei pensando sobre o mercado cervejeiro do Brasil. Vcs já pararam para refletir no rumo que esse nicho de cervejas de alto valor está tomando? Já especularam como vai ficar o futuro com todas as mudanças de mercado que estão acontecendo aqui? Acabei parando e refletindo sobre isso e achei bacana levantar essa bola aqui para ver o que vcs acham.

Para começar, tudo isso é só uma opinião. Não trabalho neste mercado para dar uma de Mãe Dinah...rsrs...

Pensei no que considero os 3 principais "players" desse nicho cervejeiro: as macrocervejarias, as cervejarias artesanais e independentes e as importadoras.

MACROCERVEJARIAS: sem dúvida a fusão da AmBev com a Interbrew ajudou bastante na popularização da cultura de cervejas de alto valor aqui no Brasil, já que cervejas como Hoegaarden, Franziskaner e Leffe agora tem boa distribuição nacional (tanto em gôndolas de mercados quanto em bares e restaurantes) e preços mais adequados ao padrão brasileiro. Schincariol, olhando para frente e vendo o aumento desse mercado, começou a montar também sua carteira de produtos de cerveja premium, a partir de aquisições de cervejarias artesanais nacionais (Eisenbah, Devassa, etc.). Com isso, a Schin massificou marcas que tinham conhecimento apenas no nicho e mto regionalizadas, distribuindo essas cervejas nacionalmente e dando capilaridade aos produtos.

Na minha opinião, ImBev e Schincariol vão acabar aumentando muito a base de consumidores de cervejas de alto valor. Não acho que demore muito para que uma boa parte dos Brahmeiros comecem a ver a cerveja como algo tão diversificado e interessante quanto o vinho, por exemplo. Potencial sempre existiu e só faltava uam grande emrpesa resolver investir nisso. Aconteceu.

CERVEJARIAS ARTESANAIS: quando um mercado cresce, aumenta a base de consumidores. Aumentando a base consumidores, todos os players, em todos os níveis, ganham. Isso inclui as cervejarias artesanais independentes (ou seja, sem vínculo a uma macrocervejaria). Acho que o número de artesanais vão aumentar sensivelmente e, pela competição, vão ter como estratégia atuar localmente, para ter um ganho logístico e chegar ao consumidor a um preço competitivo. Sem falar no apelo regional, que sempre funciona. Cervejarias artesanais que façam algum tipo de produto diferenciado e inovador, como a Colorado, fatalmente vão acabar sendo adquiridas por macrocervejarias.

IMPORTADORAS: importadores sobrevivem hoje de títulos consagrados que não existem presença dos fabricantes aqui (Guinness, Chimay, Wexford, Coopers, etc.). Como informação é algo globalizado, sempre haverá demanda para essas cervejas. Porém, com o crescimento das artesanais, opções similares e muito mais baratas irão fazer com que consumidores migrem para as opções nacionais, devido à diferença significativa de preço. ATENÇÃO: não estou dizendo que uma artesanal vai substituir uma Guinness ou uma Wexford. Mas a diferença de preço, aliada a similaridade da artesanal, faz com que se consuma cada vez mais o similiar. Cabe lembrar que quem gosta de uma cerveja específica está disposto a pagar mais caro por ela, mas não quer dizer que esse público não seja sensível a preço. Pode ser bem MENOS sensível, mas ainda assim existe um limite de tolerância. Como importadoras querem apenas explorar a demanda do mercado ao invés de desenvolve-la, importar cerveja vai começar a ser um negócio não tão atrativo como é hoje. Vejo então dois caminhos: 1) importadores vão reduzir a sua margem extremamente abusiva para conseguir se adequar ao ambiente mais competitivo; 2) muitos importadores vão abandonar o mercado e haverá escassez de alguns títulos (coisa que já acontece hj com a Guinness em lata).

Enfim...essa é minha opinião. É só um achismo, por isso, podem criticar a vontade...rsrs


Abraços
14 anos 5 meses atrás #3488

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Respondido por Renato . no tópico Re: PARA ESPECULAR: futuro das cervejas de alto valor

Uma boa especulação Filipe

como tb não sou do ramo de finanças contabilidade nem nada ligado a mercado, tenho a visão de consumidor.
Creio que nesse mercado todos tenham sua fatia, logicamnte umas maiores que as outras.

Creio que ambev não se interessa em investir no mercado nacional, mas como naum quer ficar de fora desse mercado, resolveu investir na parceria aumentando a importação e lançando preços competitivos.

A micro nacionais, cada vez mais tendem a surgir, mas o mercado que recebe bem isso ainda eh pequeno, em crecimento, mas ainda pequeno. Para nós que jah estamos no meio, eh uma coisa boa, ver que temos produtos nacionais em pé de igualdade com os do exterior, mas a cultura cervejeira brasileira ainda eh muito brahmeira, e com o governo não ajudando muito, tem que se ter conciencia que os preços podem não ser o s mais competitivos.

Já no setor das importadas, realemnte ficamos nas mãos dos importodores, somado com os preços abusivos de tachas de importações, o que torna o preço pouco acessivel. Tirando o caso da parceria da ambev. Realmente teremos marcas sumindo da prateleira, a unibrou eh um exemplo, a guinnes aqui em campians jah se acha em varios lugares, mas eh um risco que podemos corer.

Resumindo, o mercado esta em franco crecimeto, tanto de produção quanto de procura, mas o nosso governo esta longe de ser companheiro nesses casos, o rumo que isso vai levar, eh uma incognita, mas eu esotu disposto a pagar mais por um produto com mais qualidade.
14 anos 5 meses atrás #3506

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Respondido por Alexandre Almeida Marcussi no tópico Re:PARA ESPECULAR: futuro das cervejas de alto valor

Filipe, acho as suas especulações lúcidas. Se alguma dessas coisas vai acontecer, eu não sei, mas é possível. Mas acho que o mercado norteamericano é um bom termômetro do que pode vir a acontecer aqui no Brasil na década de 2010 se a economia continuar seguindo o mesmo rumo. Vivemos um modelo econômico que tornou possível a exploração economicamente recompensadora do que os economistas chamam de "cauda longa" do mercado, isto é, produtos que possuem um pequeno público consumidor e que demandam esquemas logísticos de distribuição, de venda e de marketing muito mais especializados (e normalmente possuem maior valor agregado, mas nem sempre - vide o caso da música). Ou seja, um mercado em que é viável lucrar vendendo produtos de nichos para pequenos públicos.

Acho que isso possibilita uma diversidade de produtos maior, o que inclui cervejas. Penso que há uma tendência natural de que algumas dessas brejas especiais acabem "migrando" da cauda longa para a "cabeça curta" (o grupo de mercadorias de consumo em massa) e se tornem produtos de distribuição e produção em larga escala. A aquisição da Leffe, Spaten e Hoegaarden pela AB InBev acho que é um sinal dessa tendência. O que aconteceu com a Eisenbahn e com a Baden Baden no Brasil também. Nesse movimento, é esperado que os preços caiam, tanto porque os esquemas de distribuição são em maior escala, como porque esses produtos precisam se acomodar à faixa de preços praticada nesse segmento de massa do mercado.

Mas acho que continuará havendo nichos de mercado em que novas cervejarias (ou aquelas consideradas "vanguardistas") continuarão lançando seus produtos na cauda longa. Inclusive, penso que nós, consumidores mais hardcore (isto é, consumidores dos produtos da cauda longa), serviremos mais ou menos como um termômetro ou filtro para um produto que poderá vir a passar para a "cabeça curta" do mercado. Ou seja, o mercado de nichos pode vir a se tornar um ambiente em que as cervejarias e rótulos são "testadas" em seu potencial para agradar públicos de massa e serem posteriormente introduzidas ao grande mercado.

Espero que esse movimento todo (qualquer que seja a direção que ele vá tomar) resulte em uma estabilização maior dos preços, principalmente no caso das importadas. Não dá para termos um monte de ótimas opções de cervejas nacionais e continuar pagando R$ 20-30 numa long neck belga.
ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
14 anos 5 meses atrás #3526

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Respondido por Alexandre Bamberg no tópico Re:PARA ESPECULAR: futuro das cervejas de alto valor

Excelente tópico.
Acho que estamos no caminho errado, por vários motivos. em termos de organização, tomemos como base o modelo Americano, união no setor em divulgar a cultura cervejeira antes de divulgar a sua própria marca, quanto mais gente bebe cervejas especiais maior é a chance de vc vender a sua cerveja; inovação, temos como exemplo o modelo Italiano, eles estão testando muita coisa nova e boa, tem no mínimo o dobro de microcervejarias que o Brasil, a grande maioria trazendo novidade, aqui das 100 microcervejarias que temos quantas realmente tem ouzadia em lançar um produto diferente do comercial? Quantas acreditam que um bom marketing resolve todo independente do produto?
Na outra ponta, temos os bares, restaurantes e supermercados, que em 90% dos casos dizem para as cervejarias, "ta bom eu vendo seu produto, mas o que vc vai dar pra mim?" é a regra do mercado só entra em um ponto de venda se der algo pra ele, isto, claro, ja ta embutido no custo da cerveja, deixando-a mais cara, normalmente os que fazem isto fecham depois de 2 anos, os grandes nomes que conhecemos não trabalham assim, compram nossos produtos, mas são a minoria.
Além disso, temos a burocracia, não consegui lançar nenhuma das 4 cervejas que gostaria de ter lançado este ano, mas não posso entrar em detalhes pois corro o risco de nunca mais conseguir lançar nada.
Tem também o chover no molhado, altos impostos, isto todo empresário sofre.
Por isso se não mudarmos a atitude de nós cervejeiros corremos o risco de daqui a 10 anos não existirmos mais. Devemos usar como exemplo os modelos Americano e Italiano, e mais próximo de nós temos o excelente trabalho que as vinículas do Sul fizeram.
Pode ser que eu tenha sido pessimista, mas a realidade nossa é vendemos um produto muito caro e a cervejaria não tem lucro com ele, algo ta errado, quem ta ganhando este dinheiro?
Espero que não tenha falado demais e falado besteira.
14 anos 5 meses atrás #3534

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Respondido por Mauro Renzi Ferreira no tópico Re:PARA ESPECULAR: futuro das cervejas de alto valor

Magina Alexandre, falou com propriedade. Meu pai já foi empresário (de outro setor, mas foi) e eu entendo um pouco daquilo que você está dizendo. Pois é, quem está lucrando com a "sua" cerveja, se não é você? Interessante que muitos bares (os honestos, claro) também reclamam que obtém poucos lucros, portanto, esse dinheiro só pode estar sobrando nas mãos de outras pessoas... Quem seriam?
14 anos 5 meses atrás #3538

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