Mais um fruto da elucubração dos mestres da Way (micro-cervejaria localizada na cidade de Pinhais, perto de Curitiba - PR), a "Belgian Dark Roller Coaster IPA" chega ao mercado com a proposta de fundir o tradicional estilo belga "dark strong ale" com o não menos notório "american india pale ale". Vale lembrar que este tipo de combinação não é exatamente algo inédito no universo cervejeiro, mas isso não tira o mérito da Way - muito pelo contrário - a valoriza como uma das principais expoentes da "revolução cervejeira" que se espalha Brasil afora. A irreverência, aliás, é uma marca do espírito da Way, aparecendo aqui na própria descrição impressa no rótulo: "chutamos o balde e largamos o monge trapista nas mais loucas montanhas-russas americanas". Vamos à degustação!
Líquido castanho escuro, virtualmente negro e opaco. Creme bege e denso com alta formação e longa duração, deixando marcas na taça.
No nariz, suaves notas de malte levemente tostado e defumado, acompanhadas por ésteres frutados que lembram um pouco laranjas mofadas e ameixas podres. Este traço "azedo" que pode soar desagradável é na verdade bastante positivo levando em conta o conjunto aromático. Uma espécie de fedorzinho gostoso, se é que me entendem.
Com bom corpo, textura aveludada e média carbonatação, ela se revela predominantemente seca. O suave adocicado dos maltes é percebido em segundo plano, mas não se destaca em meio ao sabor moderadamente torrado e amargo que domina o palato. Certa sugestão de uvas estragadas com ligeira acidez aparecem no final seco e condimentado. O retrogosto é significativamente amargo, apesar de pouco persistente.
Boa cerveja, porém não causa o impacto desejado quanto uma boa IPA ou "Belgian Dark Strong Ale" causariam isoladamente. Pelo preço que se paga aqui por 310 ml de cerveja, eu optaria por outro rótulo.