Finalmente a descoberta do pré-sal começa a dar seus frutos! Encarnada em "ouro negro", a queridinha da vez é esta beleza produzida pela cervejaria Wäls de Minas Gerais em parceria com os cervejeiros de panela da DUM, de Curitiba.
O resultado dessa união cativa já à primeira vista. Acondicionada em uma bela garrafa rolhada, de aspecto austero e elegante, a Wäls Petroleum flerta com quem a observa e timidamente exibe o seu líquido escuro através do vidro esverdeado.
Servida na temperatura correta (entre 13 a 15°C), no copo temos um líquido negro que impede a passagem de qualquer pincel de luz. Opaca e carregada de sedimentos, forma um creme muitíssimo abundante de coloração marrom escuro, com bolhas grandes e baixa persistência.
No aroma, doses descabidas de torrefação tomam o primeiro plano. Em seguida, nuances de lúpulo, cacau e álcool se evidenciam e se complementam com toques que remetem a lenha e pão queimados.
Logo ao primeiro gole impressiona o corpo pesado, denso e viscoso que de cara impõe respeito e inspira cautela aos paladares mais incautos. Custa-se um pouco a se acostumar com sensações tão intensas que desafiam o lugar comum das cervejas. Passada esta primeira etapa, fica mais fácil apreciá-la e dialogar com os seus sabores.O malte extremamente torrado somado a doses generosas de lúpulo reforçam o amargor que sobrepuja o dulçor sem nenhuma piedade. Ao fundo, notas de chocolate amargo e café se insinuam com sutileza, enriquecendo e temperando o conjunto cuja harmonia não deixa transparecer o alto teor etílico (12%) que turbina as entranhas e sacode o fígado. A carbonatação é moderada. O final é levemente azedo e looooongooo e se extendendo até a terceira geração e produzindo um retrogosto absurdamente torrado e amargo muito persistente.
O mais próximo que você chegará de beber um óleo de motor está aqui. Uma cerveja radical, inspirada e cheia de personalidade. Indicada para aventureiros, fortes de coração e perseguidores de tórridas emoções.
Como já dizia Getúlio Vargas - definitivamente - "o petróleo é nosso".