Estava eu andando por um dos pavilhões do Festival Brasileiro da Cerveja, edição 2015, quando me deparei com uma cena que considerei inusitada: no meio de tantos 'stands' repletos de 'Barrel Aged', 'Sour Ales', 'Brett IPA's' e outros estilos mirabolantes, eis que um deles oferecia... uma Malzbier! - um dos estilos mais desprezados no meio especializado. E foi exatamente isso que me chamou a atenção. "Por que uma cervejaria artesanal faria uma Malzbier"?
Na busca dessa resposta comprei um exemplar e fui atrás da história, que você poderá ler a seguir.
Instalada no município de Timbó, Santa Catarina, a "Borck" é uma das pioneiras na ascensão do movimento artesanal cervejeiro dos últimos 20 anos. Tudo começou em 1995 quando seu fundador, Brunhard Borck, saiu do Banco do Brasil disposto a abrir um negócio. Provido de informações do Sebrae sobre como montar uma microcervejaria, ele partiu para Europa onde conheceu fábricas na Itália, Alemanha e Hungria. Numa época em que tudo relacionado a produção de cerveja era difícil, foi lá mesmo na Hungria que ele encontrou não só os equipamentos necessários como também o mestre cervejeiro, Zoltan Yhaz.
A inauguração da cervejaria Borck se deu em 1996 e o começo não foi fácil. O paladar brasileiro ainda não estava preparado para o sabor das cervejas de alta fermentação que produziam. Consequentemente, aceitação do público em geral foi baixa. Assim, para que o negócio não afundasse, tornou-se necessário adaptar as receitas para estilos que o povo estava habituado, como um chope tipo 'Pilsen' e, mais tarde, uma 'Malzbier'.
Hoje a cervejaria conta com 4 estilos (Pilsen, Malzbier, Weizenbier e Red Ale) os quais distribui na maior parte em forma de chope por toda a região.
Apesar da descrição no site afirmar se tratar de uma receita "puro malte", o rótulo aponta o uso de cereais não maltados e carboidratos. Uma incongruência de informações que precisa ser corrigida na página. A receita também inclui corante caramelo.
Líquido castanho escuro; no copo forma espuma bege clara de média formação e baixa retenção.
Aroma suave de malte salpicado por notas artificiais de caramelo com intensa presença de 'DMS' e forte pegada de milho cozido. Complicado.
Na boca mostra corpo baixo-médio de carbonatação intermediária. Essencialmente doce, seu paladar vem saturado por essência artificial de caramelo e xarope de milho. A percepção de lúpulo é mínima. O final segue assombrado pelo incômodo 'DMS' - dessa vez em forma de repolho cozido - resultando numa cerveja cheia de arestas de 'drinkability' comprometida.
Juro que minha intenção era a de - finalmente - encontrar qualidades numa 'Malzbier'. Não foi o que aconteceu. Tal como tantas outras que temos no mercado, a versão artesanal da Borck é apenas mais do mesmo. Que pena.
Realmente inusitado ele AINDA produzir Malzbier, visto que é praticamente um xarope de caramelo com raríssimos lúpulos. Legal vc ter postado isso aqui!
Porrammm! Se ainda vende o cara tem mais que produzir mesmo!
Eu até hoje não conheci ninguém que curta Malz, apenas uma que "tolera", mas não curte.
:)
O pior é que, pelo que me informei, esse chope ainda vende pra burro. Daí eles continuarem produzindo.
Eu até hoje não conheci ninguém que curta Malz, apenas uma que "tolera", mas não curte.
:)